quarta-feira, 12 de setembro de 2018

PATRULHEIROS CRICRIS AGORA INVESTEM CONTRA OS CARTUNISTAS. QUEREM TORNAR O MUNDO MAIS CINZENTO E SISUDO AINDA!

"Você não pode simplesmente deixá-la vencer?"
O cartunista Mark Knight é a mais nova vítima dos patrulheiros cricris, esses aprendizes de censores que, cada vez mais, querem acabar com o direito à opinião e com o exercício do humor, tornando o mundo ainda mais cinzento e sisudo do que já é. 

Ele publicou uma charge perfeita no jornal australiano Herald Sun, retratando o dia de fúria da grande tenista estadunidense Serena Williams na final do US Open, sábado passado (8). Eis como o melhor comentarista de tênis brasileiro, José Nilton Dalcim, descreveu o ocorrido:
.
"Serena transformou um grande dia do tênis feminino em sucessivas cenas constrangedoras. Sua discussão cada vez mais ríspida com o árbitro Carlos Ramos incitou a torcida norte-americana, gerou vaias até na cerimônia de premiação e quase deixou em segundo plano a notável façanha de Naomi Osaka, campeã do US Open aos 20 anos com atitude de uma veterana.

Apenas para relembrar, Serena levou advertência por [receber] instrução [do seu técnico, por meio de gestos]  no segundo game do segundo set – havia acabado de ser dominada por indiscutíveis 6/2 –, situação flagrada pela TV oficial e admitida mais tarde pelo próprio Patrick Mouratoglou [o técnico em questão]. Mas OK. Ela reclamou e jurou inocência, como fazem todos os tenistas.
Depois, desperdiçou vantagem de 3/1 com um game ruim de serviço e destruiu a raquete. Levou nova advertência e, como diz a regra, o game seguinte começou com 15-0 para a japonesa. Serena aparentemente não levou em consideração a primeira advertência, sabe-se lá por que supondo que Ramos a havia retirado.

Claro que não. Ficou irritada, continuou a dizer que Ramos havia ofendido sua honra (por acusar de instrução), usou até o fato de ter uma filha. Incrível seu descontrole emocional. Pior. Levou a torcida junto, gente furiosa de pé e dedo em riste na arquibancada, vaias generalizadas que obrigaram a própria Williams a pedir calma ao público.

De 3/1, Serena viu-se atrás por 3/4, já que Osaka fez novamente seu papel com total competência, pouco se importando com os devaneios do ídolo. E então Serena vai para a cadeira e continua a arguir com Ramos. O microfone de quadra capta claramente, assim que ela se levanta para ir à posição de devolução: ‘Você me roubou um ponto, você é um ladrão’.

Aí não dá, né? Ramos teria de ser um tremendo banana para não tomar uma atitude. Abuso verbal, penalidade de um game todo, 5/3. Outro barraco, Serena chama supervisores, mostra que está cansada de ser prejudicada no US Open, afirma (talvez único momento em que lhe dou razão) que muito marmanjo faz coisa pior e ninguém fala nada. Quase chora. Ainda vence seu game...

...Osaka saca com 5/4, capricha em cada golpe, vê até um grande lance da megacampeã, mas liquida a partida".

Só intolerantes rabugentos são capazes de enxergar racismo e sexismo numa charge que apenas pune o péssimo comportamento de uma tenista consagrada ao ver escapar-lhe uma vitória que já dava como certa, contra uma novata que ela nem de longe supunha ser capaz de tal proeza. 

Como estava no seu país, com o público inteiramente a seu favor, de repente percebeu que poderia sofrer uma derrota chocante, já que foi facilmente dominada no primeiro set  e não conseguiu lidar bem com a situação, dando um piti vergonhoso. É exatamente o que o cartunista mostra, com os recursos expressivos (exageros) característicos das charges.

Aí vem uma cambada de palpiteiros que não entende bulhufas de tênis nem de charges e se põe a procurar pelo em ovo. Inclusive a escritora J. K. Rowling, da intragável série do Harry Potter, cujos best sellers que só servem para alimentar o consumo de banalidades supérfluas provavelmente não poderemos mais criticar, sob risco de sermos acusados de sexismo, elitismo ou qualquer outro rótulo oportunista...

A 3ª inflação: bate-boca com o juiz (legendado)...


...e o barraco completo (sem legenda).

2 comentários:

Unknown disse...

Que é isso Celso? O politicamente correto é uma das bandeiras da esquerda. Assim como outras menos nobres... Devidamente escamoteadas da vista do povo. O objetivo é fazer a revolução a qualquer custo, não é mesmo?

celsolungaretti disse...

Sabe desde quando a minha posição é diferente? Em meados da década de 1970, discutimos com militantes do movimento negro uma possibilidade de cooperação. Nós, na linha de que as aspirações dos negros só seriam realmente atendidas numa sociedade livre do capitalismo. Eles querendo obter concessões do sistema.

Nós destacando a importância da união de forças contra o inimigo maior. Eles querendo travar sozinhos a luta limitada por pequenas migalhas e mandando às urtigas a luta principal.

Não houve acordo, claro. Já se passaram quatro décadas. E não retrocedi um milímetro da posição de que todas as lutas menores (hoje chamadas de "identitárias", um rótulo tão pernóstico quanto discutível) de nada adiantam se não contribuírem também para o objetivo maior de darmos um fim à exploração do homem pelo homem e a todas as mazelas que dela decorrem.

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