A Wal que deixou mal o Jair Bolsonaro no debate da Band continuava nesta 2ª feira (13) vendendo açaí no RJ, em horário no qual deveria estar cumprindo seu expediente na Câmara Federal, como funcionária do gabinete do presidenciável ultradireitista.
Passando-se por clientes, um repórter e uma repórter da Folha de S. Paulo compraram de Walderice Santos da Conceição um açaí e um cupuaçu. Puxaram prosa e a ingênua Wal contou que trabalha todas as tardes naquela lojinha que leva seu nome, numa pequena localidade a 50 km de Angra dos Reis.
Segundo os jornalistas, Wal tem como principal atividade o comércio de açaí e também presta serviços particulares na casa de veraneio do Bolsonaro.
Ambos voltaram a falar com a Wal uma hora e meia depois, quando se identificaram como profissionais da imprensa. Perguntaram-lhe então se o Bolsonaro não deveria pagá-la com dinheiro próprio e a coitada disse ser esta "uma coisa que cabe a ele responder".
Ou seja, apesar de seus tocantes esforços para livrar a cara daquele a quem se refere como "meu amigo", não soube sair da saia justa.
Ou seja, apesar de seus tocantes esforços para livrar a cara daquele a quem se refere como "meu amigo", não soube sair da saia justa.
O jornalão paulista já havia feito tal denúncia sete meses atrás e Bolsonaro desmentiu a acusação, inventando uma primeira desculpa esfarrapada, depois uma segunda. Mostrando ser também um simplório, não lhe ocorreu que a Folha mandaria outra equipe ao município, para comprovar a exatidão de sua notícia anterior.
Parece nada ter esquecido nem aprendido desde 1987, quando, ainda como oficial do Exército, expunha minuciosamente seus planos terroristas à Veja e até os ilustrava com desenhos de próprio punho...
Só depois de um novo arrombamento é que o candidato colocou a tranca: pouco após os repórteres terem ido embora, a Wal telefonou à sucursal da Folha em Brasília para comunicar que pediria demissão do seu cargo-fantasma na Câmara, por ela (não) exercido nos últimos 12 anos. Bolsonaro a exonerou.
O patético episódio serve para tirar uma dúvida: o porquê de a Operação Lava Jato nunca ter chegado até Bolsonaro (que faz questão de amiúde vangloriar-se disto, como se fosse um atestado de boa conduta).
A verdade pode ser outra: quem coloca seus serviçais particulares na folha de pagamento do erário é insignificante demais para se tornar alvo da Lava Jato.
Mas, como cesteiro que faz um cesto, faz um cento, dá calafrios pensarmos no que alguém com tal caráter faria se passasse a dispor de muito mais poder.
E, mesmo que os valores não impressionem face às roubalheiras milionárias de que temos tomado conhecimento ao longo deste século, ainda assim caracterizaram-se os crimes de falsidade ideológica e uso fraudulento de verbas públicas, a serem apurados e punidos.
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