O Nobile real... |
Francesco Schettino, capitão do Costa Concordia, não quis assumir os riscos inerentes ao posto.
Muito se falará ainda sobre a sua decisão de deixar os passageiros e tripulantes entregues à própria sorte, ao invés de comandar a evacuação do navio que naufragava.
Pelos pontos de contato no comportamente de ambos e por serem os dois italianos, lembrei-me de um explorador muito azarado, o general Umberto Nobile (1885-1978).
Ele era um dos ícones do fascismo até se comportar mediocremente quando seu dirigível se despedaçou no Ártico.
Pelos pontos de contato no comportamente de ambos e por serem os dois italianos, lembrei-me de um explorador muito azarado, o general Umberto Nobile (1885-1978).
Ele era um dos ícones do fascismo até se comportar mediocremente quando seu dirigível se despedaçou no Ártico.
Aí, por não corresponder à imagem machista que Mussolini e sua gangue gostavam de projetar, caiu em desgraça. Teve de deixar o Exército e passou mais de uma década longe do seu país.
Há um excelente filme sobre o episódio: A tenda vermelha (d. Mikhail Kalatozov, 1969).
Há um excelente filme sobre o episódio: A tenda vermelha (d. Mikhail Kalatozov, 1969).
...e o das telas. |
Mostra um pequeno avião chegando até onde estavam os sobreviventes, com capacidade para transportar apenas um deles. Então, Nobile (Peter Finch) escolhe a si próprio, argumentando que era o mais qualificado para organizar as operações de resgate. Só que o tempo piora e eles são tragados pelas geleiras.
O contraponto a Nobile é o seu companheiro de jornadas anteriores, o também eminente explorador norueguês Roald Amundsen (1872-1928), interpretado por Sean Connery.
O contraponto a Nobile é o seu companheiro de jornadas anteriores, o também eminente explorador norueguês Roald Amundsen (1872-1928), interpretado por Sean Connery.
Já aposentado, atende aos apelos para ir procurar o italiano e desaparece. Seu avião nunca foi encontrado.
Um minucioso relato está neste link, em italiano.
O filme é muito difícil de encontrar mas, com um pouco de paciência, consegue-se baixar.
Um minucioso relato está neste link, em italiano.
O filme é muito difícil de encontrar mas, com um pouco de paciência, consegue-se baixar.
3 comentários:
Excelente compração, Celso. Este artigo é magnífico, especialmente tendo em conta que trata de duas figuras desconhecidas. Mas mostra o nexo comum entre neofascistas, sejam civis ou militares.
Grande abraço
Carlos
Se o naufrágio fosse no Brasil, Celso, você tem alguma dúvida que atribuiriam a culpa ao governo? (de preferência, ao federal) Aceitariam de pronto a versão inicial do capitão (carta naútica incompleta), preferindo culpar entes públicos por negligência, tardança no resgate, falta de previsão e fiscalização, etc. Pediriam a cabeça de ministros e gritariam: descaso, corrupção, negligência, incompetência! Entrevistariam parentes conpungidos para colher depoimentos indignados. Alguns partidos de esquerda tomariam as dores do capitão, dizendo que ele é apenas um trabalhador explorado. Alguém duvida? Io ne sono sicuro!
Antigamente o capitão era o último a abandonar o navio. Hoje, é o primeiro. Sinal dos tempos...
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