— a inflação causada pela emissão de moeda sem lastro e sem conexão com a produção de mercadorias, que vem atingindo todas as moedas nacionais (até a China, que exportava deflação com a queda continuada de preços de mercadorias, está sofrendo com a inflação);
— as mudanças climáticas acentuadas, decorrentes do aquecimento global;
— o desemprego estrutural, causado pelo continuado aumento da obsolescência do trabalho abstrato produtor de valor e do qual se extrai a mais-valia que propicia a acumulação do capital;
— a guerra por hegemonia monetária entre o ocidente capitalista (dólar e euro) e a Eurásia capitalista (rublo, yuan e rúpia);
— a renitente guerra da Ucrânia, que ganha contornos cada vez mais abrangentes entre os polos ocidental e euroasiático.
Da conjugação destes fatores resulta a queda do crescimento do PIB mundial, sem o qual o endividamento público crescente mundo afora se torna explosivo até para o pagamento do serviço da dívida (leiam-se juros extorsivos) dos países pobres e rolagem de sua dívida colossal (leiam-se juros insignificantes, gratuitos ou decrescentes) para os países ricos.
O nome dessa tempestade perfeita é depressão econômica mundial, também traduzida como aumento da pobreza e da fome mundiais.
Estaríamos, pois, às portas de um fenômeno econômico como aquele que foi iniciado em 1929 com o crash da Bolsa de Nova York e que estendeu-se até a eclosão da 2ª Guerra Mundial em 1939: a chamada grande depressão.
Por conta já do início da depressão econômica e da pandemia de covid, o PIB mundial de 2019 já ficara em apenas 2,6%.
Mas, quando despencou para -3,4% em 2020, tal negatividade colocou em polvorosa o mundo capitalista, ciente de que a relação social fundada em moedas fiduciárias não resiste a um abalo sísmico como o decorrente da inviabilidade do necessário crescimento na produção da massa global de valor.
O dinheiro, mercadoria especial, a única sem valor de uso e representativa do valor (em tese, porque só assim deveria ser, mas já não é), funciona como o equilíbrio de uma bicicleta em movimento. Sem velocidade suficiente (seu aumento contínuo de valor válido) ele bambeia e cai.
Com demanda reprimida de dois anos e o surgimento das vacinas contra a pandemia da covid19, que flexibilizou em parte o convívio social, a produção de mercadorias e o consumo, o PIB mundial cresceu em 2021 para 5,5%, ainda menor do que o que fora previsto, mas deu uma melhorada.
Mas, com alguns dos fatores conjugados na cena capitalista, antes referidos, voltando (como o medo do alastramento da pandemia na China que provoca um severo lockdown por lá), ou outros surgidos (como o prolongamento da guerra da Ucrânia, que se imaginava de solução rápida), a previsão de crescimento do PIB mundial já está sendo reduzida para 4,1% ao ano para 2022, ou menos disto, e para 3,2% em 2023.
1937: pobres enfileirados para receber doações, exatamente à frente de outdoor enaltecendo o modo de vida dos EUA |
E agora está sob ameaça de perder parcialmente a guerra de fato, militarmente, ainda que isto não seja de todo provável.
A China foi buscar lã e saiu tosquiada. Enfrentando problemas internos no setor imobiliário e de produção de energia, está se vendo com um aumento da inflação para o setor produtivo de mercadorias de 10% no ano de 2021, e com isto perdeu competitividade no mercado mundial.
Apesar de um resultado (até inesperado) para o primeiro trimestre de 2022, já enfrenta queda na produção e consumo em face do lockdown (acima referido) em algumas regiões importantes, como o seu polo industrial e comercial mais forte situado na cidade de Xangai.
"A China está vendo profundas saídas de capital estrangeiro à medida que aumentam as dúvidas sobre sua capacidade básica de investimento", disse Brock Silvers, diretor administrativo da Kaiyuan Capital, uma empresa de investimentos em private equity com sede em Xangai.
O país vem empreendendo ampla repressão regulatória para o setor privado desde 2020, o que tem deixado os investidores internacionais com as barbas de molho.
Definitivamente não é apenas o medo da pandemia que está causando problemas para a China, mas também o anúncio do seu alinhamento sem limites com a política do Kremlin. (por Dalton Rosado – continua neste post)
Graça Santos interpreta mais uma composição do Dalton
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