O blogueiro Leonardo Sakamoto alerta para um dos piores defeitos da internet, a facilidade com que qualquer pilantra pode colocar em circulação as mentiras mais cabeludas sobre seus desafetos, contando com a voluntária colaboração dos trogloditas da web (que jamais se preocupam com a veracidade ou não de um ataque àqueles com quem antipatizam, correndo a repassá-lo em todas as direções).
É uma estigmatização que também sofro, e muito! Até hoje me desqualificam com versões já superadas de acontecimentos de 1970, fazendo-me perceber, com desalento, que de pouco adiantaram meus esforços titânicos para resgatar e restabelecer a verdade histórica, pois há cidadãos impermeáveis a quaisquer provas e argumentos.
E isto não incide somente sobre o passado distante: também é escamoteada minha condição atual de opositor de esquerda do PT. Não espero adesão ampla à minha posição de, como revolucionário, vituperar os governos petistas por terem se tornado meras expressões do reformismo e do populismo (para não dizer do neoliberalismo).
Mas, é extrema desonestidade intelectual e política tentarem embaralhar a questão, como o fez Antonio Roberto Espinosa ("Hoje ele dá uma de esquerda radical. Mas é pra pegar dinheiro da Anistia"). A rede chapa branca parece reconhecer que é incapaz de me combater pelo que sou, optando, então, por fustigar-me pelo que não sou. Duelar com espantalhos é sempre mais fácil.
Eis, abaixo, trechos do alerta e desabafo do Sakamoto, que tem toda a minha solidariedade, evidentemente!
O jornal "Edição do Brasil", de Minas Gerais, estampou em sua manchete do dia 30 de janeiro uma declaração atribuída a mim, mas que nunca dei –a de que aposentados são inúteis.
Nas páginas internas, uma entrevista, que também nunca concedi, trazia barbaridades contra os idosos. Ao que tudo indica, alguém pegou o conteúdo de meu blog no UOL, inverteu o sentido e o transformou em entrevista.
Isso desencadeou um show de horrores. Aposentados desejaram-me dor e sofrimento. Redes de ódio na internet apropriaram-se do material e afirmaram que eu havia sido pago para declarar aquilo. Ameaças de morte e agressão foram veiculadas, dizendo que eu deveria "ser caçado e morto por faca" ou que balas deveriam ser disparadas em minha testa.
Nas páginas internas, uma entrevista, que também nunca concedi, trazia barbaridades contra os idosos. Ao que tudo indica, alguém pegou o conteúdo de meu blog no UOL, inverteu o sentido e o transformou em entrevista.
Isso desencadeou um show de horrores. Aposentados desejaram-me dor e sofrimento. Redes de ódio na internet apropriaram-se do material e afirmaram que eu havia sido pago para declarar aquilo. Ameaças de morte e agressão foram veiculadas, dizendo que eu deveria "ser caçado e morto por faca" ou que balas deveriam ser disparadas em minha testa.
"impacto negativo que nunca poderá ser corrigido" |
Mesmo após o próprio jornal reconhecer e informar que a suposta entrevista nunca existira, o linchamento manteve-se. A essa altura, o conteúdo original não mais importava, nem o desmentido. Era apenas raiva, que fluía.
...esses casos têm cauda longa, duram anos, arrastando-se pela internet e sobrevivendo por meio de incautos que, no limite, resolvem fazer justiça com as próprias mãos.
Vi muita gente que cotidianamente discorda de meu ponto de vista sair em minha defesa, alertando para o perigo de utilizar informação falsa nas disputas de ideias. Um exemplo de que não importa a nossa matriz de interpretação do mundo, precisamos respeitar limites éticos, sob o risco de perdermos todos.
Vi muita gente que cotidianamente discorda de meu ponto de vista sair em minha defesa, alertando para o perigo de utilizar informação falsa nas disputas de ideias. Um exemplo de que não importa a nossa matriz de interpretação do mundo, precisamos respeitar limites éticos, sob o risco de perdermos todos.
Talvez seja este um dos maiores desafios que teremos nos próximos anos: fomentar o sentimento de responsabilidade em um mundo no qual todos possuem acesso a ferramentas de comunicação em massa, mas nunca refletem se o conteúdo que curtem e compartilham foi coletado e produzido com um mínimo de cuidado.
Histeria e truculência que uma mentira causou |
Se o debate público fosse mais qualificado, quem usa material falso como subsídio de argumentação nem seria ouvido. Contudo, hoje esse tipo de conteúdo faz sucesso.
Portanto, quem não gosta de manter-se informado para poder filtrar conteúdo e acha que senso crítico é uma bobagem, mas adora repassar tudo o que vê pela frente, deveria dedicar-se apenas a gifs com gatos, por favor. A divulgação de uma informação errada causa um impacto negativo que nunca poderá ser corrigido.
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