terça-feira, 17 de setembro de 2019

POLÍTICA ECONÔMICA DE TRUMP FRACASSA E ELE DEVERÁ PERDER O CARGO EM 2020. BOLSONARO SEGUE SEUS PASSOS...

Toque do editor
Trump está em pânico total pelo fracasso de suas políticas econômicas em produzir os resultados prometidos, sustentou o Prêmio Nobel de Economia Paul Krugman em sua coluna no New York Times.

E, como esta afirmação poderia causar alguma estranheza, Krugman pôs-se a explicá-la. Vale a pena lermos sua análise, principalmente pelo cenário que projeta para a próxima eleição presidencial estadunidense, marcada para novembro de 2020:
Por que Trump está em pânico?

Afinal, enquanto a economia está desacelerando, não estamos em recessão, e não está claro que haja uma recessão no horizonte. Não há nada nos dados que justifique um estímulo monetário radical —estímulo, a propósito, que republicanos, incluindo Trump, denunciaram na época de Obama, quando a economia realmente precisava dele.

Além disso, apesar das alegações de Trump de que o Fed [a Reserva Federal dos EUA] de certa forma fez alguma loucura, a política monetária foi realmente mais flexível do que a própria equipe econômica de Trump esperava ao fazer suas previsões otimistas.

No verão de 2018, as projeções econômicas da Casa Branca previam que neste ano as taxas de juros para três meses seriam em média de 2,7%, enquanto as taxas para dez anos seriam de 3,2%. As taxas reais enquanto escrevo são de 1,9% e 1,7%, respectivamente.

Embora não haja uma emergência econômica, porém, Trump parece sentir que está enfrentando uma emergência política. 

Ele esperava que uma economia em expansão fosse seu grande tema vencedor no próximo ano. Se, como agora parece provável, o desempenho econômico for medíocre, na melhor das hipóteses, ele está em sérios apuros.

Lembre-se de que as duas principais políticas econômicas de Trump foram seu corte de impostos em 2017 e sua guerra comercial com a China, em rápida escalada. O primeiro deveria levar a uma década ou mais de rápido crescimento econômico, enquanto a segunda deveria reviver o setor fabril nos EUA.

Na realidade, porém, o corte de impostos proporcionou no máximo alguns trimestres de maior crescimento. Mais especificamente, os enormes incentivos fiscais para as empresas não geraram o aumento prometido nos salários e no investimento nos negócios; em vez disso, as empresas usaram o dinheiro para recomprar ações e pagar dividendos maiores.

Ao mesmo tempo, a guerra comercial acabou sendo um grande estorvo para a economia —maior do que muitas pessoas, inclusive eu, esperavam. Até o outono passado, a expectativa geral era de que Trump lidaria com a China da maneira como lidou com o México: fazer algumas mudanças, principalmente cosméticas, nos acordos existentes, cantar vitória e seguir em frente.

Quando ficou claro que ele realmente falava sério sobre o confronto, no entanto, a confiança das empresas começou a cair, arrastando o investimento para baixo.

E os eleitores notaram: o índice de aprovação de Trump na economia, embora ainda ligeiramente superior à sua aprovação geral, começou a declinar. Portanto, o pânico exige que o Fed remova todos os obstáculos.

Mas embora Trump perceba que está com problemas, não há indicação de que ele entenda o porquê. Ele não é o tipo de pessoa que admita, mesmo para si próprio, que cometeu erros; seu instinto é sempre culpar alguém enquanto aposta o dobro em suas políticas fracassadas.

Mesmo os atos que parecem um ligeiro abrandamento das políticas, como o anúncio de um prazo de duas semanas para a implementação de algumas tarifas à China, revelam uma profunda incompreensão do problema —o que tem tanto a ver com seus caprichos quanto com as tarifas em si.

Os ziguezagues das políticas, mesmo que envolvam adiar as tarifas, apenas aumentam a incerteza sobre o que ele vai ou não fazer, o que leva as empresas a suspender os investimentos.

Então o que acontecerá agora? Trump poderia reverter o curso e fazer o que a maioria das pessoas esperava um ano atrás: fechar um acordo com a China que restaure mais ou menos a situação anterior.

Mas isso seria de fato uma admissão de derrota —e neste momento não está claro por que os chineses confiariam que ele honraria um acordo desse tipo após a eleição. 

O fato é que, no que se refere à política econômica, Trump está num lugar ruim, preso na própria armadilha.
.
(por Paul Krugman)

4 comentários:

Fausto Neves disse...

Celso --- estou enviando --em duas partes --o artigo do Krugman de ontem no NYT

Parte 1/2
Republicans Don’t Believe in Democracy
By Paul Krugman
• Sept. 16, 2019
Item: Last week Republicans in the North Carolina House used the occasion of 9/11 to call a surprise vote, passing a budget bill with a supermajority to override the Democratic governor’s veto. They were able to do this only because most Democrats were absent, some of them attending commemorative events; the Democratic leader had advised members that they didn’t need to be present because, he says, he was assured there would be no votes that morning.
Item: Also last week, Representative Adam Schiff, the Democratic chairman of the House Intelligence Committee, issued a subpoena to the acting director of national intelligence, who has refused to turn over a whistle-blower complaint that the intelligence community’s inspector general found credible and of “urgent concern.” We don’t know what the whistle-blower was warning about, but we do know that the law is clear: Such complaints must be referred to Congress, no exceptions allowed.
On the surface, these stories may seem to be about very different things. The fight in North Carolina is basically about the G.O.P.’s determination to deny health care to low-income Americans; the governor had threatened to veto any budget that didn’t expand Medicaid. The whistle-blower affair probably involves malfeasance by high government officials, quite possibly President Trump, that in some way threatens national security.
What the stories have in common, however, is that they illustrate contempt for democracy and constitutional government. Elections are supposed to have consequences, conveying power to the winners. But when Democrats win an election, the modern G.O.P. does its best to negate the results, flouting norms and, if necessary, the law to carry on as if the voters hadn’t spoken.
Thus, in 2016 the voters of North Carolina chose a Democrat to govern the state; the immediate G.O.P. response was to try to strip away most of the governor’s power. Last year Democrats won a majority of the votes for the state legislature, too, although Republicans retained control thanks to extreme gerrymandering. But they no longer have a veto-proof majority — hence last week’s power grab.
Similarly, last year America’s voters chose to give Democrats control of the House of Representatives. This still leaves Democrats without the ability to pass legislation, since Republicans control the Senate and the White House. But the House, by law, has important additional powers — the right to be informed of what’s going on in the executive branch, such as complaints by whistle-blowers, and the right to issue subpoenas demanding information relevant to governing.
The Trump administration, however, has evidently decided that none of that matters. So what if Democrats demand information they’re legally entitled to? So what if they issue subpoenas? After all, law enforcement has to be carried out by the Justice Department — and under William Barr, Justice has effectively become just another arm of the G.O.P.
This is the context in which you want to think about the latest round of revelations about Brett Kavanaugh.
First of all, we now know that the F.B.I., essentially at Republican direction, severely limited its investigation into Kavanaugh’s past. So Kavanaugh was appointed to a powerful, lifetime position without a true vetting.

Fausto Neves disse...

Parte 2/2
Republicans Don’t Believe in Democracy
[For an even deeper look at what’s on Paul Krugman’s mind, sign up for his weekly newsletter.]
Second, both Kavanaugh’s background and the circumstances of his appointment suggest that Mitch McConnell went to unprecedented lengths to create a Republican bloc on the Supreme Court that will thwart anything and everything Democrats try to accomplish, even if they do manage to take both Congress and the White House. In particular, as The Washington Post’s Greg Sargent notes, it seems extremely likely that this court will block any meaningful action on climate change.
What can Democrats do about this situation? They need to win elections, but all too often that won’t be sufficient, because they confront a Republican Party that at a basic level doesn’t accept their right to govern, never mind what the voters say. So winning isn’t enough; they also have to be prepared for that confrontation.
And surely the first step is recognizing the problem exists. Which brings me to the Democratic presidential primary race.
The leading candidates for the Democratic nomination differ considerably in both their personalities and their policy proposals, but these pale beside their differences from Donald Trump and his party. All of them are decent human beings; all would, if given the chance, move America in a notably more progressive direction.
The real chasm between the candidates is, instead, in the extent to which they get it — that is, the extent to which they understand what they’re facing in the modern G.O.P.
The big problem with Joe Biden, still the front-runner, is that he obviously doesn’t get it. He’s made it clear on many occasions that he considers Trump an aberration and believes that he could have productive, amicable relations with Republicans once Trump is gone.
Which raises the question: Even if Biden can win, is he too oblivious to govern effectively?

celsolungaretti disse...

Já que o Fausto se deu ao trabalho de enviar este artigo do Krugman, abri uma exceção e coloquei-o no ar (mesmo estando em inglês, idioma cujo domínio não deve ser considerado obrigatório para brasileiros).

Mas, aviso aos comentaristas que não é intenção do blog adotar um "liberou geral" no espaço de comentários, aceitando indiscriminadamente o "copia & cola".

Isto porque não podemos abrir frestas para que se repita o que acontecia nas comunidades de esquerda do antigo Orkut: os ultradireitistas copiavam aqueles textos grotescos dos blogs que lhes eram afins e iam colar aquele entulho, como se não tivéssemos mais o que fazer além de ficar retrucando mentiras e bobagens.

De resto, por curiosidade, peço a quem tiver lido o artigo postado pelo Fausto e gostado de encontrá-lo disponibilizado dessa maneira, que se manifeste num comentário, ainda que breve. Tenho sempre interesse em saber o que o público do blog realmente quer, embora nem sempre nos seja possível atender.

SF disse...

+++
Não gostei do artigo postado em inglês. Se o companheiro gostou do texto e achou válido publicá-lo no original também poderia comentar o que achou dele e o que de relevante viu nas palavras de Krugman.

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