Tudo perdoado? Não é bem assim. A burrice não tem perdão!
Fico pasmo com a insensibilidade política dos jihadistas. Com uma pueril e sanguinária demonstração de força em 2001, forneceram pretexto para que as nações mais poderosas do mundo desencadeassem uma guerra ao terror no curso da qual direitos humanos foram estuprados como nunca e pacíficos cidadãos de origem árabe perseguidos como nunca.
Quando o pesadelo parecia findo, nova demonstração de força pueril e sanguinária provoca repúdio universal e gigantescas manifestações de rua na França, além de fazer um pouco conhecido semanário satírico, monoglota e com tiragem de 60 mil exemplares, saltar para 17 idiomas e 3 milhões, respectivamente. Mágica besta está aí.
Isto, no momento seguinte. O que virá depois? Uma nova guerra ao terror, mais uma temporada de perseguições aos árabes e truculento desrespeito aos seus direitos humanos e civis, outro ascenso da extrema-direita. O óbvio, enfim. Só os estúpidos kamikazes e seus estúpidos mentores ignoravam como o filme acabaria.
Por quê eles insistem tanto em dar tiros no pé? Simplesmente porque, para os fanáticos asnáticos, ainda não caiu a ficha de que o principal sustentáculo do capitalismo hoje não são mais os efetivos militares, mas sim sua indústria cultural, que faz a cabeça dos videotas em escala planetária.
É ela que ganha a guerra psicológica, antes mesmo da guerra propriamente dita começar. Com a opinião pública esmagadoramente favorável à repressão, o mil vezes superior poderio militar das nações desenvolvidas pode ser utilizado sem freios. Dá-lhes massacres! Dá-lhes torturas! Aí não há mais luta, tão somente um brutamontes esmurrando um saco de pancadas, ou uma turba destroçando um Judas de sábado de aleluia.
E que faz parte da esquerda, após passar séculos denunciando, com inteira razão, que as religiões cumprem papel conservador na sociedade, tangendo os explorados e oprimidos para o conformismo? Simplesmente se põe a zelar pelos fios da barba dos profetas, defendendo a patética posição de que laicos não devem fazer humor com figuras de proa religiosas.
Parece esquecer que, no capítulo das Garantias e Direitos Fundamentais, nossa Constituição estabelece que "ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei" e "é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação".
A via civilizada é revistas fazerem as charges que quiserem das figuras históricas que quiserem, mesmo os ditos profetas, com as pessoas que se considerarem ofendidas em sua religiosidade queixando-se nos tribunais. Mas, uma nova categoria de esquerdistas, a dos religiosamente corretos, quer impor-nos a autocensura. Negativo. Nem mesmo durante a ditadura militar aceitamos encabrestarmo-nos por iniciativa própria, não será agora que começaremos!
Profeticamente, um dos grandes inspiradores do nascimento da esquerda, o ferino Voltaire, dizia:
"Os filósofos sempre foram perseguidos por fanáticos. Será possível, no entanto, que os homens de letras se imiscuam também e eles próprios aticem contra os seus confrades as armas com que todos são trespassados, uns após outros?"
O pior é que tais desnorteados de esquerda fizeram questão de atrelarem-se a uma acachapante derrota política, angariando o desprezo das pessoas equilibradas, que jamais aceitarão as tentativas de justificar ou relativizar o bestial assassinato de civis inofensivos, inclusive um cartunista octogenário.
Dá vontade de chorar.
3 comentários:
ô Celso...acha mesmo que os jihadistas não sabem o que estão fazendo quando, com suas ações tresloucadas, atraem a perseguição e truculência do "ocidente" para a parte ainda pacifica do Islam.????
É obvio que essa é forma mais eficaz de atrair novos contingentes pra suas fileiras, entre aqueles que não tinham maiores motivos para se revoltar e passam a ter ao se verem tratados como terroristas, que não eram mas que virão a ser.
Apenas uma coisa que precisa ser esclarecida em seu texto (e eu só comecei a lê-lo): será que o 11 de setembro de 2011 foi, realmente, causado por muçulmanos fanáticos, a Alcaida etc? Há controvérsias... Tem muita gente defendendo (e não são os famosos da "Teoria da Conspiração na Web"), e afirmam, que a própria Cia, o governo norte-americano, por exemplo, ou coisa pior (nem nos filmes de hollywood)tenham provocado aquele caos social para provocar indignação do povo (manipulado) norte-americano contra a cultura árabe, muçulmana do Islã etc. Não sou árabe, descendente ou defendo o Alcorão. Mas não podemos fazer afirmativas, reforçar essa onda de propaganda "Tio Sam' que nós, latinos, conhecemos tão bem: "Política de Boa Vizinhança ou Good Neighbor Policy, "Zé Carioca", o Orson Welles vindo aqui "todo interessado nos brasileiros, samba carnaval", bah, me engana que eu gosto!
Uma coisa que eu nunca vi, em minha longa vida, é um agrupamento qualquer ser inculpado por uma carnificina que não promoveu e, ainda assim, ficar quieto.
Se fosse provocação, a Al Qaeda a teria denunciado. Com a internet, seria facílimo apresentar ao mundo uma versão alternativa.
Como não o fez, e levando-se em conta todas as atrocidades que já cometera, só podemos concluir que a paternidade da carnificina é mesmo da Al Qaeda.
O que pode mesmo ter acontecido é a espionagem ocidental ter tomado conhecimento do plano e deixado acontecer, exatamente como o ataque a Pearl Harbor.
Se houvesse algo além disto, jornalistas investigativos já teriam desmascarado. Empenho não falta: algo assim transformaria qualquer um em celebridade da imprensa. Mas, o que temos por enquanto são suspeitas, suposições e conjeturas.
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