A desconhecida modelo gaúcha Xuxa Meneghel acreditou ter tirado a sorte grande em 1982, quando foi convidada pelo consagrado cineasta Walter Hugo Khouri para interpretar um papel secundário, mas marcante, no filme Amor, Estranho Amor.
O produtor do filme me contou que, aos 19 anos, ela era bem desinibida, não se vexando em ser vista nua. Aliás, em dezembro daquele ano ela foi capa da revista Playboy.
Sua carreira tomou outro rumo em 1983, quando começou a atuar no Clube da Criança, da TV Manchete.
Então, a sequência de Amor, Estranho Amor em que ela seduzia um garoto se tornou inconveniente para a imagem de uma apresentadora de programas infantis. E Xuxa foi à Justiça para interditar o filme.
O alívio foi momentâneo: os piratas ririam por último.
O alívio foi momentâneo: os piratas ririam por último.
Esta história foi pitoresca para muitos -- mas, não para mim, pois, em linhas gerais, repetiu outro caso que acompanhei ainda mais de perto.
Quando tinha 15 anos, eu estava fascinado pela comediante Jacqueline Myrna, que aparecia na TV se passando por uma francesinha. Graciosa e sensual, ela costumava pronunciar com sotaque carregado o nome de uma cidade do interior paulista, fazendo com que soasse como "Arrarraquarra"...
Tornou-se objeto do desejo da maioria dos homens. E aí surgiu a notícia de que, antes da fama televisiva, ela havia aparecido nua no filme Superbeldades (1962) -- o qual conseguira retirar da circulação, mas estava finalmente sendo liberado.
Corrida às bilheterias.
Depois de passar em cinema(s) mais nobre(s), a fita caiu nos pulgueiros da chamada Boca do Lixo, no centro de São Paulo. Eram cinco, concentrados nas ruas Aurora e Conselheiro Nébias: Apolo, Líder, Áurea, Cometa e Los Angeles.
O Superbeldades (proibido até 18 anos) pulava de um para outro. E eu ia atrás, tentando enganar os porteiros com minha altura de 1m80 e uma carteirinha escolar falsificada.
A insistência resultou: acabei vendo o filme... e me frustrando.
Tratava-se de uma constrangedora coleção de strip-teases malfeitos e mal fotografados, sempre no mesmo ambiente, com moças que pareciam ter sido laçadas logo ao chegarem de grotões longínquos, vindo tentar a sorte na Capital.
Visivelmente enfadada, Jacqueline se despiu da forma mais mecânica possível.
Pior: era vulgar naquele tempo, não charmosa como eu estava acostumado a vê-la na TV. E com maquilagem carregada, ainda por cima.
Nem mesmo sua nudez era atraente, pois havia, com certeza, malhado muito depois daquilo. Sem ser propriamente gorda, quase não tinha cintura; estava mais para violoncelo do que para violão...
Foi a primeira vez em que notei o quanto uma mulher podia ser lapidada.
Já a desilusão ao obter algo desejado por muito tempo, esta lição já tivera na infância, com o belo e caro cinturão de cowboy, cujos dois revólveres logo quebraram, fazendo-me sentir culpado pelo gasto imposto ao meu pobre pai...
Um comentário:
E que revelação?
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