quarta-feira, 20 de junho de 2018

A DISTOPIA MUNDIAL E A VOLTA DAS PRÁTICAS NAZIFASCISTAS – 1

"Agora temos
uma orquestra,
só falta um maestro"
(guarda estadunidense face ao choro uníssono de crianças
separadas dos pais e
presas em jaulas
de arame) 
O mundo experimenta hoje um fenômeno migratório das populações dos países periféricos do capitalismo para os grandes centros do chamado 1º mundo como nunca antes ocorreu.

Isto se deve ao fato de as condições de produtividade de mercadorias e o caro financiamento dessa produção e da dívida pública estatal dos países periféricos, em relação aos países que controlam a economia mundial, serem substancialmente diferenciadas para pior. A concorrência é desigual.   

A barbárie em curso nas nações periféricas de um mundo no qual a economia se tornou globalizada, causada pelo descompasso cada vez mais acentuado das condições financeiras e de concorrência de mercado, dá azo ao surgimento de governos tirânicos e grupos paramilitares que dominam pela força das armas as populações pauperizadas e desesperadas.

As populações de tais países só veem uma saída: o aeroporto, para os que podem pagar uma passagem de avião e conquistar a tal cidadania graças a comprovação de riqueza, ou a aventura da emigração, seja pelo mar em embarcações precárias, seja por terra frequentemente atravessando áreas conflagradas. E para quê? Para, no seu destino, serem recebidos como párias da humanidade. 
Secretário-geral da ONU repudiou tratamento desumano às famílias de refugiados e migrantes nos EUA 
A conclusão é igualmente simples: o capitalismo encontrou o seu limite interno de expansão e aquilo que outrora proporcionou a riqueza dos países que conduziram as duas primeiras revoluções industriais logo após o período da colonização escravista direta, agora esbarra na terceira revolução industrial (a da microeletrônica), na qual o trabalho abstrato produtor de valor se tornou mero acessório da produção de mercadorias. 

Com a terceira revolução industrial as massas globais de extração de mais-valia e de valor global diminuíram substancialmente; assim como um organismo vivo desfalece quando falta sangue, o capitalismo mundial ora agoniza, com os países tidos como ricos sobrevivendo por aparelhos (refinanciando suas impagáveis dívidas públicas, emitindo títulos públicos insolváveis e moedas sem lastro, recorrendo, enfim, a expedientes que apenas postergam o inevitável). 

Por sua vez os países periféricos do capitalismo, por não terem as mesmas condições de sustentação artificial das nações ricas, são largados à própria sorte. 
Desertificação avança no Ceará

Tomemos como exemplos alguns fenômenos do Brasil, país que se situa a meio caminho entre as nações empobrecidas e as grandes produtores de mercadorias. 

As terras nordestinas, em grande parte, se tornaram improdutivas, seja por falta de níveis de produtividade que lhes permitam concorrer em condições de igualdade no mercado brasileiro, seja por causa das secas cíclicas, cada vez mais frequentes e intensas com o avanço do aquecimento global.  

Assim, as terras que antes eram dominadas pelos antigos coronéis do sertão, hoje estão simplesmente abandonadas, sendo comum vermos casas em ruínas onde antes moravam grandes contingentes de trabalhadores rurais. 

A reforma agrária no Nordeste se tornou factível porque a substancial redução do valor econômico das terras leva os grandes fazendeiros a almejarem a desapropriação barata pelo governo, para com isto poderem comprar uma casa nos centros urbanos.

Entretanto, tais terras, ocupadas pelos assentamentos rurais, em pouco tempo são também abandonadas, pelos mesmos motivos, ou seja, no capitalismo, ou se produz em grande escala, com equipamentos modernos e pouca mão de obra, ou não se inviabiliza a produção por falta de capacidade concorrencial de mercado.  

No sertão do Nordeste do Brasil até a economia de subsistência já não funciona, pois produzir um quilo de queijo com o leite de poucos animais, torna-se mais caro do que comprá-lo numa venda ou supermercado.   

Evidência recente da disfunção econômica é o que está ocorrendo com o sistema de transporte rodoviário. O custo do transporte de mercadorias está incompatível com o preço dos fretes, pois a elevação do valor deste último não pode ser repassada para o preço das mercadorias em razão da concorrência de mercado e da falta de poder aquisitivo de grande parte da população.
Setor de transporte de carga pressiona pelo aumento do frete

O resultado é a paralisia de todo o sistema de transporte, que pressiona pelo reajuste dos preços dos fretes mas esbarra na depressão de toda a economia. O quadro é de uma septicemia generalizada de todo o organismo econômico.

Outro sintoma é o atual estágio de violência urbana no Brasil, uma verdadeira escalada da barbárie social e da anomia. O problema não pode ser equacionado pelos sábios estudiosos da questão de segurança pública sem analisarem as questões estruturais que lhe são subjacentes, sob pena de ditas discussões se tornarem evasivas e/ou hipócritas. 

Muitos outros exemplos da famigerada inviabilidade econômica que incide sobre grande parte das atividades econômicas poderiam ser aqui citadas. Todas elas mais não são do que sintomas de fenômenos econômicos que denunciam um processo de falência, prenunciando um futuro colapso irremediável. Ai do povo, que será, como sempre, a principal vítima das agruras provocadas por tal processo! (por Dalton Rosado)
(continua neste post)

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