sábado, 21 de janeiro de 2012

LUNGARZO: FAZ TEMPO QUE A DIREITA QUER AMORDAÇAR A INTERNET

O bom Carlos Lungarzo, companheiro de tantas lutas, ingressou com munição de peso no debate sobre  liberdade x repressão na internet. Seu artigo Hackers e resistentes é imperdível e pode ser lido na íntegra aqui.

Mantendo o estilo deste blogue, de apresentar sempre textos mais curtos e essencializados, apresento uma compilação dos trechos principais:

"As corporações americanas estão tratando de afogar a liberdade que oferece a Internet, secundados por seus mais vermiformes subservientes da América Latina, como os propugnadores de uma lei brasileira chamada por seus inimigos de  AI-5 cibernética, em lembrança do Ato Institucional número 5 da ditadura militar, que cortou absolutamente todas as liberdades.

Mas os resistentes a esta opressão contra a liberdade de informação não podem ser assassinados massivamente como iraquianos e afegãos, pois não estão num único espaço físico e não são diferenciáveis pela cor de pele, nem pelo sotaque, nem pelas vestes.

Os revolucionários da Internet estão em todas as partes, (...) eles ocupam espaços em diferentes países, podendo formar uma rede de solidariedade como jamais teria sido sonhada há 30 anos.

Faz tempo que setores de direita das Américas e da Europa querem amordaçar a Internet.

Para o capitalismo, tão importante como o benefício econômico é o poder de controlar opiniões, de censurar, de cercear a propagação das idéias libertárias, de continuar impondo superstições, crendices, slogans, evitando que a população se eduque.

Importante também para o fascismo neoliberal é a formação de um catálogo de possíveis inimigos, de pessoas que denunciam abusos, que propõem uma sociedade mais humana, que defendem perseguidos, etc. O pretexto de cuidar os direitos de autor e de evitar os roubos informáticos de bancos (sic!) foi usado pela máfia Brasileira da  AI-5 cibernética  para justificar a identificação de todos aqueles que entrem na Internet. Isto seria o maior elenco de possíveis vítimas que nem a Inquisição, nem o nazismo, nem o macartismo, se tivessem podido trabalhar juntos, jamais poderiam ter obtido.

As campanhas pela Internet (...) têm-se mostrado poderosos aliados das causas nobres. A defesa dos direitos humanos, da ecologia, dos direitos dos animais, do pacifismo, do antirracismo, do antifascismo, do combate contra o estado policial/militar, etc., são hoje objetivos mais visíveis do que eram 10 anos antes.

Nenhum é tão importante como Wikileaks, mas há outros grupos de defensores da liberdade na Internet que trabalham ativamente. Não só é necessária a existência de grupos que podem difundir abundante informação confidencial, mas também grupos de ação que preparam os contra-ataques contra governos e empresas que tentam matar essa liberdade.

Como os grupos de direitos humanos (os autênticos), as organizações Verdes, os Partidos Piratas (iniciados na Suécia), as ONGs pelas liberdades sexuais, pela defensa das crianças e das mulheres, os grupos antirracistas e outros, estes resistentes da Internet fazem parte de uma esquerda humanista muito diferente dos velhos partidos.

... considerações otimistas não impedem de pensar que as elites podem acabar ou cercear a liberdade na Internet. Eles não têm a racionalidade, mas têm abundante força bruta.

Mas o preço para fazer isto deveria ser muito alto. Se fosse instalado um sistema de censura rígida como em ditaduras truculentas, tipo China ou Irã, com certeza mesmo os setores de centro-direita se oporiam.

Portanto, os que tenham condições ou vocação pela informática e estejam dispostos a ajudar a construir um mundo melhor, o melhor que podem fazer é juntar-se aos hackers da resistência, porque, ao combater com os métodos de controle e repressão das empresas de comunicações e seus governos títeres, farão possível a difusão de comunicação e, portanto, da consciência.

Em alguns anos, o mundo terá vários milhões de hackers, e cada vez o sistema terá mais dificuldade em combatê-los. É uma alternativa duríssima, mas vale o risco: o mundo oscila entre voltar à repressão feroz do nazismo, mas agora muito mais letal, e a possibilidade de tornar-se uma grande comunidade humanitária".

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