Uma sensível reportagem (tecle aqui para acessar) de Camila Corsini, no UOL, vem matar as saudades de quem conheceu o Parque da Mônica em seu primeiro endereço, o Shopping Eldorado, onde funcionou de 1993 a 2010.
E não só as de quem o frequentou como criança. Presumo que muitos marmanjos como eu conservem gratas lembranças das horas lá passadas com seus pirralhos.
No meu caso, era uma verdadeira maratona. Entrava com minha filha mais velha (a Luana, nascida em 2002) logo na abertura, às 9h ou 10h, não tenho certeza, e só saíamos quando estava fechando, às 21h. Passávamos o sábado quase inteiro, ela nas atrações e eu teclando no celular sem nunca perdê-la de vista.
Achava singela a fixação dela nos desenhos rabiscados: passava umas duas horas só produzindo suas obras de arte, eu tinha de avisá-la que havia outras coisas interessantes acontecendo. Mais para me satisfazer ela ia ver comigo, mas logo voltava para os rabiscos.
A primeira década deste século foi de vacas magras para mim, primeiramente lutando para receber o quanto antes minha pensão de anistiado político e depois pagando dívidas remanescentes de quando, desempregado, mal me aguentava com meus frilas.
A pensão chegou em janeiro de 2006, mas o governo companheiro não cumpriu as regras do programa, segundo as quais eu deveria receber em poucas semanas a indenização retroativa pelas mais de três décadas transcorridas desde que sofrera o diabo nas garras dos torturadores do ditador Médici, quase morrendo e ficando lesionado para sempre.
Mas, fazia o impossível para que a Luana de nada fosse privada. Levava-a ao Sesc Pompéia, ao Parque da Água Branca (gratuitos) e, quando o Parque da Mônica entrava em promoção nas férias de virada de ano, adquiria os cinco passaportes disponibilizados para nós e deixava que se esbaldasse.
Só íamos embora quando ela quisesse, mas nunca queria. Conformava-se quando estava fechando e só aguentava acordada até o ponto do ônibus. Dormia nos meus braços e eu a despertava já em casa, para tomar banho e jantar.
Fazia tudo que podia para alegrá-la, mas era também, acreditava eu, porque tinha a obrigação de compensá-la por nem sempre poder proporcionar-lhe tais agrados. Como ela não tinha culpa nenhuma pela grana curta, minha paciência era infinita.
Agora, olhando para trás, admito que eu também, à minha maneira, curtia aquelas jornadas, por mais cansativas que fossem para um cinquentão. E curtia muito!
O chavão é inevitável: eu era feliz e não sabia. (por Celso Lungaretti)
2 comentários:
Matéria do El País reconhece a importância social dos Sesc no Brasil
https://elpais.com/america-futura/2025-06-08/dos-lecciones-desde-brasil-y-colombia-para-enriquecer-el-espacio-publico-en-las-ciudades.html
Assunto pertinente à proteção (ou descaso) da infância no país do Lule :
https://www.cnnbrasil.com.br/politica/parlamentares-querem-derrubar-veto-de-lula-a-pensao-vitalicia-do-zika-virus/
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