REAÇÃO MUNDIAL À
LIMPEZA ÉTNICA DO TRUMP
Com sua proposta de transformar a faixa de Gaza numa Riviera do Oriente Médio, mediante a retirada de sua população, o presidente Donald Trump conseguiu reunir contra si a quase totalidade dos países do mundo.
O secretário-geral da ONU, Antonio Guterrez, alertou contra uma limpeza étnica no território palestino. Já o UOL afirmou que o mundo está vendo tal iniciativa como um plano insano, racista e criminoso.
O absurdo de tal pretensão, uma afronta ao direito internacional, deixou os correspondentes da televisão suíça e francesa em dúvida: é realmente uma proposta para ser levada a sério ou um blefe, uma provocação no estilo de Trump para dar início a negociações?
Caso seja mesmo real a intenção de Trump de entregar aos Estados Unidos o controle da região de Gaza, com o objetivo de torná-la uma atração turística no estilo da Côte d'Azur, isso será um crime inaceitável. Para o Wall Street Journal, que já havia definido como idiota a guerra comercial proposta por Trump, a tomada ou possessão da Faixa de Gaza será catastrófica.
O jornal parisiense Le Monde vai mais longe no seu editorial: "O presidente torna sua a visão da extrema direita racista e supremacista israelense e anuncia um crime de guerra".
Embora nem sempre a imprensa destaque a sintonia existente com as pretensões de Benjamin Netanyahu, o Le Monde faz uma alusão, mencionando que o projeto de Trump, calamitoso para os palestinos, provocará um perigoso messianismo israelense.
E isto não só entre os ultra-ortodoxos judeus: também vibram os evangélicos fundamentalistas estadunidenses, para os quais Trump é o ungido de Deus e a vitória de Israel será o sinal do retorno de Cristo.
Existe mesmo um movimento teológico defendendo tal dominação política. Trata-se da Nova Reforma Apostólica, ligado à teologia do domínio, ao qual pertencem alguns congressistas republicanos e um ex-assessor de Donald Trump, Michael Flynn.
O editorial do jornal suíço Le Temps afirma ironicamente ser a expulsão dos 2 milhões de habitantes de Gaza um sonho de Trump, no qual ele viu a transformação das ruínas de Gaza numa Riviera do Médio Oriente.
Mas o mundo surpreso e abismado vê esse sonho imperialista, podemos dizer, como um pesadelo no qual o emprego da força para um processo de limpeza étnica provocará também a morte de jovens soldados dos EUA. Uma repetição da tragédia da invasão do Iraque, movida por interesses petrolíferos.
De que meios vai servir-se Trump para forçar o Egito e a Jordânia a receberem a população expulsa de Gaza? Talvez nem a Groenlândia, nem o Panamá e nem Gaza sejam alvos de Trump, mas o simples fato de afirmar diante da imprensa e defender esses crimes absurdos constituem motivos suficientes para se colocar em dúvida a sanidade mental de Trump.
O deputado democrata Alexander Green anunciou estar iniciando um movimento para a proposta de um novo pedido de impeachment contra Donald Trump, que já foi alvo de idêntica iniciativa durante seu primeiro mandato.
Mas não se pode esquecer: Trump possui maioria na Câmara de Deputados para derrubar qualquer pedido de impeachment. (por Rui Martins)
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