sexta-feira, 25 de maio de 2012

É ASSIM QUE ACABA O MUNDO


"É assim que acaba o mundo.
É assim que acaba o mundo.
É assim que acaba o mundo.
Não com um estrondo,
mas com um suspiro."
(T. S. Eliot, "Os homens ocos"

Um artigo correto e bem didático sobre a devastação ambiental produzida pelo capitalismo é As nove ameaças à Terra, do ecologista carioca Aristides Arthur Soffiati Netto, doutor em história ambiental pela UFRJ (na qual leciona) e autor de nove livros sobre cultura e meio ambiente.

Eis os trechos principais (a íntegra pode ser acessada aqui):
"Quando perguntamos a um leigo e até mesmo a um estudioso acerca dos problemas que ameaçam a Terra e, consequentemente, a humanidade, a resposta mais rápida aponta para o aquecimento global. Quando muito, para o empobrecimento da biodiversidade. Em 2010, 28 cientistas de renome internacional reuniram-se em Estocolmo, Suécia, para aprimorar o diagnóstico da crise ambiental da atualidade. O resultado foi a identificação de nove ameaças ao planeta.

...Nos 11 mil anos (...) [do] período conhecido como Holoceno, a humanidade domesticou plantas e animais, criando a agricultura e a pecuária, construiu aldeias e depois cidades, inventou a roda, os métodos de polir a pedra, a cerâmica, os tecidos, a metalurgia, as embarcações de longo alcance e a indústria pesada. Tudo aconteceu muito rapidamente. A natureza, no Holoceno, criou condições ambientais favoráveis para que a humanidade desenvolvesse técnicas e tecnologias visando o domínio dela sobre a natureza, na convicção o de que era possível explorá-la em seu benefício sem nenhum preço a pagar.
 Mesmo com oscilações climáticas naturais, o Holoceno apresentou um clima relativamente estável para que a humanidade desenvolvesse suas potencialidades. Apenas uma cultura ousou ir longe demais, ultrapassando os limites da natureza. Foi ela a civilização ocidental, que criou o modo de produção capitalista, um sistema que ignora os limites do ambiente e que os transgride por todos os lados com a finalidade de acumular riquezas.
Na sofreguidão de indivíduos e de Estados nacionais se enriquecerem às custas da natureza e dos pobres, o capitalismo (e por que não também o socialismo?) violentou os limites dos sistemas e processos naturais imprescindíveis à vida na Terra. O resultado foi a construção de uma época geológica, que vem sendo denominada de Antropoceno...
Segundo os cientistas, as nove marcas do Antropoceno são:
1- Mudanças climáticas. Geradas pela emissão de gases do efeito estufa, notadamente o CO2, o aquecimento global está provocando uma rápida mudança no clima do Holoceno, o que compromete as conquistas do mundo ocidental e ocidentalizado, tais como agricultura, pecuária e urbanização.
2- Esgarçamento da camada de ozônio. Governos e empresários se vangloriaram por terem os Estados e as indústrias revertido o processo de desgaste da camada de ozônio por meio de novas técnicas e tecnologias. Este sucesso não resolveu de todo processo de corrosão da camada de ozônio, escudo fundamental para a continuidade das formas de vida mais complexas no planeta. 
3- Acidificação dos oceanos. Mais que as florestas, os oceanos cumprem o papel ecológico de absorver o dióxido de carbono existente na atmosfera e produzir oxigênio. Mas tudo tem limite. Muito gás carbônico e muita absorção dele pelos mares levam à acidificação dos oceanos e à destruição de ecossistemas fundamentais, como os bancos de corais e os animais com carapaça, por exemplo.

4- Água doce. Se o planeta é recoberto por água, muito pouco dela é doce, fundamental à agricultura, à pecuária e à humanidade. A água doce está sendo desperdiçada ou usada para o lucro.

5- Biodiversidade. A noção que os ignaros têm da biodiversidade é que os que a defendem gostam de plantinhas e bichinhos. Acontece que a biodiversidade garante o equilíbrio dos processos biológicos essenciais do planeta.

6- Ciclos do nitrogênio e do fósforo. No Antropoceno, o processamento de nitrogênio e fósforo é muito maior que aquele feito pela natureza, aumentando, assim, os processos de eutrofização das águas doces e salgadas.

7- Uso da terra. A conversão de metade das florestas, principalmente tropicais, em lavouras e pastagens, quebra a capacidade do planeta em exercer suas funções vitais de equilíbrio.

8- Carga de partículas na atmosfera. Atualmente, o lançamento de partículas na atmosfera dobrou desde a revolução industrial. Elas são extremamente nocivas à vida.

9- Poluição química. Cerca de 100.000 diferentes compostos químicos produzidos pelo sistema industrial está sendo aplicado em todo o mundo atualmente, o que vai afetar os seres vivos e a humanidade".

2 comentários:

Maria-Estrela Lunar Amarela disse...

lUNGARETTI,mais um excelente artigo seu que compartilho no face.
Esse assunto é,praticamente, inesgotável. intensos debates e continuamos - e acho que continuaremos - seguindo o mesmo caminho, rumo ao abismo. Soluções só poderiam ser extremadas e causariam, com certeza, distúrbios imensos, para todos. Difícil encontrar um meio termo, em termos de soluções.
Um abraço.
Maria do Rocio Macedo
Maria-Estrela Lunar, no face.

Djijo disse...

E é justamente o ítem 9 que venho falando. Depois eles vêm com essa de fim do mundo por causa do CO2.

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