domingo, 14 de setembro de 2014

NO ENSINO MERCANTILIZADO, O FREGUÊS TEM SEMPRE RAZÃO...

O colégio Andrews, educandário chique do Rio de Janeiro, demitiu o professor de geografia que incluiu a seguinte questão numa prova:
"Conforme é sabido, os judeus foram perseguidos por Hitler durante o nazismo. Atualmente um determinado povo é tido como vítima dos israelenses, tendo que viver em assentamentos isolados controlados por Israel. Chegaram invadindo, tomando terras e assassinando... Quem será pior?  Nazistas ou judeus?"
Coitado do mestre, parece ignorar que o freguês tem sempre razão! Como alguns fregueses indignados (lembram daquela frase do Oscar Wilde sobre "a raiva de Calibã ao ver seu rosto no espelho"?) certamente tirariam seus filhos do colégio, a direção, sem nenhuma surpresa, preferiu que saísse o educador. Mercantilização do ensino é isso aí.

Quanto ao mérito da questão, respondo eu, a quem ninguém pode demitir: 
  • em termos de escala, os nazistas foram piores, barbarizaram e mataram muito mais; 
  • em termos morais, as práticas respectivas equivalem-se, assim como o Gueto de Gaza é um Gueto de Varsóvia em miniatura; 
  • no balanço final, eu diria que quem foi vítima e hoje é algoz consegue ser pior ainda do que quem foi só algoz, pois a única lição que parece ter tirado do próprio sofrimento é a de que mais vale fazer aos outros antes que o façam a si.
Fui aprovado, professor?

6 comentários:

Anônimo disse...

Mercantilização do ensino dá nisso. O pior é que o "sucateamento" do ensino público, faz com que muitos migrem para o privado, ou seja, fogem de um sistema que os condena a ignorância, para um outro que os aliena. Se correr o bicho pega, se ficar...

Um grande abraço, Celso !

Marcelo

Eduardo Rodrigues Vianna disse...

Infelizmente, é isso aí, e só pode mesmo ser isso aí. Depois desse banmhaço de água fria, penso que o nosso amigo tem mais é de runinir as forças, se articular, e ir trabalhar na escola pública.

Se ele quer desempenhar um trabalho diferenciado, é só lá. Vai sofrer perseguições também por lá, mas, se for firme, trabalhará com a Cosntituição debaixo do braço, conhecerá os dispositivos jurídicos em defesa de si, que não são poucos, essas coisas.

E, se tem um graduação em Pedagogia, que passe a trabalhar com a possibilidade de vir a dirigir escola pública: até mesmo por aí a coisa se trata sempre de PODER POLÍTICO.

A situação toda é tão desagradável, tão irritante, que com frequência deixamos de enxergar aquelas coisa que estão a nosso favor.

celsolungaretti disse...

Um que comemorou a demissão do professor foi o Reinaldo Azevedo. Nota-se claramente em todos os sionistas que não reconhecem a humanidade dos palestinos. O que eles sofreram foi trágico por serem raça superior. Os palestinos que se danem porque são inferiores. É mais um ponto em que repetem Hitler e o nazismo.

Certa vez, reproduzi um artigo de agência internacional sobre o desperdício de água nas piscinas dos judeus do estado de Israel, enquanto era racionada para os não-judeus.

Um sionista furibundo me respondeu que então eles deveriam beber mijo, pois a água que é bom só está disponível porque os judeus a souberam captar. Até onde vai a desumanidade!

Abs.

Eduardo Rodrigues Vianna disse...

O atual sionismo (porque existiu, muito tempo atrás, um sionosmo de esquerda) é a expressão maior da desumanidade. Porque eles aprenderam direitinho com Nazis.

Quanto ao companheiro que foi demitido, um consolo para ele poderia ser o ato de considerar que existe agora, e eu falo daquilo que sei, uma boa quantidade de gente jovem indo trabalhar na escola pública, com muita coisa boa na cabeça e toda a linda mocidade correndo nas veias. Encontrei MUITOS desses aí de junho de 2013 pra cá, gente boa a quem só podemos encontrar no interior da escola pública.

Tomara que o compa veja aqui o teu blog, porque tenho uma recomendação para ele, e para todos os demais. Trata-se do mais maravilhoso documentário sobre certas escolas públicas no Brasil: algumas delas, as mais arrojadas e bonitas. O documentário foi produzido por um jovem extremamente talentoso de apenas vinte e três anos de idade, e é capaz capaz de arrancar lágrimas de pura felicidade. Ei-lo:

https://www.youtube.com/watch?v=HX6P6P3x1Qg

Anônimo disse...

Alguém lembra o nome desse professor? Na qualidade de ex-aluno, só guardo excelentes lembranças do Andrews, pelo seu avanço em todos os sentidos. Devo ser marciano e não sabia...
Paulo Sergio Carvalhaes e Souza

celsolungaretti disse...

Setembro de 2014. Já faz um tempinho...

Eu esquecera por completo deste post. Quando o li, pensei: "Ah, deve ser coisa da década passada!". Fui procurar a data e me caiu o queixo.

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