quinta-feira, 18 de outubro de 2012

O TRAPALHÃO HADDAD E O 'DIREITOSO' SERRA

No balanço que fiz da eleição paulistana, um dia depois do primeiro turno, já defini minha posição quanto ao segundo:
  • não apoiarei José Serra nem em eleição para síndico de prédio;
  • só apoiaria Fernando Haddad se ele assumisse um compromisso explícito de tudo fazer, como prefeito, para a desmontagem do estado policial em gestação no estado e na cidade de São Paulo, começando pela exoneração imediata dos 30 subprefeitos (de um total de 31) que são oficiais da reserva da PM;
  • se, como tudo levava a crer, Haddad continuasse fazendo campanha anódina, como  candidato de consumo  e não  candidato ideológico, a única opção coerente para um homem de esquerda seria o voto nulo.
Hoje já é evidente que o PT permanecerá em cima do muro quanto ao que realmente importa, como ficou quando o governador Geraldo Alckmin ordenou a blietzkrieg do Pinheirinho, incluindo descumprimento de ordem judicial e sequestro de idoso ferido por parte da Polícia Militar para que seu estado lastimável, após o espancamento sofrido, ficasse fora do noticiário. 

É compreensível o governo federal não agir contra o governo estadual, mas se o PT tivesse o mínimo respeito pela própria história, convocaria sua militância para protestar da forma mais veemente possível.

Enfim, está certíssimo o PSOL em recomendar o voto nulo.

Causou alguma celeuma o comentário feito no Twitter pelo maior nome do partido, Plínio de Arruda Sampaio, de que "o importante agora é derrotar o Haddad porque ele é incompetente e porque sua vitória fortalece o Lula e a turma do  mensalão".

Mais tarde, completou: votará segundo a orientação partidária, mas considera Serra competente (embora "direitoso") e Haddad incompetente ("É só ver o estrago que foi esse Enem").

Peço licença ao  imprescindível  Plínio para discordar: entre um reformista trapalhão e um  direitoso  competente, o segundo é pior.

Haddad, no poder, agirá exatamente como Lula e Dilma, servindo o banquete para a burguesia e zelando para que algumas migalhas cheguem à mesa do povão.

A dupla sinistra Alckmin/Serra nos ameaça com um novo 1964, pois salta aos olhos que dela partiram vários balões de ensaio totalitários e que, havendo uma oportunidade golpista, vai jogar todo o peso de São Paulo a favor da derrubada do governo do PT.

Vejo o Haddad como alguém que jamais se destacaria no PT de 1979, um  não-cheira-nem-fede  que personifica bem a descaracterização do partido.

E o Serra como um novo Carlos Lacerda, aquele desertor das nossas fileiras que, utilizando o aprendido conosco, causou enorme mal ao Brasil.

O primeiro me causa tédio. O segundo, nojo.

9 comentários:

Anônimo disse...

E a aliança de direita do PSOL (com DEM e PSDB) no Macapá? Se fizeram isso, é porque realmente almejam ganhar a eleição, na base do 'realpolitik', igual o PT faz.
O Plínio, que mais uma vez fala bobagem para deleite da direita, apoiou a coligação lá.
Quer dizer, apoio do DEM e PSDB pode, mas apoiar o PT em São Paulo não?

celsolungaretti disse...

Desconheço o caso do Macapá, mas em Sampa, quem só combate os direitistas ELEITORALMENTE, e não IDEOLOGICAMENTE, nada tem a ver conosco.

Nós os confrontamos todo dia, não apenas a cada dois anos. E eleições são o que menos importa para quem almeja fazer a revolução.

Para o PT, pelo contrário, ultimamente eleições são só o que importa. Quanto mais poder obtém, menos o utiliza de forma consequente.

Ainda assim, os fascistizantes são sempre piores. Mas, compreendo a decepção do Plínio. Os esquerdistas que ingressamos no PT em 1979, quase todos compartilhamos tal decepção.

Anônimo disse...

Triste fim de Lungaretti, de uma certa forma nos braços do Serra, enquanto isso o PT resolveu apoiar o PSOL em Belém, sem exigir em troca o apoio do PSOL a Haddad. Antes de tudo mal agradecidos vcs

paulão

celsolungaretti disse...

Nos braços do Serra?! O companheiro parece ter dificuldade para entender o que lê.

Na verdade, é porque ele reduz tudo ao jogo eleitoral: quem não está com o Haddad, está com o Serra.

Então, passa-lhe despercebido que meu referencial é outro, ou seja, a revolução.

Então, meu raciocínio é: o Haddad (e muito menos o Serra, claro") não fará a revolução avançar, então não me cabe, como revolucionário, estimular falsas esperanças no povo.

Ou seja, continuo considerando eleições apenas oportunidades para acumularmos forças, não um fim em si. O FIM É A REVOLUÇÃO. O FIM É SEMPRE A REVOLUÇÃO!

E, infelizmente, o PT hoje não se dispõe mais a acabar com o capitalismo. Quer apenas minorar seus malefícios, servindo à burguesia no atacado e dando umas esmolinhas para o povão no varejo.

Escrevi meu primeiro texto político mais ambicioso quando acabava de completar 18 anos, analisando uma plataforma antagônica para o movimento secundarista do ponto de vista de que ela era reformista (e a nossa, revolucionária).

Nunca mudei. Para mim, o capitalismo é incompatível com a liberdade, a justiça social e a felicidade dos homens. Quem desiste da revolução se acumplicia com a desumanidade.

Anônimo disse...

Ah, a repetição (Goebbels)! Como vc chegou à conclusão de que o Serra é competente??
Já enviei e-mail para Eliane Catanhede porque ela disse que o Serra (candidato a presidente) era "o mais preparado".
São conceitos repetidos por Veja, Folha etc. que acabam virndo "verdade".
A verdade é que o Serra nunca foi competente ou preparado, assim como nunca foi Engenheiro ou Economista, embora se apresente dessa forma. Lamentável a posição do Plínio. Dessa vez ele pisou na bola feio. Passa como defensor dos sem-terra e apóia um partido que tem como POLÍTICA DE GOVERNO, o higienismo, o estado policialesco. Eu imaginaria o Plínio do lado dos moradores do Pinheirinho, não do lado de seus algozes.
Bobagem das grandes. Para quem viveu o governo tucano paulista do lado de dentro, fica impossível aceitar essas "qualificações" do Serra.
Sou petista? Não, mas critico o PT pela esquerda, nunca iria fazê-lo pelo lado contrário, o inimigo do meu inimigo não é meu amigo por definição.

celsolungaretti disse...

Por mais que tentemos ser racionais, as emoções pesam. A decepção do Plínio com o PT deve ter sido imensa. E ele parece ainda conservar algum carinho pelo Serra de outrora.

Eu procuro deixar os sentimentos de lado e posicionar-me a partir de princípios: sou revolucionário, considero-me aliado natural de todos os agrupamentos que se dispõem a acabar com o capitalismo, encaro os partidos e políticos burgueses como inimigos irreconciliáveis e os reformistas (PT) como aliados em algumas circunstâncias e adversários em outras.

Ou seja, jamais poderei concordar com a política econômica dos governos petistas, mas considero suas políticas sociais um avanço. Não devem ser negadas, mas sim ampliadas e radicalizadas.

No Caso Battisti, foi fundamental a opção que fizemos, de estimular o PT a agir corretamente, ao invés de o criticar e confrontar, como muitos queriam.

Não tínhamos força suficiente para ganhar a parada sozinhos, então o jeito era, pacientemente, engolirmos aqueles sapos todos (como a eternidade que o Lula levou para anunciar sua decisão). Afinal, estava em jogo a liberdade e, provavelmente, a vida de um companheiro.

Anônimo disse...

"Primeiro a falar, Stédile fez uma rápida análise conjuntural das eleições deste ano, à luz da luta de classes no país. Ele criticou de forma veemente os grupos de esquerda que se deixam levar pelo sectarismo e esquecem da importância de disputar as instituições de poder com a direita:

"O sectarismo é como se fosse o pentecostalismo da esquerda: são pequenos grupos que se agarram a defesa de uma leitura doutrinária da teoria e esquecem de fazer as disputas institucionais da luta de classes. Não por coincidência são grupos formados pela pequena burguesia, que não tem problemas objetivos para resolver na luta de classes, então se dão ao luxo de ficar apenas pregando a ideologia”, afirmou.

Jogo da direita

Para o companheiro, essa falta de perspectiva de luta real pelas instituições faz com que esses grupos se acomodem ao discurso do voto nulo ou, ainda pior, passem a torcer por vitórias da direita, quando suas candidaturas não têm chance de vencer:

"É uma vergonha para a esquerda alguém como o Plínio defender o voto no Serra contra o Haddad"

Retirado de:
http://opensadordaaldeia.blogspot.com.br/2012/10/joao-pedro-stedile-do-mst-e-uma.html

celsolungaretti disse...

O Stédile tem suas posições, eu tenho as minhas e o Plínio tem as dele.

Democraticamente publiquei o post, mas peço aos leitores que tragam para cá seus próprios pontos de vista, e não o de terceiros.

O Plínio fez um comentário infeliz no Twitter. O Stédile respondeu em outro palco, para outras pessoas e desvirtuando o que o Plínio disse (ele deixou bem claro que tem preferência PESSOAL pelo Serra mas votará segundo a orientação do partido, que prega o voto nulo).

Eu teria prazer em discutir a questão do voto nulo diretamente com o Stédile, mas não vou retrucar, pelas costas, o que alguém disse que o Stédile disse. Isto é o que fazem os candidatos sem ideologia, quando provocados pela imprensa.

Homens de esquerda devem manter uma postura mais digna, evitando atacar um companheiro que não está presente para se defender.

Anônimo disse...

Como será que o PSOL vai governar Macapá sem apoio da direita se elegeu apenas 2 vereadores entre os 23 da camara. Para o psol, todos os outros são de direita, grande picaretagem, que Macapá os ensine um pouco e parem de ser aéreos

paulão

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