quarta-feira, 15 de outubro de 2008

DEU A LOUCA NO PT

Parece que ando secando até pimenteira. Foi só eu aplaudir a atitude de Marta Suplicy, por ter se recusado a adotar o posicionamento homofóbico que uma platéia de pastores evangélicos cobrava dela num evento da campanha do 1º turno, eis que derrapa melancolicamente e acaba consentindo no golpe mais sujo dos últimos tempos.

Macaco velho, no meu post de sábado passado (Um Elogio Para Marta Suplicy) eu não botei minha mão no fogo quanto à manutenção da sua coerência face à derrota iminente: "estou torcendo para Marta não recuar das posições que sustentou corajosamente há algumas semanas".

Dito e feito. O desespero, mau conselheiro, levou os marqueteiros do PT a tentarem virar o jogo com um chute na virilha do Gilberto Kassab. E Marta, que nunca soube perder, mandou os princípios às favas, acreditando que tais insinuações torpes lhe proporcionariam ganhos eleitorais.

O objetivo, claro, foi o de combater a ascensão de Kassab em redutos eleitorais petistas da periferia de São Paulo. É lá que a pecha de bicha não-assumida poderia roubar votos do atual prefeito.

No entanto, como bem apontou Eduardo Suplicy, a candidata do PT está sendo fortemente rejeitada pela classe média paulistana, que até agora não a perdoou por sua frase inconsequente diante da exasperante espera que estava sendo imposta aos passageiros nos aeroportos. Não relaxaram nem gozaram. Preferiram esperar a hora certa para dar o troco a Marta.

Tudo de que ela não precisava, neste momento, é pisar noutro valor que está muito arraigado na classe média: a convicção de que cada ser humano tem o direito de procurar prazer como bem entender, desde que não seja com crianças e haja consentimento mútuo.

Então, qualquer que seja o saldo dessa tática vil, Marta perde.

Se, apesar de sua campanha haver descido ao esgoto, ela for derrotada nas urnas, terá dilapidado também seu capital moral, a um ponto tal que dificilmente se reerguerá.

E se, surpreendentemente, conquistar a vitória eleitoral, seu brilho será tão empanado que de quase nada vai lhe servir.

Ambições presidenciais, nem pensar! Que partido, para disputar a eleição mais importante de todas, apostará numa candidata identificada com preconceitos fascistóides?

Aqueles a quem os deuses querem perder, primeiramente enlouquecem.

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