Chego até a ter pena do José Serra: na derradeira semana da campanha presidencial, sua única esperança de salvação, logo dissipada, foi a de que a fé retrô do Papa Bento XVI movesse montanhas de votos.
As pesquisas divulgadas neste sábado pelo Ibope e pelo DataFolha, as últimas antes da votação, confirmaram que o rebanho católico não segue mais pastores que querem fazer o mundo retroagir à Idade Média. A parlapatice papal, quanto muito, privou Dilma Rousseff de um mísero ponto.
Também, pudera! Quem leva a sério um papa que prega a castidade aos jovens em pleno século XXI?!
É isto que Bento XVI acaba de fazer, ao recomendar-lhes que não se deixem levar por um "amor reduzido à troca de mercadorias".
Ué, os fluídos corporais viraram mercadorias? Será que já estão cotados nas bolsas?
Eis a frase completa:
"Vocês não podem e não devem se adaptar a um amor reduzido a uma troca de mercadorias, a ser consumado sem respeito por si e pelos outros, incapaz da castidade e da pureza. Isto não é liberdade".
O que será liberdade, então? Reintroduzirmos os cintos de castidade?
Quando tomamos conhecimento, dia após dia, de novos casos de sacerdotes que não conseguiram manter a "castidade" e a "pureza", a afirmação papal é de um ridículo atroz.
Mais: pedófilos são execráveis, mas reprimidos sexuais não ficam muito longe, com sua tendência ao fanatismo e à inclemência, que faz de cada um deles um genocida em potencial.
Freud cansou de explicar que a privação da libido, enfraquecendo o instinto de vida, faz crescer a componente de morte nos seres humanos, mergulhando-os em melancolia e depressão.
Isto leva uns à autodestruição e outros a destruírem seus semelhantes, como forma extrema de se livrarem da morte que carregam dentro de si, expelindo-a para o exterior na forma de agressividade desmedida e compulsiva.
Assim foram produzidos os Torquemadas daquele passado tão caro a Bento XVI.
E, talvez, também certos papas reaças da atualidade...
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