É instrutiva a leitura da coluna de Ricardo Amaral, A lenda do terceiro mandato acabou ( http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/1,,EMI75182-15230,00.html ).
Ele, inclusive, detalhou (melhor do que eu fiz na versão inicial do meu artigo) quais seriam os obstáculos que a Proposta de Emenda Constitucional pró-reeleição teria de percorrer no Congresso Nacional:
"No caminho da PEC estavam duas comissões da Câmara e do Senado, quatro votações com maioria de três quintos nas duas casas e, finalmente, um referendo popular que teria de ocorrer até o último domingo de setembro".O primeiro empecilho que eu relacionei, dentre os sete que inviabilizariam tal iniciativa independentemente de quaisquer pesquisas do DataFolha, foi a oposição de Lula àquilo que os áulicos quereriam lhe impingir. Amaral é da mesmíssima opinião:
"O principal motivo para não acreditar no terceiro mandato sempre foi a oposição de Lula à ideia. Na primeira entrevista em que foi confrontado com o tema, em março de 2007, o presidente rebateu: “Com democracia não se brinca”. Só naquele ano, foram cinco declarações no mesmo tom e nenhuma palavra diferente, mesmo nas conversas reservadas que os jornalistas descobrem cedo ou tarde. O segundo motivo é que o argumento de Lula está correto. Mudar a regra do jogo seria uma aventura danosa. Numa batalha pelo terceiro mandato, Lula poria em jogo sua biografia e a estabilidade política do país. Seria um preço alto demais para conseguir mais quatro anos no Planalto. Lula já fala de si e de seu governo no passado".Se Lula não almeja o terceiro mandato, a quem ele interessaria, afinal? Para Amaral, foi o que os tucanos pensaram que alguns petistas queriam:
"A lenda do terceiro mandato nasceu de um pesadelo tucano, verbalizado pelo cientista político Leôncio Martins Rodrigues no começo de 2007. “A proposta interessa muito ao presidente, mas também aos sindicalistas empregados em cargos de confiança. Eles têm boas posições no governo e não querem voltar aos sindicatos”, disse Rodrigues na ocasião. Podia ser uma boa especulação acadêmica, mas nunca foi amparada pelos fatos".Enfim, como este é um espaço jornalístico sério, vamos deixar as lendas de lado. Que pasquins como a Folha delas se ocupem, na sua faina dominical para atrair atenção com factóides.
O finado Notícias Populares, que era do mesmo grupo jornalístico, certa vez trombeteou que havia nascido um bebê diabo em São Paulo.
Tratava-se apenas de uma criança muito feia, mas o repórter coloriu a notícia com sua imaginação.
Como o assunto despertou interesse inusitado dos leitores, aumentando sua vendagem nas bancas, o NP resolveu mantê-lo como manchete durante vários dias consecutivos, sem dar a mínima para a verossimilhança. Passou, simplesmente, a inventar relatos cada vez mais fantásticos, tendo o tal bebê diabo como protagonista.
Parece que a Folha vai pelo mesmo caminho. Logo, logo, sua manchete dominical será sobre lobisomem, saci-pererê ou mula-sem-cabeça...
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