terça-feira, 15 de junho de 2010

A METRALHADORA GIRATÓRIA DE UM DOMINICANO

Antigamente, o colunismo social nada mais fazia do que paparicar a burguesada ociosa, exibindo aos leitores sua ostentação frivola e repulsiva.

Ainda se pratica esse tipo de jornalismo abastardado, que se limita a mostrar as caras e o luxo dos notáveis.
Mas, os jornalões agora estão partindo para outra, ao oferecerem espaço para colunistas como Mônica Bergamo (Folha de S. Paulo) e Sonia Racy (O Estado de S. Paulo).

A primeira me causou ótima impressão ao ser a única participante da sabatina com o então presidente do STF, Gilmar Mendes, que o encostou na parede com perguntas agressivas.

E Racy me surpreende ao tornar seu espaço muito mais polêmico do que a própria editoria de Política do Estadão, p. ex., nesta entrevista com o Frei Betto, que participou da resistência à ditadura, da construção do PT e do Governo Lula, tendo sido o responsável pela estruturação do Fome Zero (e não escondendo sua mágoa com o estupro desse programa por imposições políticas e seu consequente esvaziamento).

Definindo-se hoje como um "cigano de Deus" e um "feliz indivíduo não governamental", ele vive num convento de dominicanos da capital paulista e está prestes a lançar seu 53º livro.

Como entrevista publicada em caderno de Variedades repercute bem pouco junto ao público interessado em política, vale a pena registrar aqui as afirmações mais bombásticas do Frei Betto, no mínimo para estimular discussões:
"Dilma é candidata por falta de opção.

"Só Lula pode responder [quem seria candidato do PT caso não houvesse ocorrido o escândalo do Mensalão], mas, na minha opinião, certamente não seria a Dilma.

"Lula fez a escolha possível porque as outras se queimaram.

"É fantástico que, enquanto os torturadores se escondem envergonhados e não conseguem nem votos de seus companheiros de farda, uma pessoa como a Dilma seja hoje a candidata preferencial à Presidência.

"Nas eleições dos anos 80 e 90 existiam militantes [do PT] que voluntariamente se dedicavam a fazer panfletagem, que davam o sangue nas campanhas. Hoje os cabos eleitorais do PT são pagos. Isso é triste.

"O PT tinha dois trunfos simbólicos para garantir a sua credibilidade: ser o partido dos mais pobres e da defesa da ética. De certa maneira, ele ainda é o partido dos desfavorecidos. O apoio popular do presidente Lula vem das políticas sociais que governo desenvolveu. Entretanto, não há hoje ninguém que diga que o PT se destaca por sua integridade.

"...quem controlava o cadastro [do Fome Zero] eram representantes eleitos em assembleias populares. Isso provocou gritaria dos prefeitos, pois o dinheiro não passava por eles. Saía da Caixa Econômica direto para as famílias beneficiadas.

"Os prefeitos ameaçaram sabotar e o governo federal decidiu erradicar os comitês gestores formados em mais de 2 mil municípios. O governo deu aos prefeitos o controle do cadastro, permitindo que famílias fossem incluídas ou retiradas do programa, estimulando a corrupção. Isso criou uma relação de clientelismo político no País.

"...o governo matou o programa [Fome Zero] e o substituiu pelo Bolsa Família, que é usado como cacife eleitoral. Até agora nenhum gênio achou a porta de saída".

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