domingo, 11 de novembro de 2018

SE AS COISAS DESANDAREM, ATÉ ONDE OS MILITARES PROTEGERÃO BOLSONARO?

Na ativa era "indesejado por desordem e insubordinação", mas... 
jânio de freitas
O GOVERNO É CIVIL
O futuro das incertezas e dos temores com o governo Bolsonaro depende, a rigor, de um fator dominante sobre todos os demais. E ausente das cogitações atuais por ainda faltarem motivos que o tornem perceptível.

Em todas as possíveis circunstâncias que não sejam de aceitação majoritária com o andar de tal governo, os outros Poderes e a legislação dispõem de variadas medidas corretivas. Aplicá-las, porém, não decorre só de existirem. 

As injunções políticas e os interesses representados no Legislativo e no Judiciário combinam-se como força decisória. Não, porém, no caso de Bolsonaro.

Se as coisas desandarem, o importante para antever o seu rumo será desvendar quanto os militares estarão dispostos a empenhar em barragem de proteção a Bolsonaro. O que dependerá da identificação, ou confusão, entre o Exército e o governo conduzido por ex-ocupantes das suas casernas.

O trabalho para criar essa identificação vem desde a campanha, à qual deu contribuição por certo significativa.
...hoje força a identificação de sua imagem com a do Exército

Mas sua intensificação pós-resultado eleitoral ganha proporções mais do que inadequadas.

Fazer tocar o hino do Exército, p. ex., no saguão do hotel onde ocorrem as reuniões do círculo de Bolsonaro é abusivo.

Até que se constate o contrário, se isso acontecer, o governo será poder civil. 

Mesmo os generais reformados que vão para ministérios administrativos estarão em cargos civis, sem diferença do advogado e do político em outro ministério. 

E, com a forçada identificação, o que o Exército ganha não lhe convém, nem ao país: é o risco de ser identificado com possíveis insucessos de Bolsonaro e seu governo.

Além do mais, há uma contradição que inclui todos os modos de explorar a imagem do Exército utilizados agora e desde os primeiros passos de Bolsonaro na vida política. Se preza tanto o Exército, por que não agiu de modo a ser bem aceito nele? 

Citada várias vezes em dias recentes, a frase de Geisel é terminante: "Bolsonaro é um mau militar". Indesejado por desordem e insubordinação, foi induzido e conduzido à reforma.
É sintomática a manchete de hoje!

A identificação é buscada, em parte está atingida, mas não é autêntica nem legítima.
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Observações do editor de forma sutil, como se fazia necessário num artigo para a grande imprensa, o veterano Jânio de Freitas veio ao encontro de uma preocupação minha de primeira hora: a tendência de o novo governo fracassar de forma retumbante e a importância da postura que os altos comandantes militares adotarão quando tal acontecer.

Eis como, com a liberdade de um blogueiro que não é obrigado a aparentar um um distanciamento que verdadeiramente inexiste na vida e na mídia, abordei o assunto logo no dia seguinte àquele domingo maldito no qual 39% dos eleitores brasileiros resolveram fechar os olhos e dar um salto no escuro (bota trevas nisso!):
"A primeira lição de sobrevivência nos dias difíceis que nos aguardam em 2019 é: não atirarmos as Forças Armadas nos braços do inimigo.

O altos comandantes militares estão cientes de que a situação brasileira é extremamente delicada, de que não há soluções fáceis para fazer a economia voltar a crescer e de que desembestar o uso da força de nada servirá, como nada resolveu na intervenção no Rio de Janeiro (por eles desaconselhada desde o primeiro momento). 

Ademais, não estão dispostos a atrelarem-se a projetos pessoais (conforme Carlos Lacerda constatou em 1964), nem a comprometerem seu prestígio associando-se aos desatinos de um personagem que veladamente excluíram do seu circulo. Quando dão golpes de Estado, põem no poder generais, não capitães.
Radicalização dos marinheiros ajudou golpistas de 1964

Mas, se as turbulências gerarem uma situação insustentável, forçando os militares a escolherem entre o governo (que terá se tornado) impopular e os que o estiverem enfrentando nas ruas, os fardados tendem a tomar o partido do primeiro, ainda que a contragosto.

Precisaremos evitar a qualquer preço um confronto fora de hora, com uma correlação de forças totalmente desfavorável a nós, pois isto só beneficiaria nosso pior inimigo". (por Celso Lungaretti)

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