sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

DIPLOMATA BRASILEIRO AJUDOU EUA A ARRANCAREM SEAN GOLDMAN DOS AVÓS

Quando um arrogante senador estadunidense chantageou o Brasil -- ao anunciar que embargaria a prorrogação de uma isenção tarifária para importações de produtos brasileiros, prestes a expirar, acarretando um prejuízo de 3 bilhões de dólares para nosso país, caso Sean Goldman não fosse entregue ao pai David --, firmei posição: quaisquer que fossem as razões jurídicas nesse episódio, não poderíamos jamais ceder sob pressão, dançando enquanto o cowboy dava tiros no chão.

Um ministro do Supremo Tribunal Federal cônscio da dignidade nacional determinou que o jovem Sean fosse, ao menos, ouvido pelo plenário do STF, antes que o enviassem à força para onde não queria ir.

O então presidente da mais alta corte do País, Gilmar Mendes, aproveitou o fato de estar de plantão no período natalino para prostrar-se ao ultimato dos EUA. Botaram Sean num contêiner e o despacharam a toque de caixa, bem a tempo de cumprir o prazo imposto pelo senador.

A família brasileira de Sean não está tendo sequer o direito de o visitar. Precisou pleitear isso à Justiça estadunidense, que ainda não deu sua decisão.

Também questiona na Justiça daqui o fato de um ministro do Supremo ter revogado abusivamente a decisão de outro. Ora, depois da imensidão de arbitrariedades que a dupla Gilmar Mendes/Cezar Peluso cometeu no Caso Battisti, isso foi café pequeno.

Agora, a documentação diplomática exposta pelo Wikileaks revela que o então conselheiro da embaixada brasileira em Washington, Alexandre Ghisleni, aconselhava os gringos sobre a melhor maneira de arrancar Sean de seus avós.

Então, recomendou que os congressistas de lá não fizessem discursos inflamados, que pudessem despertar os brios brasileiros -- tão escassos ultimamente. [Na verdade, só mesmo as inqualificáveis reações italianas ao refúgio de Cesare Battisti -- "O Brasil é mais conhecido por suas dançarinas do que por seus juristas", etc. -- produziram tal efeito.]

Enfim, o papel desse tal Grisleni no episódio foi tal que merece ser agora designado para prestar seus relevantes serviços na faixa de Gaza, p. ex.

Mas, como fofoqueiros e informantes dos EUA aqui são até mantidos no Ministério, é provável que nada lhe aconteça.

7 comentários:

Anônimo disse...

Estranho. O seu blog diz "que defende (...) os direitos humanos" - um pai criar seu próprio filho não é um direito humano?

celsolungaretti disse...

Tanto quanto o do garoto Sean decidir em que país e com qual família preferia viver.

Não vejo um menino com a idade dele, nos dias de hoje, como um incapaz a ser desconsiderado e tutelado.

Nem o ministro Marco Aurélio Mello, aliás. Ele queria dar a palavra ao Sean.

Mas, por 3 bilhões de motivos, o Gilmar Mendes a cassou.

De qualquer maneira, num caso desses, para um brasileiro com vergonha na cara, TODO O MAIS DEVERIA FICAR EM SEGUNDO PLANO: O QUE IMPORTAVA ERA NÃO TOMAR UMA DECISÃO A TOQUE DE CAIXA, VERGANDO-SE A UM ULTIMATO ESTRANGEIRO.

Os direitos humanos de todas as partes deveriam ser considerados, aprofundados e analisados à exaustão, para não se cometer uma injustiça. ISTO ERA IMPOSSÍVEL DE SE FAZER NOS POUCOS DIAS QUE O SENADOR, COM O CHICOTE NA MÃO, NOS CONCEDIA.

A partir da "jurisprudência" introduzida pelo Gilmar Mendes, fica estabelecido que, cada vez que algum gringo dispuser de US$ 3 bilhões ou estiver em condições de nos causar um prejuízo de US$ 3 bilhões, poderá vir aqui, escolher e levar imediatamente o brasileiro que quiser, com as bençãos do STF.

Marcelo Rodrigues disse...

O citado diplomata deveria sofrer um processo administrativo disciplinar e ser demitido a bem do serviço público. Infelizmente não há o mesmo procedimento para ministros do supremo, portanto devemos esperar que o diabo se encarregue.

Anônimo disse...

Informe-se melhor. Sean JÁ FOI OUVIDO por três psicólogas imparciais (contratadas pela Justiça) e nessa entrevista falou que TANTO FAZIA morar nos EUA e no Brasil. Foi também constatado profundo dano psicológico causado pela família materna.

Seu anti-americanismo está prejudicando seu entendimento. Se o pai fosse brasileiro e a mãe fugisse para os EUA, seríamos a favor de trazer a criança de volta pro Brasil, sem problemas.

celsolungaretti disse...

Torno a repetir que isto é secundário diante da coação a que o Brasil se deixou submeter. NADA, ABSOLUTAMENTE NADA, JUSTIFICA TAL INDIGNIDADE, COMETIDA EM NOSSO NOME. Só repúblicas das bananas se vergam a tais ultimatos.

Meu velho pai sempre dizia: quanto mais alguém se abaixa, mais mostra o rabo. À sua maneira um tanto grosseira, estava certíssimo.

E, tendo acompanhado pessoalmente as atuações de Marco Aurélio Mello e Gilmar Mendes no julgamento do Caso Battisti, afirmo, sem medo de errar, que quando ambos divergem, é sempre o primeiro que está certo.

Anônimo disse...

Não vai aprovar meu comentário anterior, não?

celsolungaretti disse...

Meu caro,

considero que este espaço serve para aprofundamento do artigo, no sentido de oferecer mais subsídios aos leitores.

Então, quando algum comentarista já disse tudo que tinha para dizer e começa a se repetir apenas porque quer dar a última palavra, é o momento em que, para mim, a discussão acabou, tornou-se apenas uma disputa de egos.

Percebo claramente que você tem algum motivo pessoal para tomar, de forma tão exacerbada, o partido de um estrangeiro contra brasileiros.

Mas, mesmo que você estivesse certo, ainda assim a dignidade nacional não pode ser afrontada para se corrigir uma injustiça.

Caso contrário, você estará admitindo que os outros governos possam nos chantagear e -- por que não? -- intervir militarmente sempre que tomarmos uma decisão lesiva a um cidadão estrangeiro.

Fico pasmo quando encontro alguém com tão pouco apreço por este país sempre humilhado e por este nosso povo sofrido, que os anglo-saxões desprezam com tanta arrogância, considerando-o pouco mais do que subumano.

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