quarta-feira, 16 de maio de 2018

MEIO ANO DEPOIS CONTINUAM IMPUNES OS AUTORES DA CHACINA DO SALGUEIRO. SERÁ QUE É PORQUE ELES USAVAM CAPACETES?

Gaspari: "Nadinha!"
Em sua coluna desta 4ª feira (16), o historiador e jornalista Elio Gaspari lembra que a apuração de chacinas cujos suspeitos são fardados continua sendo efetuada (?)  com lentidão exasperante no  Rio de Janeiro, favorecendo as manobras para manter impunes os chamados assassinos da ordem:

"Na noite de 11 de novembro de 2017 sete pessoas foram mortas no Complexo do Salgueiro, no Rio. Moradores viram pessoas vestidas de preto, mascaradas, e com capacetes. Blindados do Exército passaram pela cena, e uma mulher que socorreu um ferido diz que encontrou soldados na cena.

O inquérito está na jurisdição do Ministério Público Militar. Foram ouvidos soldados, sargentos e oficiais, mas não foram tomados depoimentos de testemunhas civis. Outra investigação, da polícia do Rio, ouviu civis, mas não entrevistou militares. Passaram-se seis meses e não se sabe o que aconteceu no Salgueiro naquela noite. Nadinha!".

Para se ter uma ideia melhor do caso, eis o testemunho de parentes de mais essas vítimas de execuções extralegais, ouvidos pelo jornal Extra:
"Encarregada geral de uma empresa de reciclagem em Itaboraí, Joelma Couto Melanes, de 38 anos, mãe de um dos mortos, Márcio Melanes Sabino, de 21 anos, denunciou ter sido ameaçada de morte ao tentar se aproximar do corpo do filho na localidade conhecida como Conjunto da Marinha, no Salgueiro. Ela admitiu que o filho, depois de trabalhar com ela na empresa de reciclagem, passou a ter envolvimento com o tráfico de drogas na região.

— Quando soube que alguma coisa tinha acontecido no Salgueiro corri com meu marido de carro para lá e, quando fui me aproximar do corpo do meu filho, um policial disse que, se nós não saíssemos de lá, ele ia dar um tiro na nossa cara. Disse para nós sairmos de perto porque ia haver perícia. Eles estavam xingando todo mundo que passava — relatou.
Segundo ela e o marido e pai de Márcio, o técnico da Enel Cláudio Lopes, de 50 anos, que a acompanhava, não houve perícia alguma.

— Os corpos foram colocados dentro de um blindado usado na operação da Core e dentro de um rabecão que foi chamado às pressas e escoltado pelos policiais até o local onde os corpos estavam. Nós seguimos de carro o rabecão onde o corpo do nosso filho foi colocado e chegamos juntos no IML (em Tribobó). Mas disseram que o corpo não tinha vindo para cá. Fizeram a gente ir para outros lugares em vão.

Os parentes disseram que quando o blindado chegou houve muita correria e que algumas pessoas foram atingidas por policiais que estavam no morro conhecido como Pé da Serra, disparando com armas de mira laser".

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