A série de dois dois especiais dedicados ao cinquentenário do golpe militar de 1964 se completa com a publicação de Se queres um monumento para o golpe de 1964, olha o coronel Malhães, A noite que durou 21 anos e O cotidiano de um resistente.
Os artigos anteriores haviam sido Goulart foi derrubado pelo piparote de um mad dog fardado e No dia que a liberdade foi-se embora.
Os artigos anteriores haviam sido Goulart foi derrubado pelo piparote de um mad dog fardado e No dia que a liberdade foi-se embora.
4 comentários:
Celso, assisti anteontem o documentário "Em busca de Iara", sobre Iara Iavelberg, produzido por sua sobrinha Mariana Pamplona. Você já o viu? Gostaria muito de saber suas impressões sobre ele.
Nem sabia da existência desse documentário, lamento.
Quanto à Iara, eu tive um contato muito rápido com ela e não deu para formar uma impressão.
Abs.
É um documentário bem recente. Gostei bastante.
Em certo momento reproduzem o vídeo de Yoshinaga Massafumi renegando a luta armada. É de embrulhar o estômago. Seu olhar morto, seu semblante dopado, seu riso nervoso e trêmulo. Imaginei que apareceria seu vídeo também.
E só pra constar: admiro muito a sua luta. Me impressiona sua resistência, depois de tudo que você passou. As angústias da clandestinidade, os traumas da prisão e tortura, a dor de ser visto por tanto tempo como traidor. Periodicamente abro seu blogue e leio as últimas postagens. E sempre fico admirado, pois vejo você do 'lado certo' em todas as questões atuais: o caso dos beagles, a análise dos movimentos de rua recentes (incluindo os conselhos dados), a decepção com Dilma. Tantos por aí se esqueceram de que lutar por justiça é estar do lado dos mais fracos...
No Facebook ultimamente há um movimento de pôr fotos de combatentes mortos e desaparecidos em recordação aos 50 anos do golpe. Eu colocaria inclusive dos vivos, você, Carlos Paz. Pessoas que passaram por sofrimentos inimagináveis pra minha geração, mas nunca perderam a dignidade.
Um forte abraço.
Companheiro,
em 1968 quase todos os jovens brilhantes estavam contra a ditadura, que era realmente execrável. E boa parte acreditava que era marxista, expressava-se no jargão marxistas, mas não tinha uma incompatibilidade, digamos, existencial com o capitalismo.
Então, finda a ditadura, essa gente, de diversas formas, aderiu ao sistema, mesmo os que iludem a si próprios, acreditando, p. ex., que pertencer ao PT é permanecer sendo de esquerda.
Eu, antes mesmo de me tornar marxista, já detestava profundamente o capitalismo. Meus autores de cabeceira eram Sartre, Camus, Kafka, Dostoievski. Mesmo adolescente, não acreditava que valesse a pena levar uma vida em que a prioridade máxima fosse a grana.
Queria algo mais, e acabei encontrando no marxismo revolucionário. E foi por haver me tornado marxista que comecei a lutar contra a ditadura, não o contrário.
Então, nos momentos mais difíceis, o outro lado nunca foi opção aceitável para mim. Sempre fiz questão de recuperar a credibilidade nos meus termos (ou seja, com o reconhecimento de que eu fora terrivelmente injustiçado no episódio do Vale do Ribeira) e não me importei em passar um tempão como lobo solitário até conseguir isto.
Mas, em nenhum momento deixei de ser e de me ver como um homem de esquerda. Não conseguiria viver de outra maneira.
Abs.
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