Da esq. p/ a dir., Robert Kennedy (Steven Culp), John Kennedy (Bruce Greenwood) e Kenny O'Donnell (Kevin Costner): esforços desesperados para evitar o pior. |
Nunca o mundo temeu tanto a eclosão de uma apocalíptica guerra atômica entre grandes potências como na segunda quinzena de outubro de 1962, quando da crise dos mísseis cubanos.
Hoje (14) se completam exatos 60 anos desde que os Estados Unidos divulgaram fotos de um voo secreto sobre Cuba, mostrando que havia cerca de 40 silos para abrigar mísseis nucleares na ilha.
A informação chegara à CIA graças ao coronel Oleg Penkovsky, da Inteligência Militar soviética, que desde 1960 vazava para os estadunidenses documentos sigilosos que estavam ao seu alcance. Era tão bombástica que os EUA hesitaram em crer nela, preferindo esperar que o clima melhorasse em Cuba para poderem confirmá-la com voos pilotados. E a evidência foi cabal.
No dia seguinte, o presidente John Kennedy deu um ultimato à URSS, exigindo a imediata remoção dos mísseis.
Começavam a transcorrer, então, os 13 dias que abalaram o mundo, título, aliás, do filme mais notório sobre tal crise, dirigido por Roger Donaldson e lançado no ano 2000. Assistam-no, completo e dublado, na janelinha do rodapé.
Está longe de ser uma obra-prima, mas é basicamente correto, com as limitações de praxe das produções de Hollywood, como algumas simplificações e/ou distorções históricas, enfoque um tanto heroicista e o destaque excessivo que dá ao assessor de imprensa de John Kennedy, Kenny O'Donnell (Kevin Costner), que não estava com essa bola toda.
Mas, a ameaça que tal filme colocou em evidência foi bem real, embora o cinema de entretenimento evitasse dimensioná-la melhor (claro!) para não despertar o cidadão comum de sua letargia esplêndida. Não está clara a forte possibilidade de extinção da vida na Terra, fica parecendo que apenas as duas nações litigantes sofreriam.
Em todos os países as pessoas passavam os (talvez últimos) dias com os ouvidos colados nos rádios e lançando olhares angustiados para o céu, à beira do pânico.
Kruschev e Kennedy resistiram à pressão de seus falcões |
Jamais estiveram tão presentes nas mentes e tão opressivas nos corações as imagens dantescas dos genocídios de Hiroshima e Nagasaki, quando mais de 200 mil seres humanos foram imolados, parte instantaneamente, parte após lenta e terrível agonia.
A União Soviética, inicialmente, não cedeu. Pelo contrário, ao saber que os estadunidenses tinham iniciado um bloqueio naval e aéreo de cuba, despachou uma frota que o tentaria romper por mar.
Um único disparo e começaria a reação em cadeia! Estava-se a um passo da guerra nuclear entre aquelas duas nações que detinham poder destrutivo suficiente para encerrar a aventura humana sobre a Terra.
Foram mesmo 13 dias que apavoraram o mundo, enquanto se desenvolviam tensas negociações entre os governos de John Kennedy e Nikita Kruschev. Nunca os cidadãos estadunidenses compraram tanto cimento e tijolo como nesse período em que construíam sofregamente arremedos de abrigos nucleares em suas casas.
A crise dos mísseis cubanos terminou com cada lado cedendo um pouco, para que o mundo pudesse suspirar aliviado. A explosão de júbilo foi tamanha que um número espantoso de nenês foi dado à luz nove meses depois. E há quem veja no desafogo após a tensão um ingrediente do sucesso, logo após, dos Beatles. A vida vencera a morte e celebrava seu triunfo.
Os EUA concordaram em, posteriormente e sem alarde, retirarem mísseis similares que haviam instalado em novembro de 1961 na Turquia e na Itália.
Comprometeram-se, ainda, a nunca mais realizarem ou estimularem invasões de Cuba, como a que a CIA e os gusanos (exilados cubanos radicados nos EUA) haviam tentado em abril de 1962 na Baía dos Porcos.
Kruschev, por sua vez, ordenou o desmantelamento dos silos e a retirada dos mísseis de Cuba, saindo do episódio com uma vitória real (obtivera as contrapartidas desejadas) e uma derrota propagandística, pois concordou em manter secretas as cláusulas que lhe eram favoráveis.
De quebra, as superpotências decidiram colaborar para que novos sobressaltos fossem evitados, tendo sido instalada uma ligação telefônica direta (o famoso telefone vermelho) entre Kennedy e Kruschev, para que se entendessem antes de os pequenos problemas virarem grandes crises. (por Celso Lungaretti)
Um comentário:
Um dia o bode cansa de entrar e sair da sala! rsrsrs
Nada a temer.
Jogos de soma zero não ocorrem naquele nível de poder. É tudo propaganda.
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