membros da al-Qaeda recebiam
da CIA na base de Guantanamo
No clime de histeria antimuçulmana que tomou conta dos EUA após o atentado contra o WTC, o cidadão estadunidense Abdullah Al-Kidd foi detido em 2003 ao tentar embarcar para a Arábia Saudita.
Não como suspeito de um crime, pois o que havia contra ele era mero preconceito. Mas, tão-somente, como testemunha (!) de um suposto caso de terrorismo.
Passou 16 dias preso sem acusações e ficou um ano sob supervisão judicial, até que as autoridades o liberassem por nada terem encontrado que o incriminasse (ou que ele houvesse testemunhado...).
Como consequência da arbitrariedade sofrida, sua esposa pediu divórcio e seu emprego evaporou.
Nesta sexta-feira, os três juízes do 9º Circuito Federal de Apelações dos EUA concluíram que Al-Kidd tem o direito de processar o então procurador-geral dos EUA John Ashcroft por haver violado seus direitos constitucionais.
E mais: sentenciaram que o uso impróprio de testemunhas materiais era “repugnante à Constituição e uma lembrança dolorosa de alguns dos capítulos mais vergonhosos de nossa história nacional”.
A corte repudiou a prática então adotada de se deterem cidadãos americanos, muitas vezes em condições primitivas, apenas para questioná-los ou impedir seu contato com outros. E advertiu que ainda existem otoridades insistindo nesses excessos característicos de estados policiais.
Espera-se que Ashcroft receba agora o prêmio ao qual faz jus como principal arquiteto da chamada Lei Patriota, uma legislação fascistóide que, a pretexto de combater o terrorismo, respaldou atentados flagrantes contra os direitos fundamentais dos cidadãos.
E fica mais uma vez comprovado que democracias passam por fases em que a adoção de práticas totalitárias coincide com a realização de eleições, o funcionamento normal do parlamento, a liberdade de imprensa, etc.
Foi o que aconteceu nos EUA durante o macartismo e também no governo de George W. Bush.
E foi o que aconteceu na Itália durante os anos de chumbo, quando os réus da ultra-esquerda eram torturados pela polícia e depois submetidos a julgamentos farsescos, verdadeiros linchamentos com verniz de legalidade.
O sinistro senador Joseph McCarthy deixou muitos herdeiros, nos EUA e alhures.
Fonte: BBC Brasil
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