Nossas autoridades judiciais e policiais adoram trancafiar homens de esquerda como Cesare Battisti e Joseba Gotzon (foto ao lado).
Nestes casos, alegaram que era necessário evitar qualquer possibilidade de fuga face a pedidos de extradição... que acabaram dando em nada e tornando totalmente inútil a manutenção do escritor italiano atrás das grades por mais de quatro anos (o professor basco, menos desafortunado, ficou em cana durante dois meses).
Já o banqueiro Daniel Dantas pôde contar com os préstimos de um ministro do STF para libertá-lo a toque de caixa nas duas vezes em que foi detido.
E um diretor de banco, o mensaleiro Henrique Pizzolatto, só faltou conceder uma coletiva à imprensa comunicando que iria fugir... mas a Polícia Federal decerto tinha afazeres mais importantes de que se ocupar.
É o que se depreende de um esclarecedor artigo do colunista político Josias de Souza. Com o agravante de que Pizzolatto, além de réu na chamada ação penal 470, respondia a um segundo processo, por crime contra o sistema financeiro. Até pela contumácia, sua evasão era a chamada caçapa cantada... menos para a PF, claro.
Vale a pena vocês lerem na íntegra a crônica da fuga anunciada que o Josias acaba de colocar no ar:
O crime é contestado. A fuga é incontestável. |
"Henrique Pizzolatto, o mensaleiro que fugiu supostamente para a Itália, já sinalizava no ano passado uma certa vocação para se esquivar da Justiça. A juíza federal Simone Schreiber, titular da 5ª Vara Federal Criminal do Rio, chegou a atestar num despacho o sumiço de Pizzolatto. Ela tentava havia dois anos, sem sucesso, intimá-lo para se defender num processo por crime contra o sistema financeiro.
Em 13 de setembro de 2012, a magistrada anotou nos autos: 'Embora haja informação de que Henrique Pizzolato residiria em Copacabana, nas duas tentativas de citação do réu naquele endereço o oficial de Justiça foi informado de que o réu viaja muito para o exterior, que não aparecia há quatro meses, que estaria no Paraná para resolver problemas familiares, etc.'.
A juíza Simone acrescentou: 'Todos os esforços foram despendidos por este juízo para viabilizar a citação pessoal de Henrique Pizzolato, em vão. Os demais réus foram citados e já apresentaram suas respostas'. Verificado o desaparecimento do réu, Simone Schreiber determinou que a citação fosse feita por meio da publicação de um edital.
Ele é culpado até de usar gravata ridícula |
O julgamento do mensalão começara no mês anterior, em 2 de agosto. Apenas 14 dias antes do despacho da juíza Simone, o STF condenara Pizzolatto por três crimes: corrupção passiva, peculato e lavagem de dinheiro.
A pena de 12 anos ainda não havia sido calculada. Mas já estava claro que o ex-diretor de Marketing do Banco do Brasil, responsabilizado por liberar R$ 73 milhões à DNA Propaganda, de Marcos Valério, iria para o xadrez em regime fechado.
Em outubro de 2012, Pizzolatto deu a ar da graça para votar nas eleições municipais. Alegou que passara alguns meses na Europa para resolver problemas familiares.
Nesta sexta (15), ao bater na porta do mesmo endereço em que o oficial de Justiça o procurara no ano passado, a Polícia Federal descobriu que Pizzolatto não estava. Informara-se que ele se apresentaria neste sábado (16). Era lorota. Conforme anotado pela juíza Simone no despacho de 2012, 'o réu viaja muito para o exterior'. Desta vez, Pizzolatto não volta tão cedo".
Um comentário:
superestrutura = instituições estatais ou não (mídia, judiciário, ensino, igreja, sindicatos, corporações de oficio etc) que tem como finalidade construir um tipo de consciência destinada a reproduzir e perpetuar um modo de produção (infraestrutura)..se o que passa por esquerda entre nós soubesse o beabá do marxismo não teria surpresas desse tipo..mas nossa sinistra não tem nem verniz de marxismo: é puro positivismo e humanismo cristão; por isso não vai a parte alguma a não ser pra prisão.
Postar um comentário