terça-feira, 9 de setembro de 2008

HOSPITAL PAULISTANO IMPÕE PARTO NORMAL ÀS GESTANTES POBRES

Em julho noticiei e comentei no meu outro blog, O Rebate, que uma mulher fora praticamente assassinada pela incúria do Hospital Estadual de Vila Alpina (na capital paulista), o qual, mesmo diante das evidências gritantes de que se tratava de procedimento de alto risco, ainda assim a submeteu a longa espera na tentativa de forçar o parto normal.

Foi o suficiente para eu receber uma enxurrada de mensagens de um tal GestaMga, grupo de mulheres defensoras do parto normal, tentando me convencer de que se tratava de uma fatalidade e que o chamado parto humanizado é infinitamente superior à cesárea.

Eu me baseara na reportagem de um jornal de bairro que me caiu por acaso nas mãos, a Folha da Vila Prudente. Tive interesse em acessá-lo nas semanas seguintes e acompanhei os desdobramentos do episódio: outras famílias se queixando de danos terríveis às parturientes ou aos bebês pela mesmíssima insistência em forçarem o parto normal, contra a vontade das pacientes; panos quentes e explicações inconvincentes da Secretaria de Saúde; alguma repercussão na mídia.

Liguei para o repórter responsável pela série, Rafael Gonçalo, e fiquei sabendo que a proporção de partos normais no Hospital da Vila Alpina ultrapassa 75%. Trata-se, em suma, de hospital escolhido pela Secretaria de Saúde como cartão postal das excelências do tal parto humanizado. Daí o empenho das fanáticas do GestaMga em abafar o caso.

Mas, se esse grupo me pareceu um tipo de Liga das Senhoras Católicas -- mulheres ricas atrás de alguma ocupação para preencher seu tempo ocioso --, desconfio que o empenho da Secretaria da Saúde não se deva apenas à obsessão em impor às coitadezas a solução que é melhor para elas. Afinal, o parto normal sai muito mais barato para os cofres estaduais e a vida me ensinou que quem pensa o pior dos governos, quase sempre acerta.

Enfim, autoridades e fanáticas têm todo direito de tentarem persuadir as gestantes pobres de que o parto normal é melhor para elas, mas nenhum direito de forçá-las a abdicar da cesárea, se é o que elas preferem.

E, muito menos, de agirem sorrateiramente, não esclarecendo de antemão à gestante que tudo farão para que o parto seja normal.

Essas infelizes obrigadas a recorrer à rede pública estão, na verdade, servindo inadvertidamente como garotas-propaganda de uma campanha promocional do parto humanizado.

Isto é tão inadmissível quanto as experiências com cobaias humanas que os nazistas desenvolviam e nos causam tanta repugnância quando as vemos nos filmes.

Parece que perdemos a capacidade de indignarmo-nos com os descalabros presentes.

5 comentários:

Anônimo disse...

Isto mais me parece experiências nazistas do que qualquer outra coisa, é a máquina de eliminar gente pobre pra cortar gastos "desnecessários para o governo"! Quanto a esse grupo de mulheres sem que fazer, desocupadas mesmo, digo que deixem de chocalhar as joias e façam algo útil! Elas provavelmente não nasceram de parto normal!

celsolungaretti disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Unknown disse...

Informe-se. A cesária mata muito mais que o Parto Normal. Pesquise e depois tire suas próprias conclusões. A assistência ao Parto Normal na maioria das vezes não é o mais adequado, mas dai dizer que Parto Normal é mais prejudicial você deve ter mais embasamento teorico científico. Abçs.

celsolungaretti disse...

Michelle,

não estava discutindo o assunto em tese. Minha preocupação, como defensor dos direitos humanos, é com o fato de que o parto normal estava sendo imposto às pacientes pobres, contra a vontade delas.

Tanto que, além do episódio terminado em óbito, havia outras mulheres se queixando de não lhes terem garantido o direito de escolha.

Vocês têm todo direito de fazerem proselitismo na defesa de vossa posição, mas é errado impor-se às coitadezas que recorrem à rede pública o parto normal, mesmo que seja para o bem delas.

E, quando o assunto é democracia, tenho todo o embasamento de que preciso: sangrei por ela, lutando contra uma ditadura assassina. Nunca mais quero ver meu povo submetido a tutelas indevidas.

Abs.

carol Aguilar disse...

Provavelmente michelle você não é bem informada, parto normal sempre vai ter um percentual maior de sucesso porque quando uma paciente do sus é submetida a uma cesariana ela já esta com algum problema pré estabelicido, ou seja, já vem com alguma alteração. Geralmente a maezinha ou o bebê não morre pela cesária e sim pelo problema pré estabelecido, por exemplo uma eclâmpsia! Ela morreu não devido a cesária e sim que a pressão dela não foi restabelecida assim como as outras alterações conjuntas! Isso quem fala são pessoas leigas, quem deveria estudar sobre o assunto é vocé! Se pegarmos 100 gestantes em otimo estado e dividirmos metade para cesaria e metade para parto normal verá uma equivalencia! Falo isso com propriedade de causa, sou medica e vejo isso a todo instante! No hospital particular onde trabalho a cesariana é marcada com antecedencia de 1 semana da data provavel do parto, vc.ganha nenem hj é liberada amanha, ate hoje nao vi problema algum, no hospital publico nossas gestantes chegam em trabalho de parto e ficam esperando, a cesaria so em ultimo caso ou quando ja pre estabelecido algo incompativel com parto normal que ai nao tem pra onde correr...
Isso é fato notorio... mas o governo quer glamurolizar o parto humanizado sempre acha alguem pra apoiar, até que passa pela situação de dificuldade. Ai pimenta nos olhos dos outros é refresco!

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