Septuagenário, ele quis tirar o diploma de jornalista que nunca lhe fizera falta |
A derradeira das centenas de crônicas escritas por Apollo Natali foi-me enviada pela sua acompanhante, diretamente do hospital, por SMS.
Como vinha então procedendo, ele a iniciou e definiu todos os parâmetros; aí, fatigado, me pediu que cuidasse do acabamento, acrescentando mais nomes de médicos responsáveis por grandes avanços na arte de curar.
Fiz o melhor possível e a publiquei no mesmo dia, 9 de julho de 2018, três semanas antes de sua morte.
Se eu ainda fosse capaz de chorar, o teria feito ao transcrever texto tão dolorosa mensagem. Mas, tentei encerrar o post em clave otimista, ao incluir esta observação:
"...as perspectivas de recuperação do Apollo são boas.
Os muitos admiradores (começando por mim!) não ficarão privados tão cedo de suas belíssimas crônicas. O mestre ainda não tem nossa permissão para encerrar o curso..."Vã ilusão. Mas, que ser humano admirável ele foi, a ponto de, vendo a morte aproximar-se, querer deixar registrada sua gratidão aos salvadores de outras vidas!
Sua última crônica nos deu a dimensão exata da grandeza de sua alma. (CL)
"Essa é toda a minha vida. Meu castelo. Bonito ele, não?" |
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apollo natali
QUANDO NOSSOS
CASTELOS DESABAM
O jornalismo é a paixão da minha vida. Minha praia, minha escola, minha luz.Imprensa: deusa tutelar da espécie humana.
Jornalista: guardião da espécie humana.
Tenho 60 anos de exercício do jornalismo na imprensa escrita.
No papel jornal, revistas e jornais, 40 anos.
Outros 20 na imprensa escrita na blogosfera. Mais de meio século de manancial de aprendizado sobre jornalismo e a vida.
Minha casa em São Paulo construí com as próprias mãos.
Comecei aos 16 anos. Ao longo dos anos, telhas pesadas, vigas pesadas, tijolos pesados. Mãos pequenas. Briga boa e longa.
Essa é toda a minha vida. Meu castelo. Bonito ele, não?
Pioneiros na descoberta dos antibióticos: Louis Pasteur... |
Lindos sejam todos os castelos, todas as vidas.
Aos 82 anos, percebi agora há pouco, minha vida passou. A caravana, lá vai ela, na curva da montanha.
Sempre tive saúde perfeita. Nunca bebi, jamais fumei, em tempo algum me droguei.
Sem fazer barulho, ele me procurou.
Quimioterapias, susto, medo, choro, emoções desencontradas.
Como é triste morrer, dizem-me os pesadelos.
Meu castelo é só escombros.
Na cama do hospital, uma picada ou outra de injeção, figuras silenciosas, médicos, enfermeiros, enfermeiras, cuidam dos que sofrem. Primeira pergunta: sente dor?
Agora eu deliro.
...e Alexander Fleming. |
Envia-nos o Criador, de tempos em tempos, almas especiais. Obtém meios em defesa da vida. Tarefa impossível nomear todos desde que mundo é mundo.
Pioneiros na descoberta dos salvadores antibióticos: Joseph Lister, em 1860. Pasteur, Joubert, Fleming em 1928, Em 1869, Czech¸ Honi, Bukowsky, Paul Ehrkucem. Em 1935, Kolebookl. Em 1936, Keny.
A penicilina, o primeiro antibiótico da história, descoberta em placas contaminadas com bolor, é do médico escocês Alexander Fleming. Sua teoria foi festejada com êxito por Fleury e Chain, em 1940.
A palavra vacina, em latim significa de vaca. Por analogia passou a designar todo o inóculo com capacidade de produzir anticorpos. No século 18 a varíola era uma das doenças epidêmicas com maior índice de mortalidade.
Alguns brasileiros: Oswaldo Cruz, febre amarela. Miriam Tendler, de Manguinhos, desenvolveu a vacina contra a esquistossomose, causadora de morte de 300 milhões de cabeças de gado e outro tanto de seres humanos.
Emílio Gonçalves Ribas. Combatente de endemias, criador de instituições meritórias, como o Instituto Butantã.
O gás hilariante foi descoberto em 1776 pelo cientista e ministro presbiteriano inglês Joseph Priestley.
O médico escocês James Simpson de Edimburgo foi o primeiro a usar o clorofórmio em 1847. Sua teoria foi largamente aceita pela medicina em 1853.
Uns e outros são do contra. Fernando Collor de Mello, ex-presidente, convidou a deixar o país, por suas críticas à vacinação, o benfeitor da humanidade criador da vacina contra a poliomielite, Albert Sabin.
Muito agradecido por delirarem comigo. (Apollo Natali)
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