O presidente do Parlamento iraniano, Ali Larijani, acaba de pedir pena de morte para os manifestantes que entraram em confronto com as forças de segurança no último domingo (27):
"O Parlamento quer que os serviços secretos e as autoridades judiciais prendam as pessoas que insultam a religião e que imponham a pena máxima, em particular aos que destruíram bens públicos".Antes mesmo da jornada dominical, quando pelo menos oito manifestantes foram assassinados e pelo menos 300 aprisionados, o aiatolá conservador Ahmed Khatami já exortara a Justiça iraniana a deixar “de dar prova de tolerância aos líderes da conspiração". É um religioso sedento de sangue...
As autoridades confiscaram os cadáveres de cinco das vítimas do domingo sangrento, para evitar que seu enterro desse ensejo a novos protestos.
E há pouco, como noticiei, as Forças Armadas do Irã admitiram que oposicionistas foram mesmo estuprados e espancados até a morte na prisão de Kahrizak, após protestarem contra a eleição fraudada em benefício do presidente Mahmoud Ahmadinejad, no último mês de agosto.
Todo esse quadro me faz lembrar uma velha e pouco conhecida música dos grandes festivais de MPB: Ultimatum, de Marcos e Paulo Sérgio Valle, interpretada por Maria Odete. Principalmente o refrão: “A realidade é a verdade/ e é o que mais custa crer”.
A realidade é exatamente aquela que a imprensa mostra e alguns companheiros tanto relutam em aceitar: Ahmadinejad é um déspota apoiado por aiatolás retrógrados, que tentam, a ferro e fogo, perpetuar o obscurantismo medieval.
O que confunde um pouco as coisas é a posição de Ahmadinejad em relação a Israel.
Mas, se o preço para impedir que o estado judeu continue massacrando os palestinos é consentir que o estado iraniano continue massacrando seu próprio povo, verdadeiros revolucionários não o devem pagar, EM HIPÓTESE NENHUMA!
Há valores maiores em jogo:
- o alinhamento, EM TODA E QUALQUER CIRCUNSTÂNCIA, dos revolucionários com os que lutam pela liberdade, contra a tirania; e
- a missão que Marx definiu para os revolucionários, de conduzirem a humanidade a um estágio superior de civilização, e não devolvê-la à barbárie.
No fundo, temos de novo a velha disputa entre princípios e realpolitik.
Em cada uma das vezes em que revolucionários colocaram de lado seus ideais para priorizar conveniências momentâneas, os resultados foram terríveis – vide, p. ex., o pacto entre a Alemanha nazista e a URSS stalinista, que destruiu a aura soviética aos olhos do mundo e não evitou a guerra entre ambas.
O ônus moral do apoio a Ahmadinejad é imenso. O que o justificaria, na nossa ótica?
O Irã, seguramente, não derrotará Israel no campo de batalha. Mandará os israelenses pelos ares com uma bomba atômica?
AINDA QUE FOSSE POSSÍVEL FAZER ALGO ASSIM SEM O RISCO DE PROVOCAR UMA REAÇÃO EM CADEIA CATASTRÓFICA PARA A HUMANIDADE, CONTINUARIA SENDO UMA HIPÓTESE INADMISSÍVEL PARA REVOLUCIONÁRIOS!
Os estadunidenses apagaram duas cidades japonesas do mapa, impondo horrores indescritíveis à população, apenas para exibir seu poderio.
Revolucionários não agimos dessa forma. Nossas vitórias são conquistadas a partir da mobilização das massas, não de armas do Juízo Final.
A nossa opção para derrotarmos Israel é unindo verdadeiramente os povos oprimidos e agredidos pelo estado judeu.
O que passa pela derrubada de mandatários feudais mais preocupados em perpetuar-se no poder do que em combater o inimigo, mais avessos à mobilização do seu próprio povo do que às carnificinas israelenses.
São as revoluções populares que nos aproximam do nosso objetivo, não os desmandos de tiranetes como Ahmadinejad.
Mais dia, menos dia, como fruta podre que é, ele cairá. Temos todos os motivos para apoiar os resistentes de lá e nenhum para apoiar o liberticida de lá.
Mesmo sendo a realidade o que mais nos custa crer, a cegueira sai muito cara para revolucionários. Trata-se de um luxo a que não podemos nos dar.
Em cada uma das vezes em que revolucionários colocaram de lado seus ideais para priorizar conveniências momentâneas, os resultados foram terríveis – vide, p. ex., o pacto entre a Alemanha nazista e a URSS stalinista, que destruiu a aura soviética aos olhos do mundo e não evitou a guerra entre ambas.
O ônus moral do apoio a Ahmadinejad é imenso. O que o justificaria, na nossa ótica?
O Irã, seguramente, não derrotará Israel no campo de batalha. Mandará os israelenses pelos ares com uma bomba atômica?
AINDA QUE FOSSE POSSÍVEL FAZER ALGO ASSIM SEM O RISCO DE PROVOCAR UMA REAÇÃO EM CADEIA CATASTRÓFICA PARA A HUMANIDADE, CONTINUARIA SENDO UMA HIPÓTESE INADMISSÍVEL PARA REVOLUCIONÁRIOS!
Os estadunidenses apagaram duas cidades japonesas do mapa, impondo horrores indescritíveis à população, apenas para exibir seu poderio.
Revolucionários não agimos dessa forma. Nossas vitórias são conquistadas a partir da mobilização das massas, não de armas do Juízo Final.
A nossa opção para derrotarmos Israel é unindo verdadeiramente os povos oprimidos e agredidos pelo estado judeu.
O que passa pela derrubada de mandatários feudais mais preocupados em perpetuar-se no poder do que em combater o inimigo, mais avessos à mobilização do seu próprio povo do que às carnificinas israelenses.
São as revoluções populares que nos aproximam do nosso objetivo, não os desmandos de tiranetes como Ahmadinejad.
Mais dia, menos dia, como fruta podre que é, ele cairá. Temos todos os motivos para apoiar os resistentes de lá e nenhum para apoiar o liberticida de lá.
Mesmo sendo a realidade o que mais nos custa crer, a cegueira sai muito cara para revolucionários. Trata-se de um luxo a que não podemos nos dar.
15 comentários:
Celso, claro que governos tirânicos devem ser, sempre, condenados.
Mas, quero chamar a sua atenção para duas questões fundamentais:
1) O Irã é, hoje, o único governo do Oriente Médio que não abaixa a cabeça para os EUA e para Israel.
A região do Oriente Médio é inteiramente dominada por regimes discricionários, brutais, repressivos e totalmente obscurantistas, como os da Arábia Saudita, Kwait, entre outros.
Não há um só regime liberal, democrático, humanista ou qualquer coisa parecida com isso nesta região.
Mas, a repressão e a brutalidade destes regimes não aparece na Mídia internacional porque são aliados dos EUA e de Israel. E quando aparece (como ocorre quando Israel massacra os palestinos ou invade o Líbano) isso é justificado e defendido por toda a Mídia Ocidental.
O Ocidente não apóia a oposição iraniana porque deseja implantar a Democracia no país, mas porque quer implantar uma Ditadura ainda mais brutal e repressiva e que seja submissa aos interesses dos EUA, do Ocidente e de Israel.
2) A Grande Mídia ocidental procura, é claro, demonizar o regime islâmico iraniano, mas além de esconder a brutalidade dos demais governos da região (incluindo o mais brutal de todos, que é o de Israel), ela também não explica as raízes dos conflitos políticos e sociais que ocorrem no Irã.
A origem de tudo isso está num Golpe de Estado organizado pela CIA e pelo Serviço Secreto britânico e que derrubou um governo democrático, progressista, humanista, nacionalista e popular no Irã, em 1953, que foi o governo de Mossadegh.
E ele foi derrubado porque havia nacionalizado a indústria de petróleo, que era (e ainda é) a única grande riqueza do país e que, naquele momento, se encontrava nas mãos da Bristish Petroleum (o nome da empresa era outro, mas estou citando o nome atual da mesma).
Depois do Golpe, Mossadegh foi mantido em prisão domiciliar até a sua morte. E no lugar dele se instalou, com o total apoio dos EUA e do Ocidente 'livre e cristão' a Ditadura corrupta e assassina do Xá Reza Pahlevi.
E foi contra esta Ditadura do Xá que os iranianos organizaram a Revolução Islâmica.
Caso Mossadegh tivesse permanecido no poder o Irã teria se mantido como um país democrático, liberal, moderno, aberto ao mundo, com um governo laico e cosmopolita. O Irã teria se transformado num modelo bem-sucedido para todo o Oriente Médio.
Daí, em vez de regimes obscurantistas, o Oriente Médio, hoje, estaria repleto de regimes democráticos e integrados ao mundo, em vez destas Ditaduras brutais que dominam a região.
Continuação:
O livro 'Todos os Homens do Xá', de Stephen Kinzer, baseado em documentos oficiais do governo dos EUA, conta toda a história deste Golpe, que instalou, com total apoio dos EUA e dos países democráticos do Ocidente, uma ditadura brutal e corrupta no Irã, liderada pelo Xá, e que somente foi derrubada depois de quase 26 anos pela Revolução Islâmica.
A ditadura do Xá era odiada pelo povo iraniano que, ao longo do tempo, acabou descobrindo toda a verdade do envolvimento dos EUA no Golpe que derrubou Mossadegh. E é por isso que os iranianos passaram a ter uma grande desconfiança em relação aos EUA e ao Ocidente, pois sabem que estes instalaram no poder, apoiaram e sustentaram uma ditadura brutal, corrupta e assassina, que foi a do Xá.
Esta é a origem dos conflitos entre o Irã e os EUA/Ocidente. Derrubar Mossadegh foi, talvez, a mais trágica decisão que os EUA e o Ocidente tomaram em relação ao Oriente Médio, pois se Mossadegh tivesse sido bem sucedido, teríamos tido a transformação do Irã num país democrático, liberal, cosmopolita, com um govern laico, moderno e aliado dos EUA e do Ocidente 'democrático'. Teríamos um Irã, enfim, integrado ao Mundo.
No lugar disso, temos um Irã profundamente desconfiado de todas as intenções dos EUA e do Ocidente, pois estes foram os grandes responsáveis pela destruição do único governo verdadeiramente democrático que existiu na moderna história do Irã.
Aliás, mesmo nos dias atuais, Mossadegh é, ainda, o mais popular líder político da história do Irã, sendo muito mais popular do que o próprio Aiatolá Khomeini.
Portanto, sempre que vejo os governos e a imprensa ocidental atacarem o Irã porque este tem um governo teocrático, sem nunca esclarecer o papel desempenhado pelos EUA e da Grã-Bretanha na derrubada do único governo democrático da história do Irã, eu sinto um profundo asco e desprezo por esta imprensa e por estes governos ocidentais que se dizem 'democráticos'.
Uma verdade é cristalina: qualquer país que se opõe aos interesses dos EUA deve ficar alerta.
Os estadunidenses têm duas opções para detonar os países "rebeldes" e, consequentemente, torná-los subservientes.
A primeira é pelas armas. Veja o caso do Iraque e do Afeganistão, na atualidade, e as dezenas de outros casos no passado não muito distante.
A segunda opção é fomentando uma revolta interna contra os governos dos países "rebeldes". Neste caso há uma infinidade de exemplos. Venezuela e Bolívia são casos próximos e recentes. Por sorte, Evo Morales percebeu a tempo e expulsou o embaixador dos EUA. Em tempos mais distantes, podemos lembrar de Allende e João Goulart.
O Irã há muito tempo vem sendo ameaçado de invasão, primeiramente por Bush, e agora por Obama. É evidente que os Estados Unidos não vão querer embarcar em outra canoa furada.
Então o que sobra: fomentar uma revolta popular e derrubar um governo ruim, mas eleito, e colocar em seu lugar um tirano, mas submisso.
Nesse caso aí se apoiarmos a "liberdade" que os EUA e a mídia corporativa defendem para o Irã não é o povo que chegará ao poder. O guerrilheiro do entardecer explicou bem a situação.
wilson cunha junior
Marcos,
como eu lembrei no meu artigo, a realidade é a verdade.
Interesses imperialistas, antecedentes históricos e motivações da imprensa burguesa à parte, subsiste o fato inquestionável de que o governo atual é assassino, tirânico e obscurantista.
Representa o atraso que horrorizava Marx e me horroriza. Tomo posição contra ele porque é só o que pode fazer um defensor dos direitos humanos diante das práticas em que ele incide hoje e agora.
A rua é sempre de duas mãos, Marcos. Ou repudiamos Ahmadinejad ou justificamos o Brilhante Ustra.
Uma corretíssima frase de um santo medieval: "que suas palavras sejam sempre sim, sim, ou não, não, pois todo o mais será sugerido pelo demônio".
Eu digo não, não, a todos os regimes ditatoriais; e sim, sim a todos que lutam contra tiranias. É algo de que jamais abrirei mão.
Ruivo,
sempre que alguém, atenta contra a liberdade, a justificativa é a mesma: os libertários estavam sendo teleguiados por um vilão estrangeiro qualquer. Foi assim na Hungria/1956 e na Checoslovaquia/1968.
Eu acredito que, independentemente de quaisquer influências externas, o povo húngaro, o povo checo e o povo iraniano só enfrentaram déspotas tão poderosos e brutais porque acreditavam em suas causas.
Chega de vermos o mundo com os antolhos da guerra fria!
E mais: meus inimigos últimos não são EUA e Israel, mas sim o capitalismo como um todo.
E não luto para acabar com os EUA e Israel, mas sim para acabar com o capitalismo, do qual os tiranetes feudais árabes são parceiros inseparáveis.
Daí minha posição de que a vitória contra Israel passa por revoluções prévias que entronizem governos populares nos países árabes.
E populares significa: o povo decidindo, como sujeito da História; não um ditador qualquer tomando as decisões em nome e no lugar do povo.
Ahmadinejad é parte do problema, e não a solução
concordo plenamente com o Celso.
Celso, o regime islâmico iraniano, goste-se ou não, tem bases populares legítimas e autênticas. Ele não foi um regime imposto por forças externas, mas criado pelos próprios iranianos, que se revoltaram contra um regime corrupto (o Xá tinha bilhões de dólares que foram roubados do povo iraniano e que acabaram depositados em bancos suiços), brutal imposto pelos EUA e pelos britânicos.
Não acredito que se Ahmadinejad e os Aiatolás fossem derrubados, o Irã iria melhorar. Não iria!
O Irã iria ficar muito pior do que é, com muito mais tirania, brutalidade, corrupção e violência.
E o país ficaria sob o domínio de uma Ditadura imposta pelos Imperialistas ocidentais. Estes, não têm compromisso algum com qualquer tipo de regime democrático ou que respeite os direitos humanos. O fato de que eles apóiam os regimes obscurantistas da região comprova isso.
Os atuais problemas do Irã foram criados pelos EUA e pela Grã-Bretanha. E foram agravados nas últimas décadas pelos massacres e crimes cometidos pelos EUA e por Israel em todo o Oriente Médio.
Seria ótimo que o Irã tivesse um governo democrático, humanista, respeitador dos Direitos Humanos. E ele já o teve, que foi o governo de Mossadegh. E o que aconteceu com este? Foi derrubado pelo 'Ocidente livre, democrático e cristão'!!
Portanto, entendo, que os EUA, Israel e o Ocidente racista e imperialista é que são parte do problema e não da solução, e não Ahmadinejad e os aiatolás.
EUA e Israel são duas nações capitalistas e imperialistas, que atacam e massacram com todos aqueles que resistem e lutam contra a sua hegemonia. Não vejo diferença entre eles e a Alemanha Nazista, pelo menos na essência.
A Mídia Ocidental falou muito sobre a queda do Muro de Berlim este ano, mas nada diz a respeito do Muro do México-EUA, construído pelo governo Bush, e do Muro construído pelos israelenses para confinar os palestinos em suas próprias terras.
Aliás, morrem, num único ano, mais pessoas tentando atravessar este muro que separa o México dos EUA do que morreram em toda a história do Muro de Berlim.
Portanto, quem luta contra o Capitalismo, tem que se opor, obrigatoriamente, às políticas criminosas dos EUA e de Israel. Não vejo como separar tais questões.
E veja o que aconteceu no Iraque, após a invasão dos EUA e de seus aliados:
Saddam Hussein foi um ditador brutal que durante muitos anos foi financiado e armado pelos EUA e pelo Ocidente, que o jogaram contra o regime islâmico iraniano. E a tecnologia de produção de armas químicas lhe foi fornecida pelos EUA, Grã-Bretanha, Itália e Alemanha, principalmente.
Saddam somente foi derrubado quando se voltou contra os interesses dos EUA e de Israel e, depois da sua derrubada, em vez de melhorar, a situação do Iraque piorou muito e o país se transformou num campo de batalha e virou uma terra de ninguém.
Calcula-se em mais de 1.200.000 iraquianos mortos desde o início da invasão dos EUA, em 2003. Atentados, guerra civil, mortes, destruição: este é o resultado da derrubada de Saddam. E os direitos humanos? Foram enterrados, pelo governo dos EUA, em Abu Ghraib.
E o petróleo iraquiano já está sendo devidamente roubado pelas Nações imperialistas, o que aliás, era um dos principais objetivos da derrubada de Saddam. O outro era eliminar um governante inimigo de Israel.
Eu não defendo governos ditatoriais, sob hipótese alguma, mas defendo os direitos de cada povo e de cada nação escolherem livremente o tipo de governo e de sociedade no qual desejam viver.
E são os EUA e as Nações Ocidentais Capitalistas Imperiais que não respeitam isso.
Mossadegh que o diga.
"Interesses imperialistas, antecedentes históricos e motivações da imprensa burguesa à parte".
Esse é o problema, Celso: estes ""Interesses imperialistas, antecedentes históricos e motivações da imprensa burguesa" não são uma questão 'à parte'. Eles são a própria essência do problema. E você me parece não dar a tudo a isso a importância que, de fato, tem.
E no caso do Golpe de Estato contra Mossadegh, em 1953, também tivemos inúmeros protestos 'populares' contra o governo dele.
Depois, quando o governo Clinton liberou documentos que contavam a história do Golpe (e que Stephen Kinzer usou para escrever o seu livro sobre o mesmo, o 'Todos os Homens do Xá') ficou-se sabendo que todos aqueles 'manifestantes' tinham sido subornados pela CIA, bem como os militares, políticos e líderes religiosos que apoiaram ao Golpe contra Mossadegh.
Aliás, o livro de Kinzer conta uma história interessante: os aiatolás da época foram subornados pela CIA para que apoiassem o Golpe contra o governo democrático de Mossadegh. E sabe quem era um dos principais assessores destes aiatolás? o futuro Aiatolá Khomeini.
Assim, foi o Imperialismo capitalista dos EUA e da Grã-Bretanha quem inviabilizou a transformação do Irã num país democrático e aberto ao mundo e criou as condições necessárias para que ocorresse, décadas mais tarde, a Revolução Islâmica.
Os EUA fizeram aquilo que um ditado espanhol condena, ou seja, criaram e alimentaram corvos e, depois, quando estes cresceram, eles comeram os olhos dos próprios EUA.
O ditado, se não me falha a memória, diz o seguinte: 'Não crie corvos, pois quando eles crescerem, comerão os seus olhos'.
Aliás, o movimento de radicais islâmicos que, hoje, luta contra os EUA principalmente no (Iraque e no Afeganistão), também recebeu um gigantesco apoio dos governos norte-americanos quando os mesmos lutaram contra os soviéticos no Afeganistão.
Os EUA convocaram militantes islâmicos radicais do mundo inteiro para que fossem lutar no Afeganistão e financiaram, armaram e treinaram tais militantes e, hoje, são eles, EUA, quem lutam contra estes mesmos movimentos e militantes islâmicos radicais.
O governo de Israel também cometeu esse erro. Nos anos 1980, interessado em enfraquecer a liderança de Arafat e em dividir os palestinos, os israelenses apoiaram o Hamas. Hoje, o Hamas é um dos principais inimigos do brutal Estado israelense.
Tem gente que jamais aprende com os próprios erros, não é mesmo?
E a Humanidade é que paga por eles.
E daí a culpa por tudo isso é do Ahmadinejad? Sem chance.
Estamos nos repetindo, companheiros.
E o tema mais importante deste momento é a crise militar no Governo Lula.
Um assunto sobre o qual quem argumenta em favor de um carrasco como o Ahmadinejad tem pouco a dizer, pois será acusado de inocerência.
Eu, como me posiciono invariavelmente contra todos os carrascos, posso dizer muito e bater pesado. É o que estou fazendo.
"A rua é sempre de duas mãos": canso de repetir.
ANEDOTA BÚLGARA
Era uma vez um czar naturalista
que caçava homens.
Quando lhe disseram que também se caçam
[borboletas e andorinhas,
ficou muito espantado
e achou barbaridade.
(Carlos Drummond de Andrade)
Não se trata de defender Ahmadinejad, Celso. Trata-se de defender a soberania do Irã e de lutar contra a tirania neonazista dos EUA e de seu satélite, que é Israel. E a Colômbia já é uma 'Israel' sul-americana, tem o maior orçamento militar da América Latina e cedeu 7 bases militares para os EUA (para que eles querem essas bases, afinal? fazer piquenique é que não é...).
E qual a origem da crise militar brasileira? os crimes da Ditadura, certo? E como ela foi implantada? graças a um Golpe de Estado financiado e organizado pelos... EUA.
O Irã tinha tudo para se tornar um país democrático e pluralista, mas os EUA e a Grã-Bretanha impediram isso. E os norte-americanos mantém bases militares em todo o Oriente Médio a fim de sustentar os regimes obscurantistas da região. E quem armou e financiou os grupos de radicais islâmicos, que tantos atentados realizam pelo mundo afora? Os EUA, é claro.
Afinal, tem algum problema realmente importante, no mundo atual, cuja origem não seja o Imperialismo dos EUA?
Se tem, pergunto: qual?
Nossa, Marcos, você está quase um século atrasado: o livro do Lênin, "Imperialismo, Fase Superior do Capitalismo", foi lançado no começo de 1917. Recomendo.
O imperialismo é um todo (a etapa do capitalismo regida pelo capital financeiro) e é o todo que precisamos combater.
Ou seja, não faz nenhum sentido priorizarmos uma ou duas nações capitalistas como inimigas, poupando as demais.
Muito menos tomarmos o partido de feudais contra o capitalismo. Para Marx, isto seria a heresia suprema.
Ele sempre se alinhou com o progresso contra o atraso. Favorecia a substituição do feudalismo pelo capitalismo, para que fosse criada a base econômica para o socialismo.
Não queria deter a marcha para a frente, mas sim remover os entraves que atrapalhavam sua concretização plena: a disponibilização igualitária dos frutos do progresso, de forma que beneficiassem toda a humanidade.
Há muitos ensinamentos nos clássicos que deveríamos seguir ainda hoje.
Um deles é que não existem atalhos. Dominam o mundo as nações/blocos que mais desenvolveram suas forças produtivas.
Ou tomamos o poder nos países centrais, ou eles sempre esmagarão/isolarão as revoluções de países periféricos.
Acreditarmos que os 3º e 4º mundos, na hipótese improbabilíssima de alcançarem uma união, derrotarão o 1º mundo, sempre foi sonho de uma noite de verão.
Nosso desafio é engendrarmos uma opção revolucionária capaz de vingar também nos países prósperos, como havia em 1968. Relançarmos a REVOLUÇÃO MUNDIAL, enfim. Ou continuaremos sendo eternos sacos de pancadas.
Um abração!
Celso.
Observando seus comentários no problema atual Irã/contras (presumindo uma mesma linha para a situação atual Cuba/contras), situação Irã/direitos humanos (idem para Cuba), situação Irã/EUA-Israel+Ocidente Alinhado, não vejo sua retórica alinhada com um posicionamento revolucionário socialista-marxista (como alegas) em defesa real da soberania dos povos e de sua real liberdade frente ao capitalismo opressor, hoje com descarada face imperialista depois da guerra fria. Na conjuntura atual temos duas facetas imperialistas modernas: Os EUA e Cia Ltda com dois braços de atuação no cenário mundial, a saber, a Força Militar e a Manipulação Subversiva Interna (MSI)de nações revolucionárias. Uma ou outra são utilizadas para os mesmos fins de supremacia conforme a situação politica que se apresentar. A nova China optou pelo imperialismo econômico. E a Russia está tentando se equilibrar entre os dois polos para ressurgir das cinzas da extinta URSS. Não vejo sua linha nada pragmática em termos estratégicos de alcançar o objeto final de concretização, que seja a libertação dos povos do jugo do capitalismo.
Cont.
Entretanto bate e é coerente com sua definição sucinta no grifo do perfil abaixo:
Celso Lungaretti
Sou revolucionário, luto pela superação do capitalismo. SOU CIVILIZADO, RECHAÇO A BARBÁRIE. Sou homem, defendo os direitos humanos.
Sim, Celso, você se entende revolucionário, desde que essa revolução nunca culmine numa LUTA ARMADA contra o sistema imperialista-capitalista vigente. Opção essa que você entende como civilizada. Luta essa que os iranianos estão dispostos a pegar contra os EUA e Cia Ltda mesmo que em nome de ideais teocráticos atrasados, mas próprios de sua cultura e tradições. Aqui no Brasil seria um contracenso a luta armada e sua linha até se ajusta, no Irã uma viabilidade plausível que não pode ser descartada. Hoje em dia deixar de apoiar a causa iraniana é como jogar a toalha frente ao imperialismo. Todo revolucionário que se preze, tem por coerência política que alinhar com esse bastião anti-imperialista que é o Irã, mesmo que a despeito de seus vícios teocráticos de tradições atrasadas. Não se trata de defender o sistema iraniano de poder, mas de utilizar seu nacionalismo anti-imperialista para estancar esse cancer. Se o imperialismo é um mal o Irã é um antidoto na devida dose certa.
Abraço.
Postar um comentário