A Folha.com informa: "Os membros do Parlamento Europeu pediram nesta quinta-feira [19/01] que o Brasil reveja a decisão de não extraditar o ativista italiano Cesare Battisti".
A verdadeira notícia é a seguinte: dos 736 membros do Parlamento Europeu, apenas 86 -- 72 italianos e 14 de outros países -- se dignaram a comparecer para votar a estapafúrdia, inconsequente e meramente propagandística moção apresentada pelo Governo Berlusconi.
Uma recomendação dessas só seria pertinente e cabível se endereçada a uma nação-membro... e o Brasil não integra a Europa, embora ela seja o continente do coração de alguns maus brasileiros, que não se vexam de assumir a defesa incondicional de interesses estrangeiros contra uma decisão soberana do governo de seu país.
Então, a grande imprensa vai trombetear a decisão e o placar (83 votos a favor, um contra e duas abstenções), mas esconderá que não se trata de assunto da alçada do Parlamento Europeu e que a votação se deu numa sessão fantasma, com risível comparecimento de 11,7% e anuência de 11,3% dos, repito, 736 membros.
Não se mencionará a quanto montava o universo de delegados habilitados, nem se vai fazer referência nenhuma à participação ínfima e restrita quase que apenas aos diretamente empenhados no linchamento de Battisti.
Então, a grande imprensa vai trombetear a decisão e o placar (83 votos a favor, um contra e duas abstenções), mas esconderá que não se trata de assunto da alçada do Parlamento Europeu e que a votação se deu numa sessão fantasma, com risível comparecimento de 11,7% e anuência de 11,3% dos, repito, 736 membros.
Não se mencionará a quanto montava o universo de delegados habilitados, nem se vai fazer referência nenhuma à participação ínfima e restrita quase que apenas aos diretamente empenhados no linchamento de Battisti.
Em 2009, Berlusconi exerceu idêntica pressão para arrancar do Parlamento Europeu qualquer coisa que parecesse um endosso à sua vendetta. Daquela vez, o quórum foi ainda menor: 7,6% do plenário.
Isto não impediu que utilizasse descaradamente esse rato parido pela montanha como trunfo goebbeliano; nem que a mídia fizesse seu jogo, omitindo uma informação que até o mais inexperiente dos focas se lembraria de colocar no seu texto.
8 comentários:
A velha mídia continua em sua campanha ridícula contra a soberania do nosso País
É muito bom ler um blog assim de vez em quando. Sai do blog da Yoani onde algnus idiotas, nos comentários, defendem a extradição do "assassino" battisti e defendem a "ditabranda" alegando que os "INOCENTES" (palavra deles) soldados trabalhavam como qualquer outro (Afinal, todos nós torturamos e matamos pessoas) e esses sim são as vitimas dos loucos comunistas. Quem ler isso e se interessar em atormentar uns idiotas vá no blog da cubana anti-cuba Yoani. Generacion Y.
Alguns consideram exagero a afirmação de que Battisti pode ser assassinado na It'alia, afinal nesse pa'is ha um regime democrático consolidado. Entretanto,é bom lembrar que Berlusconi eram membro da Loja P2, uma instituição de extrema direita com ramificações no Brasil e na Argentina no período ditatorial. Seria interessante a produção de um texto seguindo esse viés para comprovar a tese de que terroristas governam a Itália hoje e, certamente, não dispensariam a hipótese de eliminação física de um antigo adversário. Lula não comprou essa briga sem motivos.
Valeu por ter lido!
Celso,
há algo de estranho no que o Lugarzo lhe disse ou eu não entendi direito.
No site http://www.europarl.europa.eu/members/expert/groupAndCountry.do?language=PT aparece que há 72 deputados italianos, como podem estar presentes 77?
Ele se baseou em notícias publicadas lá na Europa. Como é muito criterioso, eu aceitei e aproveitei sem restrições essa informação.
Vou transmitir sua dúvida a ele.
Abs.
Prestimoso como sempre, o Carlos respondeu:
SOBRE A VOTAÇÃO NO PARLAMENTO EUROPEU
Quando eu escrevi a segunda nota sobre a votação do PE, ainda não tinha tido acesso às minutas da sessão em que se tratou o caso de Cesare Battisti, e utilizei para orientar minha matéria os dados de três jornais europeus. Um deles indicava 83 votos contra o Brasil, outro indicava 85 e outro 86. Utilizei o último para não agir da maneira que parcecesse mais favorávei a meu argumento. Aliás, acredito que mencionei vagamento que outras fontes davam outros dados.
O valor exato, sem dúvida, deveria ser respeitado, mas o eventual desvio não modifica essencialmente a conclusão do raciocínio. Também a imprensa brasileira ofereceu vários dados. Quero deixar claro que essa votação não teve muita publicidade fora de Itália, nem mesmo nos países onde domina a direita, como Alemanha. Portanto, é compreensível que dados extraoficiais fossem publcados em seguida.
Com respeito aos deputados italianos, cometi, sim, um engano. De fato, não lembrava que nas eleições de 2009, o número de MEPS da Itália tinha diminuído. De fato, nunca foram 77 como eu disse. De fato, eram 78 até 2009.
Os que coloboraram na redação da matéria contra o Brasil foram 72, como um leitor me fez notar. (Agradeço essa advertência.)
Carlos Lungarzo
Só para não restar nenhuma dúvida, os dados corretos são:
- 86 delegados presentes, 72 dos quais eram italianos;
- 83 alinharam-se com a posição inquisitorial;
- 2 ficaram em cima do muro;
- 1 votou contra.
Estou corrigindo o dado dos italianos onde é possível.
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