Sílvio Santos recebeu tratamento de herói nacional, homenageado pelo presidente (argh!) da República, por hipócritas das artes e comunicações, por jogadores de futebol, por tantos quantos se deixam enganar por camelôs e também por aqueles que não são tolos mas carentes de coragem para dizer que o rei estava nu.
Representou o pior que o Brasil produz: um espertalhão com muita lábia, que encheu seus incontáveis baús com a grana sofrida dos pobretões.
Inclusive minha mãe, que comprava seus carnês, nunca ganhava nada nos sorteios e, findo um ano (se bem me lembro), recebia de volta a mesma quantia que gastara na aquisição. Só que a inflação era alta e o que lhe restituíam não significava nem a metade do valor original.
Para piorar, tal merreca tinha de ser utilizada para comprar artigos disponibilizados no próprio Baú da Felicidade, tralha de quinta categoria a preços exorbitantes.
O quadro mais emblemático do Programa Sílvio Santos e do caráter do seu apresentador |
Então, dele sempre lembrarei da decepção de minha mãe quando ia na sua loja de camelô e saía com qualquer tranqueira, sentindo-se lesada mas sempre caindo de novo na mesma arapuca adiante.
E vou lembrar também do dono de TV que invariavelmente puxava o saco de quem estivesse no poder, nem que fosse um tirano sanguinário como o Médici!
E do bilionário que durante décadas aporrinhou o grande Zé Celso, ameaçando desfigurar o Teatro Oficina.
Mas, por que fez tanto sucesso, apesar de ser o pior tipo do sanguessuga, aquele que chupa o sangue dos coitadezas?
A música abaixo dá a resposta: porque quem na conversa vende algodão por veludo sempre se dá bem no Brasil, pois aqui tem bobo pra tudo. (por Celso Lungaretti)
Um comentário:
...O Homem do Baú...
https://jacobin.com.br/2024/08/a-face-mais-carismatica-e-implacavel-do-capitalismo-brasileiro/
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