A prisão sempre foi um acontecimento normal na vida de um revolucionário. Nunca nos envergonhamos de ser presos por tentarmos abolir a exploração do homem pelo homem. Nem deveríamos: só os melhores seres humanos assumem os riscos de empunhar tal bandeira.
O constrangedor, no caso do Zé Dirceu e do José Genoíno, é estarem prestes a cumprir penas em função de um episódio de corrupção.
Nunca concordei com a decisão de alegarem inocência, que é a mesma de quase todos os criminosos comuns. O homem das ruas imediatamente conclui que são culpados.
Deveriam ter dito a verdade: que é praticamente impossível governar o Brasil sem comprar o apoio da ralé parlamentar, seja com Pastas e cargos, seja com grana.
Deveriam ter dito a verdade: que é praticamente impossível governar o Brasil sem comprar o apoio da ralé parlamentar, seja com Pastas e cargos, seja com grana.
Que, bem vistas as coisas, era melhor fazê-lo com dinheiro do que colocando raposas para cuidarem de galinheiros. As maracutaias se multiplicariam como cogumelos.
Finalmente, deveriam ter atirado na cara das vestais do sistema que estavam sendo colocados na berlinda em função do que a grande maioria dos políticos faz e sempre fez com ultrajante impunidade. Salta aos olhos que foram utilizados dois pesos e duas medidas.
E agora, Josés?
Não adianta continuarem insistindo em que o mensalão não existiu e que os dois são angelicais. Só a militância vai acreditar.
Eu sugeriria a ambos que assumissem suas responsabilidades, tratando, em seguida, de levar ao conhecimento do povo o MAIS IMPORTANTE NISSO TUDO: o fato de jamais terem levado ou pretendido levar vantagem pessoal.
Cometeram um grave erro político, ao cederem à chantagem dos podres, incorrendo em ilicitudes para terem com que pagar a eles. Mas, não foram movidos pela ganância nem podem ser considerados os estereótipos dos corruptos, como tenta fazer crer, p. ex., a nauseabunda Veja (vide a capa abaixo).
Cometeram um grave erro político, ao cederem à chantagem dos podres, incorrendo em ilicitudes para terem com que pagar a eles. Mas, não foram movidos pela ganância nem podem ser considerados os estereótipos dos corruptos, como tenta fazer crer, p. ex., a nauseabunda Veja (vide a capa abaixo).
Disto tenho certeza. E isto os diferencia dos ratos de esgoto que buscam na política apenas um atalho para o enriquecimento pessoal.
Se conseguirem convencer o povo de que, embora hajam cometido um erro pelo qual pagarão agora um alto preço, seu objetivo final não era o de locupletarem-se, jamais tendo descido tão baixo como os políticos profissionais, salvarão algo do incêndio. Caso contrário, a burguesia e sua indústria cultural terão feito barba, cabelo e bigode de ambos.
Contando com a amadoresca ingenuidade do PT e suas redes, que tanto tentaram influir no resultado do julgamento no STF por meio de tortuosas discussões jurídicas, quando muito mais importante era o julgamento da opinião pública, que só poderia ser conquistada por argumentos políticos. Salvar a imagem da esquerda vinha na frente de salvar pessoas do presídio. Por terem esquecido que a conquista dos corações e mentes deve estar sempre em primeiro lugar, os petistas acabaram derrotados nas duas frentes.
22 comentários:
Eu não sei como anda as consultorias do Dirceu, inclusive do seu escritório de advogacia, mais olha a conta do Palacci, cresceu e muito.
Não sei se acredito nessa versão, de quem eles não se corromperam pelo dinheiro.
Um homem com a habilidade do Zé não precisaria correr tal risco, tinha como ganhar muito dinheiro sem envolver-se com um amplo esquema de corrupção.
Jamais acreditei na sua inocência. Mas, não o vejo -muito menos ao Genoíno- como capaz de algo tão vil. Tudo me leva a crer que estivesse, isto sim, querendo criar um Reich petista de mil anos... que deu com os burros n'água igualzinho ao do Hitler.
Por isso mesmo que não entro nessa de defender o Dirceu e os "mensaleiros". Como um cara tão inteligente, um dos melhores quadros que esquerda teve pós ditadura, deixou se cooptar dessa forma? Tudo em prol da governabilidade, do poder?
Até concordo com Lewandowsk quando diz, não haver provas na acusação para se condenar José Dirceu, mas dizer que ele é inocente é algo absurdo. Os argumentos dos militantes do PT para qualquer crítica ao partido é: Vc está fazendo o jogo da mídia. Concordo com o Celso Lungaretti quando diz: '"Deveriam ter dito a verdade: que é praticamente impossível governar o Brasil sem comprar o apoio da ralé parlamentar, seja com Pastas e cargos, seja com grana."
Luiz Claudio,
a discussão no front jurídico foi ampla e, no mínimo, dividida. Não vejo como um leigo possa ter tanta certeza de algo tão complexo.
Eu não me baseei no blablablá dos leguleios, mas sim no que vi e ouvi ao atuar como jornalista no Palácio dos Bandeirantes. Quem conhece o meio, dá gargalhadas quando alguém alega inocência. Se existem anjinhos na sórdida e repulsiva política oficial, são ínfimas exceções.
Mas, tudo isto é História. Acabou. Agora, o Dirceu e o Genoíno têm é de decidir os passos seguintes. Eu continuo achando que o principal seria eles convencerem o povo de que não entraram nessa roubada para levarem vantagem pessoal.
Pois a direita tudo faz para caracterizá-los como corruptos iguais aos outros.
Dirceu e Genoíno cometeram crime sim. Mas não os crimes pelos quais eles foram condenados e, finalmente, encarcerados. Durante os cinco anos, ou mais, de investigação e condenação da direita e da mídia, foram recolhidas milhares de provas. Nenhuma de que se pagou a parlamentares para votar com o governo, pelo contrário. Ficou provado (até com gráficos) que em votações polêmicas (Previdência, por exemplo) a oposição votou mais com o governo do que a sua base. O que o PT fez foi caixa 2 de campanha. O que é crime e que enseja condenações. Dirceu e Genoíno não podem nem devem abrir a boca e reconhecer que fizeram algo que não fizeram. Reconhecer que foi crime de caixa 2 Delúbio já reconheceu a muito tempo. O que a direita quer e a extrema esquerda também é um álibi para aqueles que tentam desmoralizar o PT e por conseguinte, as vitórias alcançadas pelo povo através das políticas sociais implementadas pelo PT. Não passarão.
Meu prezado companheiro,
infelizmente já passaram. E o povo não está nem aí. Tenho certeza de que, se ambos tivessem permanecido revolucionários, a sentença teria despertado reações bem diferentes.
Ninguém se solidariza pra valer aos medalhões da política oficial. Quando caem em desgraça e deixam de poder fazer favores, passam a não valer mais nada para os oportunistas que os bajulavam.
Eu acho tudo muito melancólico. Imagino como eu me sentiria se, depois de tanto tempo, tivesse de voltar para a prisão.
Já houve uma ocasião em que só o acaso me salvou, quando eu estava desempregado e na miséria, em 2004/5. Um juiz da Vara de Família decretou minha prisão, por supor que, sendo jornalista, deveria estar fazendo frilas e, portanto, ter como pagar alimentos à minha ex. Tudo na base da conjetura, pois nenhuma prova foi apresentada (eu fazia mesmo os tais frilas, mas não me rendiam nem R$ 1 mil por mês. Dividir como? Apesar dessa graninha e da ajuda solidária de alguns amigos, cheguei a estar devendo quatro meses de aluguel...).
Decidi que, se fosse preso de forma tão injusta, iniciaria imediatamente greve de fome, até que me libertasse ou até morrer. Minha situação era tão terrível naquele tempo que eu não perderia muita coisa. Então, fossem dois meses ou dois dias de cana, para mim dava no mesmo: iria enfrentar a sentença ao invés de a cumprir.
O mandado simplesmente não foi executado, ninguém me procurou. Depois, minha situação mudou e consegui uma reconsideração daquela decisão.
Enfim, falando com toda honestidade: se eu fosse o Zé preferiria acabar meus dias em qualquer república das bananas do que fornecer à Veja a foto com que sonha desde o primeiro dia, a dele clicado no momento da prisão.
Mas, claro, para proceder assim, ele precisa ter conservado algo, um mínimo que seja, dos instintos de um revolucionário. Será que sobrou um restinho? Tomara.
Caro Celso
Há revolucionários e revolucionários.
Há revolucionários, que apesar de conhecerem a seita, se abrem para ampliar o leque; há outros que vivem dentro de uma seita e não abrem espaço para mais ninguém além dos deles, e mesmo assim, eles se dividem sempre.
Sei dos muitos erros, mas prefiro errar e avançar, do que me achar certo e parar ou retroceder.
A luta é complexa.
ZD, Genoíno entre outros, tem o meu apoio.
Saudações
Meu caro Avelino,
REVOLUCIONÁRIOS, o termo é claro, só se aplica a quem ainda aposta todas as suas fichas na revolução.
Antigos revolucionários que hoje só se propõem a assegurar algumas migalhinhas a mais para os explorados, sem contestarem a continuidade da dominação capitalista, são chamados de REFORMISTAS. Contentam-se com reformas, tendo abdicado da revolução.
Se eu quisesse só isso, estaria nalguma igreja organizando a caridade para os pobres. Quero muito mais. Quero que os trabalhadores dividam fraternalmente os frutos do seu trabalho, sem terem a maior parte usurpada por parasitas.
Abs.
Caro Celso
Quem se contenta com migalhas?!
As prisões políticas já começaram.
Até onde se é revolucionário, sem ter com quem caminhar?!
Ainda entendo que é melhor ser "reformista", em direção da revolução, do que ser revolucionário, e não ter com quem apostar todas as fichas.
Mas estamos a Parsecs da Revolução. Estaríamos ainda mais distante, sem o governo do PT.
Saudações
Prisões políticas? Fala sério...
Não faz muito tempo que conseguimos evitar a extradição do Battisti, tendo contra nós mais ou menos as mesmas forças que pressionavam o STF no caso do mensalão. E nosso poder de fogo era infinitamente menor que o do PT.
Os presidentes do STF naquele período foram o Gilmar Mendes e o Cezar Peluso -bem mais parciais e tendenciosos do que o Joaquim Barbosa está sendo. Mesmo assim, arrancamos do STF, por sofridos 5x4, a decisão que manteve a prerrogativa do presidente da República, de dar a última palavra.
A derrota atual se deveu a uma série de erros crassos, começando pela insistência do PT em combater as acusações na ótima jurídica e não política.
Martelou uma inocência na qual o cidadão comum não acreditava, ao invés de priorizar a denúncia da adoção de dois pesos e duas medidas, facílima de ser aceita porque o conceito dos políticos é o pior possível.
Agora é tarde, Inês é morta. Já não há como evitar que fiquem presos, então a prioridade passa a ser a de abreviar o tempo de prisão. Discursos tipo "eu sou um prisioneiro político" em nada ajudarão. Catarse é um luxo que eles não podem mais bancar.
Acabei de postar no Ousar Lutar Ousar Vencer artigo (linhas) com citação do Latuff sobre o Mensalão.
Nos comentários me acusaram de colaborar com um golpe branco.
Como disse "o cara", defesa é para advogados, é bem pagos.
SEU TEXTO CONFERE COM O QUE OUVI - Dias atrás fiquei surpreso quando ao falar sobre o mensalão com uma pessoa do povo, a mesma foi na bucha e disse: Se não fosse o mensalão tava era todo mundo lascado. E continuou e disse que os parlamentares só fazem alguma coisa se for às custas de dinheiro e que ACM e FHC nunca tinham feito nada pelo povo e que agora os que resolvem fazer alguma coisa são presos.
Meu caro Af Stuart,
fui lá ver. E concordo contigo quanto à impropriedade de se falar em "golpe branco".
Se fosse este o caso, teriam feito o serviço completo, incluindo o Lula. Quando ele já havia deixado o poder, o Jefferson se ofereceu para incriminá-lo, mas sua proposta de delação premiada foi recusada. Portanto, não vamos exagerar nas teorias conspiratórias...
De resto, o link do seu artigo é http://ousarlutar.blogspot.com.br/2013/11/pt-e-o-mensalao-o-problema-nao-e.html Se os leitores se interessarem, poderão acompanhar por lá.
Abs.
Celso, você leu a DENÚNCIA da AP 470?
Sabe quais são os fatos que são imputados a Zé Dirceu, Genoíno, Pizzolato, Delúbio? Eu falo FATOS, não o que está na mídia...
Sabe quanto rolou nesta estória toda? Origem da grana e destino, com base na DENÚNCIA?
Se não conhece os fatos não tem condição de opinar com conhecimento sobre a conduta dos condenados, nem sobre a discussão sobre a prova e ausência delas.
Companheiro,
as questões que você coloca agora só interessam para os historiadores. Em termos de efeitos políticos, o julgamento já acabou -e com uma estrondosa derrota do nosso campo. O que resta fazer é tentarmos abreviar o período de prisão dos condenados.
Se fazia sentido os advogados do PT proporem um enquadramento legal que implicaria penas menores, nunca fez o mínimo sentido insistir obsessivamente em tal aspecto na batalha de opinião. Parecia o “estupra, mas não mata” do Maluf. Caixa 2 também é crime e, para o homem da rua, não importa se foi cometido um crimezão ou um crimezinho. Cabeça feita pelo PIG, ele veria os réus como criminosos, da mesmíssima forma.
É por esta e outras que eu canso de afirmar: a estratégia de comunicação do PT foi medíocre. Quis convencer a opinião pública usando argumentos que serviriam, quanto muito, para convencer os ministros do STF. Acabou não convencendo nem uma, nem outros, enquanto a imprensa burguesa deitava e rolava em cima desses erros crassos.
Um dos piores é o que apontei: por terem fincado pé numa inocência que não existia (repito: caixa 2 também é crime), não deram a devida importância a duas linhas de contestação que, estas sim, o homem comum entenderia e poderia aceitar:
* a de que os outros partidos incidem no mesmíssimo crime sem que o mundo lhes caia sobre a cabeça; e
* a de que os réus não queriam levar vantagem pessoal, portanto nunca foram “corruptos iguais aos outros”. A Veja, p. ex., martelou o tempo todo que eles eram corruptos emblemáticos e que estava em julgamento a prática e o futuro da corrupção no Brasil. Muita gente acabou sendo convencida disto porque os petistas não deram uma resposta à altura.
É por aí que deveria ser iniciado o contra-ataque. Como os Josés já não podem mais almejar a absolvição, terão agora de focar numa redução de pena ou num perdão presidencial. Nos dois casos, precisam melhorar sua imagem, pois a que hoje prevalece é a que o PIG enfiou na cabeça de seus públicos. E isto certamente dificultará os esforços dos que os querem ajudar.
Você vem aqui, implicitamente, defender a estratégia de comunicação que não funcionou nem produziu os resultados esperados. Ora, as derrotas nos obrigam exatamente a repensarmos nossa atuação, mudando o que tem de ser mudado para podermos dar a volta por cima adiante.
É elogiável lutarmos até o fim. Mas, lutarmos DA MESMA MANEIRA até o fim, quando estamos perdendo a guerra, é receita certa de novos fracassos.
Celso,
saiba que "caixa 2" em eleições não é crime, não está no Código Penal, nem no Código Eleitoral nem na Lei das Eleições, Lei nº 9.504/1997. Advogados tentam enquadrá-lo como crime de falsidade ideológica, art. 299 do Código Penal.
Contudo, é extremamente discutível esta subsunção. O mais correto a meu ver é entendê-lo como fato atípico com consequências previstas apenas na legislação eleitoral tais como a perda de mandato por não aprovação das contas ou abuso de poder econômico.
Nunca ocorreu no Brasil nenhuma condenação por uso de "caixa 2" em campanha eleitoral até hoje; isto é importante nesta discussão se é crime ou não; o entendimento majoritário é de que não seja crime diante da ausência de qualquer processo ou condenação.
Você pelo que vi na resposta a meu comentário você não leu a DENÚNCIA. Acredita que houve julgamento justo e que os petistas cometeram crimes, obviamente porque desconhece os fatos, a qualificação jurídica e a farsa que foi o julgamento com a invenção de fatos e desconsideração de provas, provas de inocência tal é o caso de Pizzolato.
Não partilho desta discussão sobre estratégia de comunicação errada por parte do PT pois a melhor forma de combater neste e em qualquer outro caso é com verdade, que não consegui exsurgir ainda pois até pessoas como você desconhecem os fatos arrolados na denúncia e a trama para incriminar os petistas, imputarem crimes que nunca ocorreram.
A estratégia dos advogados foi feita mas o problema é que se existe um juiz disposto a condenar não existe bom advogado, prova, ausência de provas, nada, inventam coisas, até o direito inventam, fazem interpretações de má-fé das leis.
Com a consideração que lhe tenho sou compelido a lhe dizer: seria melhor que você procurasse conhecer os fatos que ensejaram o processo e depois fizesse a ilações.
A luta pela opinião pública neste caso só será disputada com a luta para fazer a verdade triunfar, o julgamento não terminou nem vai terminar por tão cedo, é uma luta política.
Companheiro,
é até engraçada essa obsessão dos petistas em restringirem a luta ao campo jurídico, no qual acabam de sofrer a mais contundente derrota desde a redemocratização. Trata-se de mais uma evidência que hoje estão a anos-luz dos ideais de outrora.
Não sou advogado, não almejo sê-lo, não considero relevante estudar tal processo como leigo e, tendo atuado por mais de três décadas no jornalismo profissional, estou careca de saber que, num caso como esse, os dois lados sempre encontram algum dispositivo legal que sirva para fundamentar suas posições.
Você diz que caixa dois não é crime, UMA AFIRMAÇÃO QUE CONTRARIA TUDO QUE TENHO OUVIDO AO LONGO DOS TEMPOS, e a primeira notícia que abri no Google foi esta aqui: "O ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF), rejeitou um pedido da defesa do parlamentar para que fosse suspenso um inquérito que investiga suspeita de caixa dois na campanha de 2010".
Então, não sou eu que vou perder tempo tentando destrinchar a labiríntica Justiça burguesa. Só fanáticos não percebem que o caso está decidido -e é bom que esteja, pois sempre foi extremamente desfavorável à imagem da esquerda. Insistir em manter esse assunto no ar, sim, é um grande serviço prestado ao inimigo. Ajuda a direita a disseminar a falácia de que esquerdistas podem ser tão corruptos quanto quaisquer políticos profissionais.
Por romantismo e compaixão, vou fazer o que estiver ao meu alcance para que o Dirceu e o Delúbio saiam logo da prisão. Mas, isso não inclui tornar-me bobo de repente e ficar insistindo em teses definitivamente derrotadas. Deixo isso para os colecionadores de derrotas. Eu, que pelo menos algumas batalhas importantes já ganhei ou ajudei a ganhar, vou continuar lutando ao meu modo.
Celso,
pergunte a seus amigos advogados se "caixa 2" em eleições é crime ou não. Se afirmarem que é crime é preciso que digam em que lei se encontra o tipo penal. "Chutes", eu particularmente não aceito; se você aceita, tudo bem, é direito seu... Depois aceite também que foi enganado, que fez o papel de tolo, pois não é crime.
Se não aceita conhecer o direito minimamente neste caso porque opina sem conhecer? Advogados, sociólogos, juízes e jornalistas precisam saber apurar fatos, colher provas e saber analisá-las; é o mínimo podem saber em cada uma destas profissões.
Aceito suas limitações, você não quer fazer o esforço, não está interessado na verdade, em saber o que fizeram os petistas condenados nem no que se constituiu o julgamento. Contudo, não insulte quem não sabe nem quer fazer outra coisa que não seja aferrar-se aos fatos e ás provas.
O que você viu no Google:"O ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF), rejeitou um pedido da defesa do parlamentar para que fosse suspenso um inquérito que investiga suspeita de caixa dois na campanha de 2010", não elucida absolutamente nada sobre a controvérsia se "caixa 2" em eleições é crime ou não.
O § 3º do art. 22 da Lei nº 9.504/1997, a chamada Lei das Eleições, prevê entre outras possibilidades a cassação de diploma em caso de "caixa 2", configurado o abuso de poder econômico. Sem dúvidas a máxima punição para quem foi eleito abusando do "caixa 2". Com esta punição tão branda é de se pensar que seja um incentivo...
Luiz,
você quer reeditar aqui um julgamento que já acabou, como você no papel de advogado de defesa e obrigando-me a assumir o papel do promotor? Está viajando na maionese. Até porque não é o papel que me cabe. Sou apenas um revolucionário e um homem de comunicação, com acurácia suficiente para saber quando uma luta já está perdida e mínima sensibilidade necessária para perceber que o caso do mensalão só serve para desgastar a esquerda e, quanto mais tempo estiver em cartaz, mais estragos produzirá.
Vá aos blogues jurídicos e se entregue lá a tal catarse. Com certeza haverá outros advogados dispostos a perderem tempo junto com você, um fingindo que é Barbosa e outro fingindo que é Lewandowski.
No mundo real, os dois lados tinham onde buscar respaldo para suas posições, um venceu e o outro perdeu. Quem deu a decisão tem o poder de dar decisão definitiva. A batalha legal está praticamente encerrada, só faltam os embargos infringentes, que não alterarão a essência do julgamento. A batalha política verdadeiramente acabou com a prisão dos Josés. Fim da linha. Choradeira não adianta mais nada.
Estou o tempo todo tentando direcionar os esforços para a única coisa que ainda faz sentido: tirarmos logo os companheiros da prisão.
Você está o tempo todo querendo manter os companheiros a chorarem copiosamente sobre o leite derramado, patinando sem saírem do lugar.
Aqui o debate já não faz mais sentido, pois o que havia a ser dito, já foi dito.
O futuro mostrará quem estava certo o tempo todo. Mas, neste caso, não tenho motivo nenhum para ser modesto: serei eu.
O resultado do julgamento não será mudado, mas as chances para encurtar as penas existem e as chances para obter um indulto natalino, perdão presidencial ou qualquer coisa nessa linha existem também.
Desde que os Josés passem a olhar para a frente e mirem sobretudo a conquista da opinião pública, que, por enquanto, não lhes é favorável, para dizer o mínimo.
Celso,
não quero reeditar nada. Você prefere continuar sem conhecer os fatos; sequer aceita que não deve repetir a tolice de que "caixa 2" é crime.
Boa sorte...
Se o caixa 2 ELEITORAL ainda não é considerado crime, certamente deveria ser. E certamente seria a esquerda que deveria pleitear tal criminalização, pois facilita a manipulação das eleições pelo poder econômico.
O caixa 2 NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA já é reconhecido e punido como crime (foi o caso daquela minha citação sobre um processo contra o Maluf).
A saída pela tangente a que o PT recorreu foi tentar fazer-nos crer que a origem dessas fortunas eram as sobras de campanha e sua movimentação, de uma inocência angelical. Não teria havido peculato, lavagem de dinheiro, corrupção ativa, nada disso.
Quem acreditar nisso faz jus a um diploma de otário.
No fundo, o que se alega é que tais crimes não foram suficientemente provados, não que inexistiram. Ora, que me interessam os contorcionismos jurídicos de advogados para defenderem seus clientes? O que eu ganharia lendo esse juridiquês intragável, se não resultou e salta aos olhos que não resultará?
Estou um pouco velho para jogar meu tempo no lixo e, de todo lado que olho, só vejo prejuízo para a esquerda na manutenção desse espetáculo em cartaz. [Embora jamais venham a admiti-lo, tenho certeza de que o Lula e a Dilma fazem a mesmíssima avaliação: se as prisões e o desfecho do caso ficassem para o ano eleitoral, o PT só teria a perder em termos de exposição negativa. Daí a minha impressão de que o STF só conseguiu liquidar a fatura a toque de caixa porque isso convinha também para o PT.]
Enfim, acabou chorare. Vamos travar melhor as lutas que podem ser vencidas. Uma perdida como essa só nos serve como lição do que não se deve fazer quando se luta em duas frentes, a jurídica e a política.
Melhor do que ser derrotado em ambas teria sido sacrificar a jurídica e centrar fogo na política, na batalha de opinião, em que a vitória era possível, desde que encaminhada de outra maneira.
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