Excelências, senhores togados, vós que
estudais e sabeis, que constituís a instância máxima do Poder Judiciário do
país, fiscais da Constituição e da
conduta dos nossos fazedores de leis, dizei-nos! Qual o tamanho do otimismo
necessário para se acreditar que o Brasil um dia vá deixar de chafurdar na sua
corrupção histórica e se tornar um pais merecedor de respeito?
Os representantes do nosso povo
no governo, sabeis perfeitamente, transformam a democracia, estupendo regime
possibilitador de uma vida de justiça e liberdade, em uma aristocracia, adotando a
postura de monarcas absolutistas intocáveis. Não prestam contas a ninguém de
nada, muito menos de seus gastos criminosos. Não há Justiça que os detenha.
Na linguagem dos botequins, nossos políticos estão conduzindo o país
para o brejo. Na linguagem de outros povos, o Brasil não é um país sério.
Vós, excelências, de notável saber jurídico e ilibada reputação, que
sabeis e estudais, distraídos não estais, certamente, para o quadro de
deterioração moral e econômica deste nosso Brasil amado.
Ao tempo dos protestos de rua,
disseram as cartas dispostas na mesa em pesquisa da Transparência Internacional
que os brasileiros consideram corruptos ou muito corruptos os políticos e
instituições como o Congresso, a policia, o sistema de Saúde, Judiciário, funcionalismo público, imprensa, ONG's, Igreja.
Até quando, excelências? Para sempre?
Eu nasci assim, eu cresci assim, e sou mesmo assim, vou ser sempre assim, entoa a moça da música. Chega desse complexo de Gabriela para o Brasil! Temos de mudar. Podemos mudar.
O choro de mil anjos, o choro de mil jornalistas, o choro de 200 milhões
de almas brasileiras assombradas pela corrupção não consegue extirpar dos
corações endurecidos dos representantes do povo no governo seu prazer em ver o
povo sofrer. O Supremo Tribunal Federal pode, agora!
Dizem-me já os meus sentidos que estão os senhores excelentíssimos a
descontarem um ponto de sua inicial curiosidade quanto ao meu são juízo. Mas é
assim mesmo enlameado que funciona este nosso país venerado.
Juízes máximos do destino do Brasil, se quiserdes, não me desculpai,
apenas peço que me compreendei. Falo a vossas excelências, amantes do Direito e
da Justiça.
A maior empresa brasileira de comunicação do país está a convocar a
população a enviar vídeos ambientados à clicagem de artísticos retratos para
responderem à questão O País que eu quero.
O país que não queremos é de
sobejo conhecimento deste ilustre Tribunal: o Estado falido, homens públicos falidos, hospitais falidos,
suas filas, os desempregados, pais de família proibidos de colocarem comida na
boca de seus filhos, funcionários públicos sem receberem seus salários, o
sucateamento das nossas polícias, a decadência do ensino e abandono das
escolas, os arrastões, assaltos, avenidas e ruas esburacadas a exibir cenário
de bombardeio, iluminação precaríssima, áreas alagadas, esgotos a céu aberto,
mendigos a fazerem das ruas os seus lares, preços exorbitantes, invasões de terra.
Carga tributária abusiva, a enviar a mensagem de que o Estado brasileiro é o carrasco do
povo.
Os desvios do dinheiro público e a impunidade perpetuam o panorama tétrico desta nossa terra arrasada.
Será otimismo exagerado, excelências, acreditar que o Brasil poderá se salvar caso confisque
dos poderosos o direito a foro privilegiado?
Sonho irrealizável que todos sejamos iguais perante a lei? Lugar de ladrão é a cadeia. Os de colarinho branco, principalmente, por que não?
Todos iguais perante a lei! Todos! Do
presidente da República ao mais desconhecido cidadão e, notadamente, empresários corruptos.
Evidencia-se que o Supremo
Tribunal Federal vem hesitando há bom tempo em bater o martelo nesta questão do
foro privilegiado.
O Congresso Nacional, desacreditado, com três centenas de seus
integrantes suspeitos de corrupção, ah, este, haja otimismo para se esperar que
um dia vá cortar na própria carne e aceitar que todos sejamos iguais perante a
lei.
Jamais o Congresso vai derrubar esse odioso foro privilegiado que
consolida a falta de castigo aos delitos, a miséria do povo e a descrença na Justiça.
Rezemos: deixai vossa última esperança no umbral do Congresso, vós, que
ainda sonhais com a derrubada do foro privilegiado por nossos legisladores.
Dizei-nos, senhores togados, quanto o foro privilegiado é campo responsável
pelo aniquilamento da economia, dos direitos da pessoa, suas dignidades, a
esperança do brasileiro em não viver um apavorante acaso nesse país, em tempo
de barbárie movido a livre estado de delinquência.
Ouçam o lamento de um povo, supremos ilibados juristas, o lamento de
todo um povo, e derrubem já o foro
privilegiado.
Pela igualdade de todos os cidadãos brasileiros perante a lei.
Em respeito à Constituição, hoje relegada a uma donzela indefesa sempre
em perigo de ser violada.
Ao baterdes o martelo, excelências, ao derrubardes o foro privilegiado,
formareis um pequena bola de neve a
crescer e a crescer, ao ponto de mais adiante fazer salivar os mais de 20 mil juízes deste nosso país-continente, em
cada um de seus julgamentos de
corruptos, tenham eles, os corruptos, a
estatura social que tiverem.
Reiteramos, pois, a vós, respeitáveis vultos austeros de toga e beca,
rogamos, nós, os cidadãos brasileiros ora devorados pela quadrilha poderosa que nos governa desde o
Palácio do Planalto aos bastidores da vida, que derrubais já o foro
privilegiado.
Clamamos, pois, a vós, dignos de suas
vestiduras de magistrado, suas honras de
acadêmicos, suas láureas de catedráticos, dignem-se a dar-nos, a nós,
servos dos que nos servem criminosamente, a nós, os cordeiros do campo de batalha
político e econômico, a nós, o povo brasileiro, os reparos para tais caminhos
transviados e esbarros jurídicos titubeados. Sim?
Algo me diz que este sonho é mais fácil de concretizar que o do Apollo...
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