terça-feira, 15 de novembro de 2016

LEON RUSSELL AGORA VAI ACOMPANHAR JOE COCKER NA BANDA CELESTIAL

Leon Russell em 1970: movimentos felinos e cartola hilária.
Nunca fui muito chegado à country music dos EUA, embora goste de uma coisinha ou outra. [Gostaria de ler um bom ensaio sobre por que os caipiras de lá geralmente interpretam de maneira sóbria músicas bem lincadas com seu cotidiano, enquanto os de cá choram o tempo todo suas dores de corno, entulhando nossos ouvidos com falsetes lamurientos.] 

Então, só prestei atenção no cantor, compositor, tecladista e guitarrista Leon Russell, que acaba de falecer aos 74 anos, em função de ter acompanhado Joe Cocker numa excursão por 39 cidades estadunidenses no primeiro semestre de 1970, que rendeu um filme e um álbum duplo superlativos.

Exausto, o maior blueseiro branco de todos os tempos pretendia apenas dar um tempo para recuperar o fôlego, mas informaram-no de que obrigações contratuais o forçavam a cumprir sete semanas de shows nos EUA, sob pena de perder sua licença de trabalho.
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Registro de "Something" no filme: um arraso!
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De afogadilho, convidou Leon Russell para participar e lhe pediu que recrutasse músicos para a montagem de um supergrupo. O Mad Dogs & Englishmen acabaria reunindo 43 pessoas, entre cantores (11), instrumentistas (10), técnicos, equipe de filmagem, esposas, crianças e empresários  – afora a cadela Canina, que também subia ao palco...

Não era apenas uma trupe de profissionais na estrada, mas toda a proposta de vida da geração das flores, o que é exemplarmente mostrado no documentário dirigido Pierre Adidge (1971). No final cessam as entrevistas e os registros da excursão intercalados com os números musicais, ficando apenas a música: são apresentadas,  em sequência, "Space captain", "Something", "With a little help from my friends" e "Give peace a chance". É o trecho mais fulgurante de todos os filmes de rock que vi na vida.
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"A song for you" é considerada a melhor composição da sua carreira
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Nota-se o tempo todo que Leon Russell era o segundo homem do grupo, inclusive regendo os instrumentistas como um maestro a gesticular com elegância felina, enquanto afastava o cabelo dos olhos e também tocava. Uma figura inesquecível, começando por sua cartola de chapeleiro maluco.

E a convivência com os blueseiros lhe fez muito bem, pois realizou em 1972 o melhor álbum de sua carreira, Carney.
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De Carney só temos o áudio. Foi um LP em que ele transcendeu o country.

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