terça-feira, 7 de abril de 2015

UN NAVEGANTE ATREVIDO SALIÓ DE PALOS UN DIA...


TÊMPERA

São três cascas de nozes
que o vento empurra,
as ondas carregam.

Quem vai a bordo
apostou seu sonho
contra todos os medos.

Perdido no mundo,
foi perder-se de vez
ou descobrir novo mundo.


No semblante, só certezas.
No íntimo, só dúvidas.
Que terrível solidão!

Ouvirá gritarem

um dia “terra à vista”?

Pisará chão firme

outra vez nesta vida?

Será água seu caixão,

espuma sua mortalha?

Atingirá o objetivo
antes da completa loucura?


De todos o mais inteiro,
de todos o mais dividido:
Cristóvão Colombo.

Que riquezas e glórias

o levam a perseverar,
indo ao inferno, e além?

Provar sua convicção?

Conquistar um reinado?
Ter o nome na História?

Nada vê além do azul,
nada ouve além das ondas,
nada sente além do frio.

(e no entanto, já poderia avistar

ao longe, muito ao longe, as aves)

(e no entanto, mais feliz

está agora com suas esperanças)

(e no entanto, a benção

poderá revelar-se maldição)

(e no entanto, jamais, jamais

reconheceremos o que fez por nós)
.
Filme completo: a saga de Colombo na visão de Ridley Scott

3 comentários:

Eduardo Rodrigues Vianna disse...

Que belo poema.

celsolungaretti disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
celsolungaretti disse...

Obrigado, Eduardo.

Foi uma reação minha ao desprezo da companheirada pelo Colombo quando da comemoração dos 500 anos de sua viagem.

Era cabível colocar em questão se ele descobriu a América ou veio assenhorar-se dele em nome dos europeus, que a estariam usurpando dos legítimos donos, etc. e tal.

Mas, o caráter dramático e épico da empreitada jamais deveria ser minimizado.

Assim como podemos considerar que foi melhor para a humanidade que Roma não fosse conquistada por Cartago, mas isto em nada diminui os méritos de Anibal Barca como comandante militar.

Abs.

Related Posts with Thumbnails