segunda-feira, 17 de janeiro de 2022

DJOKOVIC MOSTROU QUE NÃO ESTÁ NEM AÍ PARA O SOFRIMENTO ALHEIO E O GOVERNO AUSTRALIANO TAPOU O SOL COM A PENEIRA

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ovak Djokovic não passa de um péssimo ser humano, que só se preocupa com seus interesses mesquinhos e está pouco ligando para as consequências inclusive letais que possam advir do seu exemplo negacionista. Isto é indiscutível.

Mas, tal obviedade não me fará fechar os olhos ao fato de que o governo australiano também se portou miseravelmente e tem culpa, sim, por essa lambança com o tenista.

O certo é que Djokovic recebeu uma garantia de impunidade que jamais lhe deveria nem poderia ter sido concedida (a de que não precisaria comprovar vacinação para poder participar do Aberto da Austrália), mas o privilégio repercutiu tão mal no país que o governo recuou para fazer média com a galera. 

E, como ficou numa posição desconfortável, partiu para um ridículo autoritarismo, demonstrando ter tanta abertura para a autocrítica quanto o Lula (ou seja, nenhuma!).

Em primeiro lugar, bastaria não ter acenado com nenhuma válvula de escape, comunicando claramente a Djokovic que sem vacinar-se ele não participaria de um grand slam do qual era franco favorito, e nada disso teria ocorrido. 

Problema criado, não cabia mesmo às autoridades honrar a decisão estapafúrdia com a qual chegaram a flertar, mas deveriam ter a dignidade de admitir sua leviandade inicial.

Se fossem maiores do que Djokovic, lhe pediriam desculpas pelo ziguezague decisório, determinariam sua saída do país mas nem pensariam em proibi-lo de pisar o solo australiano por três anos. Seria mera retaliação de quem também botou os pés pelas mãos. 

Enfim, eu não apostaria um centavo em que isso seja pra valer. Quando a poeira baixar, é imensa a possibilidade de darem o dito por não dito, estendendo-lhe o tapete vermelho no Aberto de 2023. 

O show não pode parar. (por Celso Lungaretti)

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