Paulo Lacerda dirigia a Polícia Federal e, aparentemente, estava fazendo um bom trabalho.
Designaram-no para assumir o comando da Agência Brasileira de Inteligência, tendo um desafeto seu sido escolhido para substitui-lo à frente da PF.
Inconformado, resolveu mostrar que era ele quem ainda mandava no pedaço: utilizando os préstimos de um delegado da PF que se-lhe conservou fiel (Protógenes Queiroz), Lacerda comandou, por baixo dos panos, a Operação Satiagraha.
Quando aquela substância que rima com seu sobrenome foi para o ventilador, Paulo Lacerda tentou canhestramente negar que havia invadido seara alheia, apesar das evidências gritantes em contrário (começando pela cessão de dezenas de agentes da Abin para ajudarem o Protógenes).
Mentiu à CPI das Escutas Clandestinas da Câmara Federal, ao afirmar que nada sabia sobre os grampos telefônicos efetuados por seus comandados da Abin que participaram irregularmente da Satiagraha.
Agora, um agente da Abin chamado Marcio Seltz revelou, em depoimento à CPI, que Lacerda teve acesso, sim, ao conteúdo de parte daqueles grampos: ele recebeu das mãos de Protógenes um pen-drive com áudios dos investigados e o entregou pessoalmente a Lacerda.
O presidente da CPI, Marcelo Itagiba, defende o indiciamento do dito cujo por falso testemunho à comissão: "Não tenho dúvidas de que o Paulo Lacerda foi cabalmente desmentido".
A situação de Protógenes se complica ainda mais, face a esta nova evidência de que conspirava com o chefe antigo contra o chefe novo.
E, graças a esse festival de incompetência e de irregularidades flagradas, os advogados de Daniel Dantas têm agora todos os trunfos legais de que precisam para livrar a cara do seu (obviamente culpado) cliente.
Resumo da opereta: por mais que desnorteados de esquerda insistam em heroicizar esses policiais (esquecendo que a repressão é sempre antípoda da revolução), ambos não passam, na melhor das hipóteses, de trapalhões que cometeram erros crassos na luta interna que travavam contra outra facção planaltina.
Na pior das hipóteses, seriam lambaris a soldo de tubarões com interesses a defender na negociata da Brasil Telecom.
O certo é que, quanto mais distante a esquerda ficar da rima, melhor.
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