sábado, 8 de julho de 2017

A MONTANHA JANOT/GLOBO VAI PARIR UM RATO. O QUE MAIS PODERÍAMOS ESPERAR?

Com o Temer no lugar do Tognazzi ficaria perfeito...
A articulação parlamentar para fazer de Rodrigo Maia (o meia dúzia) o presidente-tampão da República no caso de afastamento de Michel Temer (o seis) foi desmentida enfaticamente pelo mais do mesmo, que jurou fidelidade eterna ao mesmo. Deveria beijá-lo, para ficar mais parecido ainda com um certo personagem bíblico....

Já que toda a tramoia começou com uma blietzkrieg midiática das Organizações Globo, complementando uma blietzkrieg justiceira (no sentido de justiceiros de bairro) do provocador-geral da República, então não poderia mesmo faltar um componente piegas e novelesco, quais sejam as juras de fidelidade eterna de Rodrigo Maia ao magnifico cornuto (nunca o título da comédia clássica italiana foi tão pertinente...).

O jornalista André Singer, que exerceu a função de secretário de Imprensa do Palácio do Planalto no primeiro governo de Lula, dá mais detalhes do desfecho previsível do complô Janot/Globo, para o qual muitos esquerdistas ingênuos contribuíram entusiasticamente, raciocinando com o fígado em lugar de usarem a mente. 

Suponho que não seja exatamente esta a revanche que almejavam. Mas, ao que tudo indica, será a única que obterão... (por Celso Lungaretti)
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O CHEIRO DE PIZZA SE ESPALHA NO AR
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Pode ser apenas um novo balão de ensaio, mas ontem o cheiro de pizza invadiu o ar dos lugares em que a crise é acompanhada e debatida. 

A articulação em torno do nome de Rodrigo Maia (DEM-RJ), com o beneplácito do senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), para ocupar a Presidência até o final de 2018 ganhou o necessário espaço midiático de modo a ser testada. O experimento redondo carrega dois sabores.

O primeiro destina-se a agradar o capital. Nesse sentido, a manchete do Valor (7/7) era mais do que expressiva: "Temer perde apoio e Maia já se articula com mercado". O texto dava conta que o presidente da Câmara teria intensificado "contatos no mercado financeiro". 

Não consta da notícia a reação dos contatados, mas continha o recado preciso: o deputado procuraria mostrar nos encontros que está "preparado para assumir a função, com a manutenção de equipe econômica e das reformas".
Complô avacalhou a Lava Jato e vai ajudar os encalacrados a se safarem
É do conhecimento geral que Maia tem pouca base e experiência para assumir o principal posto político do país. Então, é necessário assegurar que as duas principais metas do mercado estariam garantidas em suas mãos. De um lado, a manutenção da política econômica. De outro, a aprovação de duas mudanças contra os assalariados: a reforma antitrabalhista e a da Previdência.

Aqui entra a outra metade do acordão em cozimento. Para aprovar as deformas, como diz um amigo ligado aos sindicatos, e blindar a economia, é preciso garantir uma grande base congressual. E o que desejam os parlamentares, entre eles o próprio Maia, um investigado?

Que a Lava Jato pare. Desde esse ponto de vista, não poderia ser mais conveniente a informação, também em todos os jornais, de que a Polícia Federal encerrou as atividades do grupo dedicado à operação em Curitiba. Convém lembrar, igualmente, que diversos processos foram tirados do juiz Sergio Moro nas últimas semanas.

Em outras palavras, pela primeira vez há sinais de arrefecimento do núcleo paranaense que lidera as investigações desde 2014, o que deve soar como música aos ouvidos dos congressistas. No entanto, a ofensiva contra Michel Temer precisaria seguir, para legitimar o último e decisivo ato da Mãos Limpas brasileira: condenar Lula a tempo dele perder a condição de candidato em 2018.

Para resolver o problema de excluir o lulismo da urna eletrônica, muitos interesses talvez se reúnam em torno de mais uma aventura presidencial. A primeira foi a do próprio Michel Temer, sabidamente parte de um grupo que seria alvo privilegiado da Lava Jato. Agora o forno foi ligado outra vez, mas só o tempo dirá se essa massa vai dar liga. (por André Singer)

3 comentários:

SF disse...

Você foi um dos que percebeu o fim da lva-jato e tem trazido preciosa análise da conjuntura política e econômica atual. Móvediça, mas sempre cumprindo a agenda mesquinha para a qual a camarilha foi convocada.

Se vão fazer mais esta trquinagem é irrelevante.

O fato é que está havendo deflação.
E isso era o previsível desde o começo da retração econômica.

O capital sangra, mas insite em sua lógica imoral de levar a miséria e o desassossego ao povo.

Mas, como velho vigarista que quer aplicar velhos golpes em novos contextos está se dando cada vez pior.

Anônimo disse...

A lava a jato como ocorreu jamais deveria ter acontecido. A primeira instância do Moro, os procuradores e delegados federais envolvidos reescreveram na prática e na marra o CPP. As instâncias superiores por medo dos crentes no grande pato amarelo, aquela turma branca, com formação formal superior e proprietária mandou a consciências e o Direito às favas.

Desde o início qualquer um com mais de dois neurônios funcionais sabia que após a inviabilização política eleitoral do PT e principalmente do Lula, a lava a jato perderia a serventia. Se o serviço até agora não foi completo não foi por falta de esforço dos togados e as sua parceria com as penas de aluguel.

O Celso fala muito na dobradinha Gloebbels-Janot, mas o golpe (GOLgolpePE) possui algumas diferenças. Onde estão os apresentadores e comentaristas a soldo dos Marinhos incentivando protestos de rua contra Michel? Cadê o catastrofismo dos analistas econômicos para elevar o pavor dos que possuem algo a preservar? É mera correção de rumo para mudanças constitucionais necessárias a impedir eleições diretas em 2018, no presidencialismo, caso exista o risco do vitorioso ser um indesejado.

Desde o início soube que a lava a jato tinha prazo de validade. Somente os que acreditaram na seriedade do aparelho de Estado brasileiro, as tais instituições, foram enganados. Os líderes dos homens de bem só foram alcançados fora do alcance das masmorras curitibanas.

celsolungaretti disse...

Rebolla, a diferença da derrubada de Dilma é que, em 2016, a classe dominante estava unida. Isto eu já disse várias vezes: o grande capital esperou que a Dilma fizesse as reformas por ele exigida durante todo o ano de 2015. Na virada do ano, avaliou que a Dilma não conseguiria cumprir a tarefa e decidiu descartá-la.

Já o complô Janot/Temer partiu de uma parcela minoritária da classe dominante, provavelmente (Globo) por causa de algum interesse contrariado. Idem o Janot, que queria porque queria que o Temer desse um jeito de lhe conseguir mais um mandato à frente da PGR. O Temer o mandou passear e ele resolveu desencadear uma guerra relâmpago para forçar a renúncia do 'amigo da onça' ou conseguir que a Justiça Eleitoral o cassasse.

Foi uma ação concertada, com uma delação premiada repleta de ilegalidades e o vazamento seletivo para as Organizações Globo, que entraram com tudo no golpe: jornal O Globo, Rede Globo e revista Época (provavelmente as emissoras de rádio também, mas não tenho tal informação).

O pior cenário possível, agora, será o Rodrigo Maia trair o Temer e o Temer resolver resistir até o fim. Lá se perderão mais alguns meses para o Brasil colocar a casa em ordem e sair da fase mais aguda da recessão.

Quanto às reformas trabalhista e previdenciária, o Temer as tocará e o Rodrigo Maia também. Ou seja, nada de substancial mudará se o golpe ainda vingar. Apenas o povo continuará mais tempo comendo o pão que o diabo amassou.

Mas, quem liga para o povo? As Organizações Globo e o Janot, com certeza, não!

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