domingo, 3 de abril de 2016

NUNCA DIGA NUNCA RENUNCIAREI

Um ótimo filme para o final desta noite de domingo é Never say never again, que no Brasil recebeu o nome de 007 - Nunca mais outra vez.

O título original é uma ironia com o próprio Sean Connery, que em 1971, depois de 007 - Os diamantes são eternos, prometera nunca mais interpretar o espião James Bond.

Já havia tomado a mesmíssima decisão em 1967, mas uma oferta irresistível o levara a aceitar outra missão.

Refugou de novo em 1983, quando já estava tão inadequado para o papel que precisou disfarçar a careca e espremer a barriga proeminente com uma faixa.

E ainda teve de aguentar a zombaria da produção, ao dar ao filme um título que, em tradução literal, significa nunca diga nunca mais

Enfim, afirmações muito taxativas embutem sempre o risco de reconsideração ou desmoralização.

P. ex., quem diz jamais renunciarei quando já não lhe resta a mais remota chance de continuar governando, mostra apenas descolamento da realidade. 

Pois, a menos que (como Vargas) pretenda sair da vida para entrar na História, terá de escolher entre renunciar ou ser expelida pela via do impeachment ou da cassação do mandato.

A renúncia seria bem mais digna, além de abreviar a agonia do sofrido povo brasileiro.

5 comentários:

L3G10N4R10 disse...

Olá! Boa madrugada a todos... Opinião dos Frias... opinião dos Marinho... opinião dos Mesquita... opinião dos Civitas... opiniões da Fiesp e Fierj... opinião da OAB... opinião (desejo? sonho? vontade? interesse?) pessoal Sua, talvez...
Não quero parecer arrogante, desrespeitoso, mas, honestamente, o somatório de vossas opiniões, não me parecem "Base Legal" o suficiente, para quererem "Determinar" o Término ou Continuidade do Exercício Presidencial de Dilma Rousseff... É o que EU acho... e talvez, mais Alguns Brasileiros ¨por aí¨...

celsolungaretti disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
celsolungaretti disse...

Roberto,

você não percebeu o caráter de meus textos, em primeiro lugar. Não estou PROPONDO, DEFENDENDO ou APOIANDO o impeachment, apenas informo os meus leitores de que, face à deterioração da economia brasileira sob Dilma Rousseff e como ela não tem qualquer possibilidade de reverter o quadro de paralisia do seu governo que já dura 15 meses, inevitavelmente será afastada. Para mim isto não passa de uma obviedade.

Em 1969, quando eu era o mais jovem comandante de uma organização guerrilheira na luta contra a ditadura militar, designaram-me para estruturar e dirigir o primeiro serviço de Inteligência da vanguarda de então. Para nós, era vital percebermos para onde as tendências presentes nos levavam, tentando antecipar os acontecimentos para podermos preparar-nos para reagir a eles.

Como depois me tornei jornalista, acabei passando a vida inteira a projetar e interpretar os cenários futuros. E, modéstia à parte, hoje o faço muito bem.

Então, a partir do isolamento cada vez maior da Dilma e das perspectivas cada vez mais catastróficas da economia, e levando em conta um sem-número de afastamento de presidentes em circunstâncias semelhantes, não tenho nenhuma dúvida de que os dias dela estão contados.

Quanto a base legal, isso é discussão para juristas. A História (que é do que entendo) tem mostrado que, quando um governo está destruindo o país, sempre se descobre ou inventa um motivo qualquer para afastar o governante. O próprio Collor foi absolvido pelo STF, anos depois, dos delitos que justificaram seu impeachment.

Na verdade, o que eu e o editoral da Folha de S. Paulo colocamos em discussão é o que sobrevirá à queda de Dilma: a posse de Temer ou uma nova eleição. É o que realmente resta para decidirmos. A queda é favas contadas, como se já tivesse acontecido.

Então, o que eu realmente PROPONHO, DEFENDO e APOIO são as fórmulas que permitirão, uma vez afastada Dilma, a realização de uma nova eleição presidencial. Torço para que ela renuncie exortando o Temer a renunciar também em nome da necessidade de união nacional; para que a chapa presidencial seja cassada pela Justiça Eleitoral; ou para que o Michel Temer também sofra impeachment. Pois a desmoralização dos políticos hoje é tamanha que só mesmo uma nova eleição poderá dar alguma legitimidade e credibilidade ao sucessor de Dilma.

Mas, sendo Dilma tão teimosa quanto incompetente, prefere ignorar que seu defenestramento é irreversível e que ao espernear para manter-se no cargo só alonga o sofrimento dos brasileiros, submetidos a uma recessão terrível; o impedimento também de Temer é, por enquanto, uma hipótese remota; e tudo leva a crer que a decisão sobre o impeachment saia antes do que o veredicto do TSE.

Vai daí que parecemos marchar mesmo é para a posse de Temer, uma má opção. A cegueira e falta de grandeza dos atores políticos, começando por Dilma, acabará impedindo novamente o povo de decidir os rumos deste país, repetindo o que aconteceu em 1984. É pena.

Torres disse...

Você falou muito e só fez isso! Ñ convenceu. Então eu estou no transito, quatro carros me cercam e não me deixam andar, e eu é que dirijo mal ? As mulhe res sempre levam a culpa do tran sito caótico, os indisciplinados passam por bonzinhos. A vida é uma estrada, vamos respeitar a Lei e a ordem para o fluxo ter continuidade. Valeu meu irmão.

celsolungaretti disse...

Eu não estou tentando convencer ninguém, Torres. Apenas dando uma antevisão do que nos espera simplesmente porque os atos e fatos ocorridos até agora tornam inevitável que tal aconteça.

De uma forma ou de outra, a Dilma cairá porque o Brasil não vai conseguir aguentar por muito tempo a crise econômica atual e seu contínuo agravamento. Isto é tão certo quanto 2 + 2 = 4.

Mas, temos alguma possibilidade de influir na definição do que virá depois dela. Por enquanto, a chance maior é a de que o Temer assuma, uma péssima solução.

Eu vislumbrei há quase um mês a possibilidade de lançarmos uma nova "diretas-já" e a bola de neve começa a crescer. Primeiramente o Clóvis Rossi escreveu algo na mesma linha, anteontem foi o editorial da "Folha" e ontem a Rede Sustentabilidade assumiu a bandeira.

Enfim, Torres, não está em jogo a permanência ou não da Dilma no poder, pois esta hipótese já não existe. Sua queda é mera questão de tempo.

A alternativa agora é Temer ou nova eleição.

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