quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

AS ARMADILHAS DA HISTÓRIA E O PREÇO DA DIGNIDADE

Este artigo eu postei no primeiro minuto do último domingo (5). 

Este aqui o Milton Neves colocou no ar às 10h27 desta 4ª feira (8). 

Não era tão difícil de prever que os cartolas repetiriam a velha malandragem, para salvarem não só o Fluminense, mas também o Vasco.

E o Brasileirão por pontos corridos deu tão errado em 2013 que era bem plausível o restabelecimento dos mata-matas, aproveitando o embalo.

Mas, durante a minha vida adulta inteira, tenho registrado um número expressivo de acertos ao fazer tais projeções, inclusive as menos óbvias.

É coisa de enxadrista. O jogo nos condiciona a pensarmos sempre nos desobramentos possíveis do quadro presente.

Só lamento que, muitas vezes, de nada adiantou eu estar certo sobre o rumo que os acontecimentos tomariam. Quem poderia aproveitar meus prognósticos, ou deles não chegou a tomar conhecimento, ou não me levou a sério. 

Mas, pelo menos numa grande empreitada este dom foi bem aproveitado: durante o Caso Battisti, muitas decisões importantes do grupo de apoiadores se basearam nos cenários que eu delineava. E, felizmente, revelaram-se acertadas.

Se não houvesse passado tanto tempo tolhido por prevenções injustas, eu poderia ter feito muito mais por nossas causas.

Faltou-me jogo de cintura para administrar melhor algumas situações? Com certeza. 

Mas, sendo tão poucos os que aceitam separar-se da matilha e tornar-se lobos solitários quando é este o preço para a preservação da dignidade pessoal e revolucionária, decidi que a mim cabia trilhar o caminho mais pedregoso. Talvez porque jamais conseguiria continuar vivendo se perdesse o respeito por mim mesmo.

O que não me impede de lamentar o tempo perdido. Como eu gostaria de ter a credibilidade atual e o meu pique de 30 anos atrás!

Uma frase que me marcou muito, da peça Gracias, Señor, fulgurante criação coletiva do Grupo Oficina: "Cada geração tem, num curto espaço de tempo e dentro de uma relativa escuridão, de descobrir sua missão, cumpri-la ou traí-la".

O curto espaço de tempo da minha geração foi bem aproveitado, mesmo que os resultados não tenham sido os desejados. Nos dramas históricos, nem sempre o melhor lado prevalece.

Estou esticando meu curto espaço de tempo de tudo que é jeito, para ainda cumprir minha missão. Um pouquinho de sorte viria a calhar...

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