domingo, 28 de janeiro de 2018

DISCURSO DO ÍNCLITO CIDADÃO APOLLO NATALI NO PLENÁRIO DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL

Excelências, senhores togados, vós que estudais e sabeis, que constituís a instância máxima do Poder Judiciário do país,  fiscais da Constituição e da conduta dos nossos fazedores de leis,  dizei-nos! Qual o tamanho do otimismo necessário para se acreditar que o Brasil um dia vá deixar de chafurdar na sua corrupção histórica e se tornar um pais merecedor de respeito?

Os representantes do nosso povo no governo, sabeis perfeitamente, transformam a democracia, estupendo regime possibilitador de uma vida de justiça e liberdade, em uma aristocracia, adotando a postura de monarcas absolutistas intocáveis. Não prestam contas a ninguém de nada, muito menos de seus gastos criminosos. Não há Justiça que os detenha.

Na linguagem dos botequins, nossos políticos estão conduzindo o país para o brejo. Na linguagem de outros povos, o Brasil não é um país sério.

Vós, excelências, de notável saber jurídico e ilibada reputação, que sabeis e estudais, distraídos não estais, certamente, para o quadro de deterioração moral e econômica deste nosso Brasil amado.

Ao tempo dos protestos de rua, disseram as cartas dispostas na mesa em pesquisa da Transparência Internacional que os brasileiros consideram corruptos ou muito corruptos os políticos e instituições como o Congresso, a policia, o sistema de Saúde, Judiciário, funcionalismo público, imprensa, ONG's, Igreja.

Até quando, excelências? Para sempre?

Eu nasci assim, eu cresci assim, e sou mesmo assim, vou ser sempre assim, entoa a moça da música. Chega desse complexo de Gabriela para o Brasil! Temos de mudar. Podemos mudar.

O choro de mil anjos, o choro de mil jornalistas, o choro de 200 milhões de almas brasileiras assombradas pela corrupção não consegue extirpar dos corações endurecidos dos representantes do povo no governo seu prazer em ver o povo sofrer. O Supremo Tribunal Federal pode, agora!

Dizem-me já os meus sentidos que estão os senhores excelentíssimos a descontarem um ponto de sua inicial curiosidade quanto ao meu são juízo. Mas é assim mesmo enlameado que funciona este nosso país venerado.  

Juízes máximos do destino do Brasil, se quiserdes, não me desculpai, apenas peço que me compreendei. Falo a vossas excelências, amantes do Direito e da Justiça.

A maior empresa brasileira de comunicação do país está a convocar a população a enviar vídeos ambientados à clicagem de artísticos retratos para responderem à questão O País que eu quero.

Mais patriótico seria os telespectadores, chamados à vaidade, aos poucos minutos de fama, mostrarem  o país que eles não querem.
O país que não queremos é de sobejo conhecimento deste ilustre Tribunal: o Estado falido,  homens públicos falidos, hospitais falidos, suas filas, os desempregados, pais de família proibidos de colocarem comida na boca de seus filhos, funcionários públicos sem receberem seus salários, o sucateamento das nossas polícias, a decadência do ensino e abandono das escolas, os arrastões, assaltos, avenidas e ruas esburacadas a exibir cenário de bombardeio, iluminação precaríssima, áreas alagadas, esgotos a céu aberto, mendigos a fazerem das ruas os seus lares, preços exorbitantes, invasões de  terra.

Carga tributária abusiva, a enviar a mensagem  de que o Estado brasileiro é o carrasco do povo.

Os desvios do dinheiro público e a impunidade perpetuam o panorama tétrico desta nossa terra arrasada.

Será otimismo exagerado, excelências, acreditar que o Brasil poderá se salvar  caso confisque dos poderosos o direito a foro privilegiado?

Sonho irrealizável que todos sejamos iguais perante a lei? Lugar de ladrão é a cadeia. Os de colarinho branco, principalmente, por que não?

Todos iguais perante a lei! Todos! Do presidente da República ao mais desconhecido cidadão e, notadamente,  empresários corruptos.

Evidencia-se que o Supremo Tribunal Federal vem hesitando há bom tempo em bater o martelo nesta questão do foro privilegiado.

O Congresso Nacional, desacreditado, com três centenas de seus integrantes suspeitos de corrupção, ah, este, haja otimismo para se esperar que um dia vá cortar na própria carne e aceitar que todos sejamos iguais perante a lei.

Jamais o Congresso vai derrubar esse odioso foro privilegiado que consolida a falta de castigo aos delitos, a miséria do povo e a descrença na Justiça.

Rezemos: deixai vossa última esperança no umbral do Congresso, vós, que ainda sonhais com a derrubada do foro privilegiado por nossos legisladores.
Dizei-nos, senhores togados, quanto o foro privilegiado é campo responsável pelo aniquilamento da economia, dos direitos da pessoa, suas dignidades, a esperança do brasileiro em não viver um apavorante acaso nesse país, em tempo de barbárie movido a livre estado de delinquência.

Ouçam o lamento de um povo, supremos ilibados juristas, o lamento de todo um povo,  e derrubem já o foro privilegiado. 

Pela igualdade de todos os cidadãos brasileiros perante a lei.

Em respeito à Constituição, hoje relegada a uma donzela indefesa sempre em perigo de ser violada.

Ao baterdes o martelo, excelências, ao derrubardes o foro privilegiado,  formareis um pequena bola de neve a crescer e a crescer, ao ponto de mais adiante fazer salivar os mais de 20 mil juízes deste nosso país-continente,  em cada um de seus  julgamentos de corruptos, tenham eles, os corruptos,  a estatura social que tiverem.

Reiteramos, pois, a vós, respeitáveis vultos austeros de toga e beca, rogamos, nós, os cidadãos brasileiros ora devorados pela  quadrilha poderosa que nos governa desde o Palácio do Planalto aos bastidores da vida, que derrubais já o foro privilegiado.

Clamamos, pois, a vós, dignos de suas vestiduras de magistrado, suas honras de  acadêmicos, suas láureas de catedráticos, dignem-se a dar-nos, a nós, servos dos que nos servem criminosamente, a nós, os cordeiros do campo de batalha político e econômico, a nós, o povo brasileiro, os reparos para tais caminhos transviados e esbarros jurídicos titubeados. Sim?

Algo me diz que este sonho é mais fácil de concretizar que o do Apollo...

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