terça-feira, 17 de janeiro de 2012

CAPITÃES PRIMEIRO, MULHERES E CRIANÇAS DEPOIS...

O Nobile real...
Francesco Schettino, capitão do Costa Concordia, não quis assumir os riscos inerentes ao posto. 

Muito se falará ainda sobre a sua decisão de deixar os passageiros e tripulantes entregues à própria sorte, ao invés de comandar a evacuação do navio que naufragava.

Pelos pontos de contato no comportamente de ambos e por serem os dois italianos, lembrei-me de um explorador muito azarado, o general Umberto Nobile (1885-1978).

Ele era um dos ícones do fascismo até se comportar mediocremente quando seu dirigível se despedaçou no Ártico. 

Aí, por não corresponder à imagem machista que Mussolini e sua gangue gostavam de projetar, caiu em desgraça. Teve de deixar o Exército e passou mais de uma década longe do seu país.

Há um excelente filme sobre o episódio: A tenda vermelha (d. Mikhail Kalatozov, 1969). 
...e o das telas.

Mostra um pequeno avião chegando até onde estavam os sobreviventes, com capacidade para transportar apenas um deles. Então, Nobile (Peter Finch) escolhe a si próprio, argumentando que era o mais qualificado para organizar as operações de resgate. Só que o tempo piora e eles são tragados pelas geleiras.

O contraponto a Nobile é o seu companheiro de jornadas anteriores, o também eminente explorador norueguês Roald Amundsen (1872-1928), interpretado por Sean Connery. 

Já aposentado, atende aos apelos para ir procurar o italiano e desaparece. Seu avião nunca foi encontrado.

Um minucioso  relato está neste link, em italiano.

O filme é muito difícil de encontrar mas, com um pouco de paciência, consegue-se baixar.




3 comentários:

carlos lungarzo disse...

Excelente compração, Celso. Este artigo é magnífico, especialmente tendo em conta que trata de duas figuras desconhecidas. Mas mostra o nexo comum entre neofascistas, sejam civis ou militares.
Grande abraço
Carlos

Apelido disponível: Sala Fério disse...

Se o naufrágio fosse no Brasil, Celso, você tem alguma dúvida que atribuiriam a culpa ao governo? (de preferência, ao federal) Aceitariam de pronto a versão inicial do capitão (carta naútica incompleta), preferindo culpar entes públicos por negligência, tardança no resgate, falta de previsão e fiscalização, etc. Pediriam a cabeça de ministros e gritariam: descaso, corrupção, negligência, incompetência! Entrevistariam parentes conpungidos para colher depoimentos indignados. Alguns partidos de esquerda tomariam as dores do capitão, dizendo que ele é apenas um trabalhador explorado. Alguém duvida? Io ne sono sicuro!

Anônimo disse...

Antigamente o capitão era o último a abandonar o navio. Hoje, é o primeiro. Sinal dos tempos...

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