O francês Maurice Plas era a simpatia em pessoa. Nascido em 1927, chegou ao Brasil em 1951 e três anos depois já se instalava na lojinha do começo da rua Augusta, capital paulista, em que permaneceria até o final da vida. Morreu nesta semana.
Durante uns dois anos, morei quase em frente. Sua figura bonachona, os trajes um tanto antiquados e a cabeça sempre coberta, anúncio permanente do seu principal produto, eram a última referência da Augusta chic de outrora, hoje uma via rua comercial banal durante o dia e zona de prostituição à noite.
Maurice começou como alfaiate sofisticado, especializando-se depois em chapéus, boinas, bonés e panamás. Tanto os produzia, inclusive sob medida, quanto adquiria de terceiros e até importava. Sua loja (os dois filhos deverão tocar adiante o negócio familiar) é a última do gênero, indicada pelos comerciantes àqueles que ainda procuram tais itens.
Mais para me resguardar da friagem causadora de gripes e resfriados do que por moda, comprei um boné Plas baratinho em tempos de vacas magras e um melhorzinho no ano passado.
Nas duas vezes bati um bom papo com o Maurice, ótimo contador de histórias que era. Narrou as peripécias da mudança de continente, fugindo da penúria e das incertezas do pós-guerra.
Nas duas vezes bati um bom papo com o Maurice, ótimo contador de histórias que era. Narrou as peripécias da mudança de continente, fugindo da penúria e das incertezas do pós-guerra.
Vou sentir saudades do afável chapeleiro maluco e seu sorriso sempre aberto!
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