Não bastasse o sofrimento de ter passado vários meses impedida de se submeter a um aborto após ser estuprada, a menina de Santa Catarina agora recordará seu pesadelo, à medida que esteja sendo exposto e explorado numa CPI.
Uma deputada bolsonarista conseguiu levantar assinaturas para instauração da comissão, mesmo não havendo absolutamente nada para se investigar, pois o procedimento foi autorizado pela justiça, com aval do Ministério Público.
É inconcebível uma garota de onze anos ser mãe. Mesmo que não fosse vítima de estupro, ela teria direito ao procedimento diante do simples fato de que o aborto deve ser uma escolha livre das mulheres, não sujeita ao crivo moralista de qualquer cidadão.
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Depois de torturada pela juíza que tudo fez para que desistisse do aborto, agora seu caso voltará à baila sem nenhum motivo real |
No caso de alguém tão jovem, trata-se de procedimento absolutamente imperativo.
A estigmatização do aborto anda de mãos dadas com a demonização do ensino sexual. Os responsáveis por negar este direito às mulheres também combatem ferozmente o acesso ao conhecimento sobre sexualidade e o uso de medidas contraceptivas. Rotulam como sendo incentivo ao sexo falar às crianças e aos adolescentes a respeito deste assunto.
Devem achar que o desejo sexual é uma criação da esquerda...
No fim, tal CPI servirá apenas para garantir mais votos a seus membros em época de baixa do bolsonarismo. O pânico moral serve bem à extrema-direita, mesmo que à custa de manter abertas as feridas de uma menina que já sofreu demais. (por David Emanuel Coelho)
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