sábado, 13 de setembro de 2014

SEMANA QUENTE TAMBÉM NA POLÍTICA: O DELATOR DEPORÁ 4ª FEIRA NA CPI.

O ministro Teori Zavascki, do STF, reconheceu o direito da CPI da Petrobras de chamar para depor o delator premiado Paulo Roberto Costa, o que deverá ocorrer na sessão da próxima 4ª feira, 17. Segundo ele, a convocação é "prerrogativa constitucional" das comissões parlamentares de inquérito e "independe de prévia autorização judicial", não cabendo ao STF "nenhuma providência especial". 

Com isto, deverá esvair-se parte do fôlego que a campanha de Dilma Rousseff ganhou nos últimos dias impingindo ao público desinformado lorotas sobre bancos, herdeiras e atribuições do BC. Ficará a mancha na sua ficha, por haver assumido ela própria a tarefa de disseminar simplismos, falsidades e tendenciosidades, ao invés de deixar a inglória missão para os blogueiros amestrados.

E, claro, o PIG dará o troco atirando nas costas de Dilma, tanto quanto possível, as responsabilidades pelo propinoduto da Petrobrás. No período abarcado pela denúncia, faria mais sentido inculpar o Lula, mas hoje não é ele o alvo preferencial. E la nave va... 

Deploro que a campanha continue transcorrendo como uma batalha de tortas de lama, com as intenções de votos sendo movidas pelo que se vai trombeteando de (real ou supostamente) negativo sobre os principais candidatos. Parece até uma conspiração para estimular o voto nulo.

No essencial, só por milagre, a esta altura do campeonato, Dilma evitará o 2º turno. E, havendo 2º turno, só por milagre ela vai conseguir prevalecer sobre uma Marina Silva que disporá então de tempo idêntico no horário eleitoral, além de contar com o apoio de quase todos que são contrários ao PT (uma legião!). 

De quebra, há que se considerar o desgaste inerente ao exercício prolongado do poder e o mau momento da economia.

O vaivém das pesquisas hipnotiza os leigos, mas o jogo parece já estar decidido. Poderia ter virado caso o Lula houvesse entrado na liça, substituindo a perdedora anunciada. O momento passou, os dados estão lançados e a esperança é que o PT faça depois uma profunda autocrítica. 

A volta às origens é a caminho que vejo para ele não repetir a melancólica trajetória dos antecessores que começaram na esquerda e foram, cada vez mais, endireitando e/ou se tornando fisiológicos, como o PTB, o PDT, o PMDB e o PSDB.

5 comentários:

Eduardo Rodrigues Vianna disse...

E como poderia o PT voltar às origens, Celso?

Seria por meio da refundação do partido? De que jeito, com que quadros atualmente no governo, rompendo com que interesses para dentro e para fora do partido, da CUT, do MST, das mil e uma ONGs, das estruturas de um modo geral?

Não vejo nenhuma possibilidade disso, a menos que eles perdessem as eleições. Nesse caso, seriam forçados a fazer um balanço nada simples de se fazer, de maneira que uma parte da base rompesse, e partisse para um esforço de reconstrução muito improvável, mantendo o nome PT. Seria, de certa forma, algo semelhante àquilo que os militantes do atual PCB conseguiram estabelecer contra Roberto Freire e Arouca em 1992, retomando o nome do PCB, e partindo para a reconstrução, que dura até hoje.

E com que petistas tal coisa se realizaria? Com aqueles que recebem de braços abertos os novos amigos Edir Macedo, Collor, Maluf, ainda que não apitem nada no partido, sendo, quando muito, apenas filiados? Com isto que se tornou a consciência comum dos petistas? Com os tais "blogueiros de esquerda" e seus desserviços tão grandes para com a política e a cultura do país, isto é, com suas teorias da conspiração e satanizações tão toscas e tolas, e movidos a dinheiro, como tudo no PT? Os "blogeuiros de esquerda" são mesmo um espanto, tão hábeis em fomentar a legião de fanáticos da qual vivem, e tão estéreis quanto a qualquer séria iniciativa de politização do povo, como vimos em junho de 2013.

E, o principal: o renascimento do PT ocorreria sob que programa? A questão do programa seria a mais importante, porque, se o PT degenerou como degenerou, é porque sempre teve um programa fraco.

Tenho para mim que o caminho para a esquerda no Brasil será o da sua reconstrução/recomposição de um modo mais amplo do ponto de vista conceitual, muito mais problemático, e mais demorado, ali na rua, conforme tenhamos crise econômica — e não estou nem por um momento assumindo a linha do "quanto pior, melhor". Enfim, penso que será sem o PT, sem nem mesmo a sombra do PT.

celsolungaretti disse...

Evidentemente, estou dando como favas contadas que o PT perderá a eleição, pelos motivos que coloquei no artigo: é um partido que já chegou ao fim do caminho que se propôs trilhar -o de apenas obter algumas pequenas melhoras para os explorados nos marcos da dominação capitalista- e tem contra si, cada vez mais, o eleitorado dos grandes centros urbanos.

Repete a trajetória dos partidos que eram de esquerda e deixaram aos poucos de ser: sobrevive apenas à custa da máquina política e do voto despolitizado, mendicante, de pequenos e médios municípios.

Então, depois da derrota que deverá sofrer agora, vai ter a possibilidade de refletir sobre se é isto mesmo que quer ou se vai voltar a ser um partido anticapitalista, buscando sustentação na militância idealista e não em carreiristas que só querem saber de suas boquinhas.

Ainda dá para corrigir o rumo e tentar recuperar a sua identidade. Em 2018 não dará mais, aí já terá se condenado à decadência.

Eduardo Rodrigues Vianna disse...

Ontem, chegando em casa, encontrei um daqueles incontáveis folhetinhos de publicidade espetados no meu portão, tão abundantes nas eleições e fora das eleições — um extraterrestre investigando este orbe diria que temos um gosto doentio por jogar fora celulose, dinheiro, energia elétrica e tinta/pigmentos para impressão.

E não sabia se ria ou se me chateava ao ver um velho conhecido meu, por quem nunca chegaria a dar cinco tostões de qualquer maneira, ex-dirigente do PT, sindicalista de muitos anos, alegremente figurando num folheto de muitas cores do PRTB, aquele do aerotrem, da musiquinha e dos bigodes pintados do Levy Fidélix. Olhei, e pensei que, fosse como fosse, não havia nenhuma diferença relativa a esse fulano, oriundo do PT "histórico", num partido ou no outro, ou entre os dois partidos logo duma vez, pelo menos em nível local, ou regional.

Acredito que possa haver ruptura no PT se eles perderem as eleições, mas não uma volta às origens. Para voltar às origens, a CUT deveria se afastar para sempre da CIOSL, aquela mesma que apoiou os EUA nas guerras do Vietnã, da Iugoslávia e do Iraque, o MST teria de abrir o jogo e fazer uma severa, pesada autocrítica sobre os muitíssimos e muitíssimmos milhões que recebeu dos companheiros no governo ao longo de doze anos (eu fico me perguntando aonde terá ido isso esse dinheiro), o grosso da máquina sindical do PT teria de pedir perdão e devolver tudo o que roubaram durante tanto tempo nos sindicatos, porque esses caras são mesmo ladrões e haveria muito o que dizer a respeito, e por aí vai.

Então, ruptura no PT é é possível, rumo a qualquer outra coisa que não é o PT. Quanto à decadência total, a mim me parece claro que já está dada há alguns anos. E quero mais é que se arrebente, ou existe o que se salvar ali?

Anônimo disse...

Os stalinistas estão defenestrando os trotskistas. O Eduardo Guimarães retirou o link para o teu blog da sua lista.

Quando te vejo pedindo para o PT retomar a falsa santidade do passado fico na dúvida: é sarcasmo ou ingenuidade.

Os esquemas de corrupção são apenas as versões modernas das antigas apropriações para a causa revolucionária. Caso contrário como obter recursos para bancar o Foro de São Paulo e os ditos movimentos sociais? Isso custa caro e são necessários para o progresso do socialismo.

celsolungaretti disse...

Rebolla,

as expropriações eram perfeitamente justificáveis no curso da resistência contra uma ditadura.

Já a corrupção jamais foi justificável do ponto de vista dos revolucionários. Em muitos momentos conseguimos tocar nossas lutas com as contribuições dos que nos eram solidários e com a receita de shows, venda de livros, etc.

O Eduardo Guimarães não gosta mais de mim? Ou nunca gostou, mas agora não se preocupa mais em salvar as aparências?

Eu também não gosto de quem aparece em fotos paparicando o Lewandowski. Não consigo esquecer que ele foi um dos piores perseguidores do Cesare Battisti, seguindo os passos do Gilmar Mendes e do Cezar Peluso.

Pior: em todas as suas arengas, o Lewandowski deixava transparecer seu ódio pelos combatentes da luta armada, seja na Europa ou no Brasil.

É bem o tipo de indivíduo com quem os petistas hoje se dão. Eles se merecem.

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