Klaus Maria Brandauer, mais convincente como Danton do que Gerard Depardieu
Foi com enorme satisfação que, em julho de 2018, disponibilizei cá no blog o melhor filme existente sobre um dos momentos culminantes da história da humanidade: A revolução francesa. Ele foi lançado em 1989 na onda do bicentenário, mas passa longe daqueles filmes de efeméride louvaminhas tipo Independência ou morte.
Como amiúde acontece com os filmes postados no Youtube, foi retirado do ar por exigência dos comerciantes detentores dos direitos, mas está novamente lá, daí eu o estar relançando aqui também. Vejam-no enquanto é tempo...
Serve como introdução para os que nunca se aprofundaram no assunto, pois é um perfeito resumo dos episódios mais marcantes da primeira revolução que abalou o mundo (a inglesa também é considerada uma grande revolução, mas foi muito menos influente além-fronteiras e teve um desfecho pra lá de pífio, o estabelecimento de uma monarquia constitucional).
Para os revolucionários de hoje, recomendo especial atenção a algo que tirou o sono de várias gerações de nossos antecessores ilustres: os caminhos tortuosos que conduziram ao desvirtuamento de um movimento que começou com os melhores propósitos, acertando em quase tudo, mas depois descambou para matanças desnecessárias e inaceitáveis.
Para os revolucionários de hoje, recomendo especial atenção a algo que tirou o sono de várias gerações de nossos antecessores ilustres: os caminhos tortuosos que conduziram ao desvirtuamento de um movimento que começou com os melhores propósitos, acertando em quase tudo, mas depois descambou para matanças desnecessárias e inaceitáveis.
Até que ocorresse a Comuna de Paris, o fantasma da revolução devorando os próprios filhos assombrava os grandes nomes do marxismo e do anarquismo, como algo cuja repetição deveria ser evitada a todo custo.
Depois, contudo, o pesadelo do Terror de 1792/1794 foi relativizado pelo massacre bestial dos communards na semana sangrenta de 22 a 28 de maio de 1871.
Se a Revolução Francesa fora longe demais no uso da força, pareceu a muitos que a Comuna de Paris exagerara na brandura com os inimigos, ao passo que estes foram implacáveis no momento de seu triunfo.
Se a Revolução Francesa fora longe demais no uso da força, pareceu a muitos que a Comuna de Paris exagerara na brandura com os inimigos, ao passo que estes foram implacáveis no momento de seu triunfo.
Enfim, há muito a ser visto e refletido a partir dos filmes da duologia A revolução francesa, que reúne Os anos luminosos e Os anos terríveis. O primeiro trazendo o grande Robert Enrico como diretor e encerrando-se com o guilhotinamento do rei; e o segundo dirigido por Richard T. Heffron e findando com o guilhotinamento de Robespierre, ambos tendo o saudoso Christopher Lee no papel de carrasco (uma figura impactante, assustadora!).
Quem o postou no Youtube o dividiu em quatro partes, legendadas. As cinco horas e meia passam voando.
Quem o postou no Youtube o dividiu em quatro partes, legendadas. As cinco horas e meia passam voando.
Destaque para o Danton mais discreto que Klaus Maria Brandauer compôs, em contraste com o de Gerard Depardieu em Danton – o Processo da Revolução (1983), de Andrzej Wajda. Parece-me um daqueles casos em que o diretor não soube ou não quis conter o estrelismo do grande ator, permitindo que ele roubasse a(s) cena(s).
Andrzej Seweryn também é mais apropriado como Robespierre do que o escolhido por Wajda, Wojciech Pszoniak. E Sam Neill está surpreendentemente bem como La Fayette.
Andrzej Seweryn também é mais apropriado como Robespierre do que o escolhido por Wajda, Wojciech Pszoniak. E Sam Neill está surpreendentemente bem como La Fayette.
Vale também notar que a duologia mostra Robespierre dando uma apreciável contribuição à revolução e sendo um bom ser humano até que sua lógica inflexível o começa a tanger para decisões cada vez mais terríveis. Apesar das dificuldades daqueles momentos, é difícil entender por que ele muda tão drasticamente (por ser escravo da razão, uma fria abstração? porque o poder o desnorteia?).
Saint-Just (Christopher Thompson) é seu parceiro na descida aos infernos, sempre estimulando-o a agir com inclemência. E Marat (o também saudoso Vittorio Mezzogiorno) é enfocado de forma surpreendente para quem guarda a lembrança de Marat/Sade, a peça célebre de Peter Weiss: não um amigo do povo (como era o nome do seu jornal), mas um sanguinário que, diante de qualquer derrota importante, clamava pela execução exemplar de 100 mil traidores! (por Celso Lungaretti)
Aproveito a oportunidade para postar o hino nacional mais empolgante
e viril de quantos já escutei, com versos que são um chamamento
ao campo de batalha e não uma flácida poesia xaroposa
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