segunda-feira, 11 de agosto de 2014

O CAPTAIN, MY CAPTAIN, POR QUE MORRESTE TÃO CEDO?

Mal eu tomei conhecimento da morte de Robin Williams, resolvi registrá-la de alguma forma, mas me faltou inspiração para escrever algo. De imediato, optei por fotos e pelo trecho final do melhor filme que ele protagonizou, Sociedade dos poetas mortos (d. Peter Weir, 1989). Agora, depois de uma boa noite de sono, estou completando o serviço.

Se eu ainda atuasse na crítica cinematográfica, pariria um necrológio propriamente dito, ainda que baseando-me mais em textos alheios. Hoje, para o bem ou para o mal, não sou mais obrigado a encher espaços, nem a tecer loas aos finados famosos. Posso me dar ao luxo da franqueza.

E, sinceramente, jamais o considerei um grande ator. Era apenas um sujeito simpático e engraçado, cujo tipo se adequava bem para alguns papéis.

Só alcançou o estrelato graças à semelhança física com um antigo personagem de HQ, Popeye. Em 1980, Robert Altman o escolheu para personificar o marinheiro do espinafre na tela, acertando em cheio.

[Mas, claro, foi apenas uma amenidade bobinha do diretor de obras-primas como M.A.S.H., Voar é com os pássaros, Um perigoso adeus, Onde os homens são homens, Oeste selvagem e Quinteto. A melhor fase de Altman já havia passado, com o fim da voga da contracultura no cinema. Cada vez mais o criador ousado cedia lugar ao cineasta convencional, outro pistoleiro de aluguel a que Hollywood recorria para prover-lhe entretenimento sem idéias nem ideais.]

Até aí, tudo bem. Sean Connery também só teve sua grande chance porque era, cravado, o James Bond descrito pelo novelista Ian Fleming. A diferença é que o escocês provou ser muito mais do que o 007 e Williams continuou sendo apenas um sujeito simpático e engraçado. Apareceu muito bem em produções adequadas ao seu perfil, como Bom dia Vietnã e Sociedade dos poetas mortos, mas também acompanhou o padrão tedioso daquelas fitinhas edificantes, para a família, em que atuou no final de carreira.

Prefiro lembrar-me dele como o professor John Keating, seu personagem mais marcante e sua atuação mais consistente (sem os excessos caricaturescos que comprometeram outros desempenhos).

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