Li no noticiário da Agência Estado que pqp é a nova arma para tentar revitalizar o centro.
Nos tempos da censura brava, pqp foi a sigla celebrizada pelo Pasquim para substituir a tesourável expressão puta que pariu. Uma alternativa eufemística era ponte que partiu...
Pensei com meus botões: o que eles vão fazer, mandarão à pqp todos os responsáveis pela deterioração do centro velho de São Paulo?!
Abri a notícia e percebi que, como sempre, a leitura rápida fizera minhas engrenagens mentais trocarem a sigla por outra à qual estava mais habituado. Na verdade, a enésima tentativa de revitalização (que certamente fracassará, como todas as anteriores...) se dará por meio de uma ppp -parceria público-privada.
Besteirinha similar foi trombeteada no final do mandato da prefeita Marta Suplicy. A agência de relações públicas na qual eu trabalhava recebeu convite para a inauguração de um hotel 5 estrelas próximo à Praça da República que, creio, acabou sendo o único marco a permanecer daquele castelo de cartas de baralho. Sem benefício nenhum para a cidade, só para os donos do dito cujo.
A contragosto, fui representar meu patrão naquele evento. Bons drinques, chatíssimo blablablá e a pitoresca presença da Marta, com o Luis Favre a tiracolo. Um estranho casal: ela aparentemente querendo exibi-lo e ele aparentemente querendo sumir, discreto ao extremo, presente-ausente ao mesmo tempo.
Parcerias deste tipo são tão velhas quanto andar para a frente e quase nunca redundam em algo concreto. Governos com poucos recursos para investir tentam seduzir empresas, com a perspectiva de renunciar a impostos em troca dos empreendimentos que elas bancarem.
Os empresários prometem mundos e fundos, mas só querem mesmo é levar o máximo de vantagem com o mínimo de dispêndio.
Na minha labuta jornalística, não propriamente dura mas cheia de sapos para engolir, passei boa parte do desgoverno de Luiz Antonio Fleury Filho (1991-1995) como o redator da Coordenadoria de Imprensa do Palácio dos Bandeirantes incumbido de finalizar o material de divulgação do Fórum Paulista de Desenvolvimento.
Os empresários prometem mundos e fundos, mas só querem mesmo é levar o máximo de vantagem com o mínimo de dispêndio.
Na minha labuta jornalística, não propriamente dura mas cheia de sapos para engolir, passei boa parte do desgoverno de Luiz Antonio Fleury Filho (1991-1995) como o redator da Coordenadoria de Imprensa do Palácio dos Bandeirantes incumbido de finalizar o material de divulgação do Fórum Paulista de Desenvolvimento.
Havia reuniões solenes para lançamento de novos pacotes de projetos, com a presença de pelo menos um milhar de empresários, discurseira trinfalista rolando solta, uns e outros se dando tapinhas nas costas quando gostariam mesmo é de cravarem-se punhais.
Eu me sentia o próprio La Fontaine, fantasiando sobre todas aquelas quimeras que jamais sairiam do papel.
Quanto trabalho desperdiçado! Meu e dos repórteres que entrevistavam os secretários de várias Pastas e seus auxiliares, alinhavando detalhes daquela lista de desejos. Se a mandássemos para o Papai Noel, o resultado seria praticamente o mesmo.
O que restou de tudo aquilo? O Rodoanel, com certeza, mas não viabilizado pelo tal Fórum. E uma meia-dúzia de moedas que caíram em pé, dentre mais de uma centena de projetos que o vento levou.
O projeto de despoluição do rio Tietê foi, evidentemente, o fracasso mais retumbante.
Fleury prometeu que, uma vez concluído, nadaria nas suas águas, como se fazia um século antes.
No melhor estilo José Serra, deu depois o dito por não dito. Tanto que permanece vivo e saudável, sem nenhuma doença de pele visível.
Quando trafego pela marginal do Tietê, o fedor continua insuportável.
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