Há exatos 18 dias, o Corinthians liderava o Brasileirão, acumulava três vitórias seguidas (inclusive, como visitante, contra o Fluminense e o Santos) e colocava nas alturas seu técnico Adilson Batista, que conquistara 64% dos pontos disputados.
Nem três semanas se passaram e Batista está na rua, depois de três derrotas e dois empates, que reduziram seu aproveitamento para 49%.
Como acontece uma reviravolta dessas?
Simples: o técnico armou um esquema de marcação sob pressão, inclusive no campo adversário, que obrigou o elenco a correr mais do que aguentava.
Enquanto os atletas suportaram, o Corinthians conseguiu alguns resultados consagradores.
Depois, foram aumentando as contusões e diminuindo o fôlego.
Como consequência, os espaços para os rivais apareceram, a defesa ficou exposta e, no desespero de evitar derrotas, os jogadores se esfalfaram ainda mais, tentando salvar as situações na base da garra.
Até que o elástico arrebentou e o time entrou em parafuso.
O pior é que, segundo o grande Tostão, o futebol brasileiro está todo desse jeito: ritmo vertiginoso, esforços excessivos e atletas estourados.
A lógica desumana de vencer a qualquer preço leva, paradoxalmente, à derrota.
A preparação física maximiza o desempenho, mas não impede que os jogadores desmoronem, fisica (contusões) e/ou psicologicamente (descontroles de todo tipo, das molecadas do Neymar às bandidagens do Bruno).
É a insanidade capitalista destruindo o esporte, como destroi tudo que há de digno, belo e puro na nossa existência.
2 comentários:
Que maravilha de texto! Vou espalhar...
Mas agora eu fiquei em dúvida em uma coisa.Se o ataque é a melhor defesa,pq ai não funciona?
Companheiro,
hoje em dia a melhor opção é o contra-ataque. Os times fecham de tal forma suas defesas que os gols dificilmente saem com a bola correndo. As jogadas de bola parada acabam oferecendo as melhores chances de furar esquemas defensivos bem estruturados (como os daquele técnico português que conseguiu fazer o futebol feio da Internacional prevalecer sobre a arte do Barcelona, numa das maiores injustiças do ano).
E, se o time defensivista conta com atacantes rápidos, pode sempre aproveitar os espaços que o adversário é obrigado a abrir quando vai todo para a frente.
Por enquanto, a melhor alternativa a esse antifutebol (não tenho medo de dar nome aos bois) é a posse de bola do Barcelona e da Seleção Espanhola, que ficam trocando passes até que surja a oportunidade de uma estocada aguda.
Devem ter aprendido com os toureiros...
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