segunda-feira, 22 de setembro de 2014

AVISO AOS NAVEGANTES: O TIRO PODE SAIR PELA CULATRA!

Há uma espécie de colaboração informal, de bastidores, das campanhas de Dilma Rousseff e Aécio Neves, no sentido de derrubarem a de Marina Silva com a mais sórdida campanha de difamações, calúnias e mentiras que o Brasil presencia desde a redemocratização.

Renovo o alerta que lancei desde o início: por mais que, em seu desespero para manter as benesses do poder, os petistas movam uma guerra de extermínio contra a candidata do PSB, continuam sendo duas forças pertencentes ao CAMPO DA ESQUERDA, que jamais deveriam digladiar-se assim.

Antigamente, quando a política  se fazia com mais desprendimento revolucionário e menos espírito interesseiro, as forças de esquerda, ao se confrontarem na disputa por seus objetivos, o faziam como ADVERSÁRIAS, enquanto combatiam as que expressavam o capitalismo e a ditadura como INIMIGAS.

Agora, o PT chega ao cúmulo de repetir e trombetear as acusações que o PSDB faz a Marina, num conluio imoral com o INIMIGO DE CLASSE

Aécio está certíssimo nos seus cálculos, terá grandes chances de ser eleito se conseguir desalojar Marina e for para o 2º turno.

Dilma e o PT estão erradíssimos, não percebem que o desgaste de 12 anos no poder é tamanho, e os escândalos a serem explorados tantos, que a grande imprensa pode, sim, conduzir os tucanos à vitória em 26 de outubro.

Então, por medo de quem tem o mesmo DNA do petismo e é, indiscutivelmente, uma liderança popular, estão se arriscando a abrirem as portas para o retrocesso, com a volta dos tucanos ao governo.

Que chocante transição negativa, a de "sem medo de ser feliz" para "tenha medo do meu rival", a do discurso da esperança para as campanhas do medo e do ódio!

Sei que continuarei sendo uma voz a clamar no deserto, mas advirto agora e os chamarei à responsabilidade depois, caso este pesadelo se consume: a opção que estão fazendo é uma traição aos princípios revolucionários que todos um dia seguimos, que eu continuo seguindo até hoje e nem sei quantos mais (parecem ser bem poucos!)...

7 comentários:

Eduardo Rodrigues Vianna disse...

Querido Celsão, você aponta o PT e o PSB como pertendentes ao campo da esquerda, o que é correto. Mas que esquerda?

Mais de uma vez vi uma figura nacional a quem estimo, a Erundida, numa saia justa desgraçada para falar de sua adesão ao PSB. Ela disse ao Abujamra: "Em meu partido, o número de socialistas é extremamente baixo". Quanto ao PT, os beijos e abraços com o inimigo de classe vêm de há muito. E que patético vê-los acusando Marina de ser o novo Collor, eles mesmos pra cima pra baixo com o verdadeiro Collor. Chegasse um viajante do tempo de 2014 a, digamos, 1990, e nos contasse o que se passa hoje, a nossa primeira reação seria a de rechaçar o mentiroso. Mas, após pensarmos um pouco, seríamos levados a considerar a veracidade do seu relato. A CUT já pelagava em 1990, e não devemos nunca pôr em dúvida os desdobramentos que a pelegagem como linha política pode alcançar.

Por outro lado temos o PCB, o PSTU, o PCO e o PSOL. Tenho amigos no PSOL (amigos pessoais, alguns quase que de infância) e conhecidos nos outros partidos. Conversando com eles, tenho a certeza de que não enxergam as coisas corretamente, pelo menos segundo aquilo que a mim me pareceria correto. Os militantes desses partidos, quando vão cumprir o seu papel de "adversários" entre si, fazem-no frequentemente com cadeiradas, espancamentos, ameaças de morte, calúnias e censuras, quem militou ou milita nesse ramo da esquerda sabe que é assim. É o famoso marxismo-leninismo-umbiguismo, incapaz de construir uma plataforma eleitoral em comum, ainda que cada um deles diga que a sua própria construção como partido avança às mil maravilhas. Eles ainda estão no tempo em que o jornal do partido era a grande arma leninista, a "alma da organização" e o "instrumento principal da consciência".

As melhores pessoas DE ESQUERDA que tenho conhecido não pertencem à esquerda, é gente jovem, sem partido, que não provém de nenhuma tradição em específico e que abraça o anarquismo por comodidade em grande medida. Cometem erros grosseiros, assumem com desenvoltura postulados preconceituosos, têm a tendência extremamente irritante de ver o inimigo onde este não se encontra e etc, mas são os únicos a quem vi recentemente permanecendo, comigo, de braço dado comigo, contra a Tropa de Choque do ditador de São Paulo até o fim, na rua, enquanto outros, de bandeira vermelha em punho, fugiam como frangos, para matar-nos de vergonha e forçar-nos a explicar aos mais moços que comunista fujão é coisa que não se admite. Não é que sejam covardes: tẽm todas as condições de se portar no enfrentamento tal como se espera, mas apenas se isto for conveniente para eles.

Qualquer que seja o resultado das eleições, a realidade cultural e política do atual Brasil imporá à esquerda a sua recomposição/reconstrução. Por muitos motivos isto se iniciaria de modo favorável com a vitória de Marina, porque significaria, continuaria significando, uma afirmação das contradições do Brasil, com ênfase sobre a questão da Democraia, essa alienígena entre nós. Se formos forçados a viver a necessidade da nossa recomposição/reconstrução sob um governo Aécio, tanto pior. Até aí, as coisas sempre podem piorar.

celsolungaretti disse...

Eduardo,

um velho amigo, lá por 1975, dizia que, após os massacres, estava tentando reconstruir a esquerda com a borra que sobrou no fundo do tacho, depois que os melhores foram dizimados.

É como me sinto. Nos dias de hoje, o reformismo aguado e homeopático do PT e do PSB é a esquerda influente. A esquerda revolucionária, por enquanto, não tem influência e só conseguirá reconquistá-la, se o conseguir, nas ruas.

Mas, mesmo num quadro destes, choca-me que o PT mova uma guerra de extermínio contra o PSB, sem levar em conta que o verdadeiro inimigo é o PSDB.

Eduardo Rodrigues Vianna disse...

Rapaz, o PT deixou de ser até mesmo reformista, não é mesmo? Mas vou dizer a você e aos demais que acompanham aqui o Náufrago o que me põe em condições de considerar um renascimento de esquerda.

Existem questões globais, na atualidade, capazes de mover muita coisa, e essas questões de ordem global se manifestam no interior das sociedades.

Nós temos a questão da Democracia, finalmente a ser posta sobre a mesa de modo conceitual (e ai daquele que menosprezar a questão da Democracia), e temos um vasto assunto sobre os meios de produção nos dias de hoje: o capitalismo, em seu rol de contradições, gera riqueza por um lado, pobreza e degradação por outro, e também faz nascerem as forças produtivas capazes de promover uma associação entre os trabalhadores, para muito além do simples cooperativismo. Este é um assunto novo para nós embora Marx tenha se dedicado a ele — há quem diga que Marx SÓ tratou disso —, e poderíamos ter uma longa conversa a respeito. Por exemplo, se nos aprofundarmos na obra de Marx, veremos, de modo mais nítido hoje que em qualquer outro período, que a noção trotskista de que a humanidade só não superou o capitalismo até agora porque faltou-lhe a direção revolucionária perfeita, como se tal coisa pudesse existir, é um engano, uma tentativa muito apreciável em 1938, mas incompatível com o que temos na atualidade. O problema são as forças produtivas, sempre em meio a estruturas muitos e muitas vezes mais potentes que qualquer linha política, mesmo a mais revolucionária, e mesmo a mais bem-sucedida em termos de implementação da política. O fracasso do socialismo na Rússia, já que eu mencionei o trotskismo, não pode ser depositado sobre os ombros de Stálin, gostemos ou não gostemos do Bigodudo. As coisas são simplesmente complexas demais.

Por outro lado, a própria existência de uma cultura global, instaurada pelo capitalismo embora tal nunca tenha sido a vontade do capital, está muito a favor da recondução de todo postulado sobre todo grave problema da civilização. Esta aqui pode ser a época das maiores novidades, a época daquilo que eu vi e do que nós veremos como teria gostado de dizer Santos Dumont.

Quando aparecer uma organização de esquerda nova, novinha em folha num país tão cheio de importância como o Brasil, necessariamente um partido político, que reúna todas as condições e toda a vontade de se debruçar sobre o mundo a partir da relação entre ciência e tecnologia, cultura global, a renovação das forças produtivas e os rumos da crise estrutural da economia e da política do capital, será uma coisa tremenda. Tal partido deverá ter uma grande militância de tipo educacional, e deverá ser capaz de mobilizar uma parte do povo em torno a experimentos tecnológicos e econômicos realmente inéditos, é isto possível a partir de agora. E deverá recuperar o pensamento de Mário Pedrosa, segundo quem a pura e simples beleza, das obras de arte, do entendimento científico, da natureza, das pessoas e das coisas pode mais que qualquer programa de partido.

Tenho um modo desajeitado de abordar este conteúdo e não possuo o necessário talento para ser eu mesmo o homem que vai propor a construção de uma linha política/organização com tais características, minha modesta contribuição consiste em trabalhar sobre a obtenção de certas plataformas educacionais a serem utilizadas em larga escala noutro momento, mas é nisso aí que eu aposto.

celsolungaretti disse...

Eduardo,

sua visão é muito interessante e deve ser avaliada por todos os leitores deste blogue.

No momento, não me vejo com serenidade suficiente para aprofundar-me nesses pontos todos. Fica para qualquer dia depois do 26 de outubro.

Mas, como contribuição, recomendo a leitura destes dois textos em que tratei de temática semelhante, mas tirando conclusões diferentes:

http://naufrago-da-utopia.blogspot.com.br/2011/04/revolucao-do-seculo-21.html

http://naufrago-da-utopia.blogspot.com.br/2011/10/para-sociologo-catastrofe-ambiental.html

Eduardo Rodrigues Vianna disse...

Que bacana, Celso. Vou ler os dois textos à noite, após as atividades a que darei início neste momento. Obrigado.

CARLO PONTI disse...

Não sei se o PT está usando de difamações, se está a coisa tá funcionando, pois a candidatura da Marina está se esfarelando, principalmente nas camadas mais pobres da população. Mas acho que foi ela mesma que forneceu a munição, com aquele negócio de tirar a prioridade do Pré Sal, de flexibilizar a CLT, de tripé econômico com o superavit cheio, de rever o regime de partilha no Pré Sal, de rever a necessidade do conteúdo local, dos assessores dela falar em universidade pública paga e tals, tenho colegas trabalhadores nas mais diversas áreas que ficaram apavorados. mO povão já identificou-a como a candidata dos ricos. Por outro ainda continuo achando que é mais fácilk a Dilma derrotar o Poécio no 2o turno que a Marina.

celsolungaretti disse...

Carlos,

o que conta é o peso da máquina governamental, usada e abusada em prol da candidatura palaciana, a absurda disparidade de tempo no horário política e o uso indiscriminado da mentira, como a de que ela pretenderia mudar a CLT para anular conquista dos trabalhadores. Ninguém é estúpido a ponto de cogitar isto em época eleitoral.

Também nunca teve as intenções que lhe atribuem sobre o Pré-Sal, nem nenhuma dessas distorções que você leu e acreditou. E o povo só a verá como candidata dos ricos se a lavagem cerebral do PT funcionar. mas mentira tem perna curta.

Espero, para o bem da nossa democracia, que essas táticas nazistas e stalinistas de manipulação de massas não sejam bem sucedidas. São um tipo de virada de mesa. Quando resultam, dão pretexto a outros tipos. Todo cuidado é pouco.

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