terça-feira, 21 de julho de 2020

MINHAS LEMBRANÇAS DO LABORATÓRIO QUE PODERÁ VENCER O CORONAVÍRUS

De todas as tentativas para se desenvolver uma vacina contra a Covid-19, a mais promissora neste momento é a resultante da parceria entre a Universidade de Oxford e o laboratório AstraZeneca

Fiquei contente ao saber, pois, em cerca de duas décadas nas quais ganhei meu pão trabalhando em agências de comunicação empresarial, a AstraZeneca foi uma das empresas menos criticáveis que divulguei.   

Um dos motivos era ela ter então como presidente no Brasil (ignoro se o atual foi escolhido da mesma maneira) um profissional selecionado mediante concurso, único exemplo dessa prática em pelo menos uma centena de companhias com as quais me relacionei como prestador de serviços jornalísticos.

Foi a ADS Comunicações que, como contratada da britânica Zeneca, fez toda a divulgação à imprensa da fusão com a sueca Astra, em 1999. E o redator incumbido dessa conta era eu, embora a minha função principal fosse a de gerenciar a produção dos jornais e revistas dos clientes.

Pelo menos uma vez por mês eu pegava a rodovia Raposo Tavares e ia até Cotia (SP), onde me reunia com seus principais dirigentes para acertarmos detalhes de trabalho. [Um bônus que eu sempre me concedia era, na volta, dar uma parada no Rancho da Pamonha...]
Quantas vezes entrei aí! A vida passa num piscar de olhos... 

Como tinham todos um perfil mais de acadêmicos que de empresários, nossos papos amiúde se desviavam para assuntos gerais e eu deles extraía muitas informações valiosas para minhas análises de economia e política.

Lembro-me de que, quando uma pequena quantidade de um medicamento saiu com dosagem errada impressa na embalagem, o que poderia levar consumidores desatentos a tomarem o dobro das cápsulas de que necessitavam, o recall foi simplesmente perfeito, sem poupar despesas nem sonegar informações ao público e às autoridades.

É claro que, embora eu admirasse a AstraZeneca como uma empresa mais ética do que outros grandes laboratórios com os quais me relacionei profissionalmente, nunca me passou despercebido que os vultosos investimentos na pesquisa e desenvolvimento de produtos para melhorar a qualidade de vida de cancerosos já sem possibilidade de cura seriam melhor utilizados se sua destinação fosse a P&D de medicamentos para curar o câncer.

[O que equivaleria a matar a galinha dos ovos de ouro, pois ricaços  com o pé na cova pagavam os olhos da cara para não sofrerem muito nos seus meses ou semanas finais. Por que não se limitavam à velha morfina, ao invés de empobrecerem os herdeiros?!]  
Então eu era assim

Enfim, seria injusto eu criticar a AstraZeneca por ser uma empresa capitalista (ela o era porque nós vimos nos mostrando incompetentes para superar o capitalismo desde que ele se tornou totalmente desnecessário e nocivo para a humanidade). Pelo menos, na comparação com outros gigantes da indústria farmacêutica, até onde eu sabia, ela era menos predadora e insensível.

É o que está demonstrando agora, ao atuar no desenvolvimento e produção da vacina contra a Covid-19 sem intenção de lucro. (por Celso Lungaretti)

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