As tradições golpistas têm de ser enterradas de vez na América Latina, como um anacronismo incompatível com o século XXI.
A crise hondurenha marcha para um desfecho exemplar.
A Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas aprovou uma resolução unânime repudiando o golpe de Estado e exigindo a recondução ao poder do presidente Manuel Zelaya, que pretende retornar ao seu país escoltado por representantes da ONU e da OEA, além de presidentes sul-americanos.
Com tais guarda-costas, supõe-se que desta vez ele consiga preservar a dignidade do cargo, depois do papelão de domingo. Não consigo imaginar um Getúlio Vargas ou um Salvador Allende deixando-se prender docilmente, em pijamas, pela soldadesca, e em pijamas ser despachado para outra nação.
Aliás, o fato de terem poupado sua vida diz muito. Os verdadeiros líderes, nessas circunstâncias, eles matam.
O certo é que Zelaya forçou a barra ao pretender realizar seu referendo depois que a Justiça o impugnou e o Congresso condenou. Desafiou o inimigo, vê-se agora, sem estar preparado para fazer prevalecer sua posição; subestimou-o tanto que foi dormir o sono dos ingênuos enquanto o poder trocava de mãos.
Os direitistas poderiam ter dado aparência de legalidade à sua deposição, mas também botaram os pés pelas mãos, precipitando os acontecimentos.
Preocuparam-se mais em evitar a realização do referendo, certamente temendo que o resultado lhes fosse amplamente desfavorável e servisse como um trunfo poderoso para Zelaya.
Configurou-se o golpe de Estado, que logo no dia seguinte (2ª, 29) eu já qualificava de "precedente perigosíssimo". Ontem (3ª, 30) Lula repetiu as mesmíssimas palavras e Obama, que se trata de "um terrível precedente". Mais uma vez o mundo se curva a este blogue...
Zelaya foi buscar o apoio da ONU e obteve. Depois, na coletiva de imprensa, comprometeu-se a não insistir na tese da reeleição, que as leis hondurenhas lhe vedam. Afirmou que ficará no governo até o fim do seu mandato, em 27 de janeiro de 2010, voltando então à vida civil "junto com amigos e com a família".
Tudo leva a crer que Zelaya será reempossado, para governar fragilizado os duzentos e poucos dias que lhe restam. Afinal, não terão sido os hondurenhos a lhe devolverem o cargo, mas sim a pressão internacional.
Este será, claro, o melhor desfecho possível, evidenciando que as viradas de mesa já não têm lugar na América Latina do século XXI: nem para manterem um presidente indefinidamente no poder, nem para expeli-lo indevidamente antes do final do seu mandato.
A Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas aprovou uma resolução unânime repudiando o golpe de Estado e exigindo a recondução ao poder do presidente Manuel Zelaya, que pretende retornar ao seu país escoltado por representantes da ONU e da OEA, além de presidentes sul-americanos.
Com tais guarda-costas, supõe-se que desta vez ele consiga preservar a dignidade do cargo, depois do papelão de domingo. Não consigo imaginar um Getúlio Vargas ou um Salvador Allende deixando-se prender docilmente, em pijamas, pela soldadesca, e em pijamas ser despachado para outra nação.
Aliás, o fato de terem poupado sua vida diz muito. Os verdadeiros líderes, nessas circunstâncias, eles matam.
O certo é que Zelaya forçou a barra ao pretender realizar seu referendo depois que a Justiça o impugnou e o Congresso condenou. Desafiou o inimigo, vê-se agora, sem estar preparado para fazer prevalecer sua posição; subestimou-o tanto que foi dormir o sono dos ingênuos enquanto o poder trocava de mãos.
Os direitistas poderiam ter dado aparência de legalidade à sua deposição, mas também botaram os pés pelas mãos, precipitando os acontecimentos.
Preocuparam-se mais em evitar a realização do referendo, certamente temendo que o resultado lhes fosse amplamente desfavorável e servisse como um trunfo poderoso para Zelaya.
Configurou-se o golpe de Estado, que logo no dia seguinte (2ª, 29) eu já qualificava de "precedente perigosíssimo". Ontem (3ª, 30) Lula repetiu as mesmíssimas palavras e Obama, que se trata de "um terrível precedente". Mais uma vez o mundo se curva a este blogue...
Zelaya foi buscar o apoio da ONU e obteve. Depois, na coletiva de imprensa, comprometeu-se a não insistir na tese da reeleição, que as leis hondurenhas lhe vedam. Afirmou que ficará no governo até o fim do seu mandato, em 27 de janeiro de 2010, voltando então à vida civil "junto com amigos e com a família".
Tudo leva a crer que Zelaya será reempossado, para governar fragilizado os duzentos e poucos dias que lhe restam. Afinal, não terão sido os hondurenhos a lhe devolverem o cargo, mas sim a pressão internacional.
Este será, claro, o melhor desfecho possível, evidenciando que as viradas de mesa já não têm lugar na América Latina do século XXI: nem para manterem um presidente indefinidamente no poder, nem para expeli-lo indevidamente antes do final do seu mandato.
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